Foram dias difíceis e intermináveis que constituíram quase quatro meses longe do meu homem. Aprendi a gostar dele, mas não a esquecê-lo. Não quero esquecer, não vou arrancar Braz de mim. Ele sofre e meu coração sente isso, porque também estou sofrendo, apaixonado, amando e com raiva.
Eu queria quebrar a cara de quem fez isso tudo comigo.
Na academia aproveito o boxe parra esmurrar o saco de areia como se fosse a cara de Valentin, Carlinho, meu pai, Braz, Camilo Júnior, o bombeiro, o filho da puta que anda me seguindo para tirar fotos, a moça que contou ao meu pai que seu único filho macho virou uma bicha. Bicha, eu soco com muito mais raiva o saco de pancada, sou bicha, foda-se. Não tenho medo de ser chamado assim, (soco) nem viado, (soco) gay, (soco) puto. Porque isso é tão relevante? Nunca foi, mas dei importância demais.
Estou banhado de suor e leve como uma pena, agora é só tomar um banho e implorar para que o cansaço me derrube. Não tenho coragem de entrar no elevador no estado que estou e subo cinco andares de escada correndo quase derrubando um vizinho que descia distraído e tem que se agarrar em mim para não cair.
- Nossa, me desculpe. – Fico envergonhado.
- Desculpa, eu. – Ele parece ainda mais encabulado que eu quando me solta e comenta para não sair sem assunto. . – Escada é bom para exercitar as pernas...
- É muito bom na verdade, não tinha visto você por aqui ainda. – Eu comento e estendo a mão. – Prazer, sou Túlio.
- Prazer é meu Túlio, meu nome é Eliseu eu sou professor, trabalho sessenta horas por semana, aí fica difícil de me ver. – Nos despedimos e termino de subir correndo os degraus.
Decidi que hoje dia 26 de março vou encostar o Braz na parede. Farei isso por nós dois e como já decidi, começaremos do zero se for preciso. A menos que ele não me queira mais.
Mais tarde na recepção da diretoria do supermercado, passam uns dez minutos das dezoito horas e sua secretária Jessica me informa que Braz está viajando atendendo a única filial que é fora do estado e voltará no início da próxima semana.
- Ele anda um fel. O Crésio teve que expulsar ele daqui. – Comenta Jessica dando uma risada. – Semana que vem tomara que volte mais calmo, senão vou pedir demissão e um emprego na contabilidade. Eu sou formada em Administração, já deu de atender telefone e aguentar o chefe que anda soltando os cachorros em todo mundo ultimamente.
- Quem sabe no futuro.
- Será que posso perguntar uma coisa?
Penso em negociar com ela e respondo:
- Com certeza.
- Você e o seu Braz, não estão mais, né... – Ela fica constrangida
- Nem sei Jessica, por isso preciso conversar com ele. Mas agora é sua vez, aquele vendedor magrinho do chocolate está sempre aqui, não é?
- O Carlinho, tadinho. O seu Braz gritou com ele não faz um mês e ele saiu chorando.
- O que será que deu? – Não estou com tanta pena dele.
-Não ouvi a conversa, só que eles discutiram e a recepção estava cheia naquele dia. Tadinho do Carlinho, ele é tão queridinho, sabe, eu morro de dó dele. Um dia me contou que quando pequeno o pai adotivo mexia nele... – Jessica interrompe-se. – Mas então Túlio, o senhor quer que eu agende ou avise ele?
- Não precisa, mas obrigado mesmo assim. Eu passo por aí outro dia, vou ligar antes, não quero sair chorando também.
Vou embora pensando o quanto perigoso pode ser uma secretária muitas vezes. Elas sabem muito de nós e acabam confiando nas pessoas que lhes tratam bem. Não estou de forma alguma generalizando. Mas se Jessica abriu o bico, porque Kelly não pode estar fazendo o mesmo.
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Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
RomanceFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...