Eu e Braz fizemos sexo poucas vezes depois que voltamos, com a diferença que ele antes conduzia, agora está constantemente cansado e isso é um pouco preocupante, pois ele sempre foi o vigor e o fôlego da relação. Também andou meio truculento algumas vezes e como não sei ouvir sem devolver na lata, tivemos boas discussões.
Ele mesmo chegou a falhar em encontros que já tínhamos programados e veio novamente a desconfiança da minha parte. Valentin, Carlinho e quem mais poderia desfilar pelado na frente dele? Será que tinha fundamento essa desconfiança?
Quando apresentei Braz ao meu vizinho Eliseu, não houve gentileza, nem simpatia, apenas uma educação forçada da parte de ambos. Logo descobri que meu homem é um cara muito ciumento, o que foi realmente uma baita novidade. E claro, fiquei todo bobo.
Houve uma madrugada em que ele saiu da cama e foi para a sala, de certo me julgando adormecido. Eu estranho, mas prefiro esperar e dar esse espaço para ele ficar sozinho. Quando volta, vai ao banheiro e depois deita-se me abraçando apertado.
Eu quis deixa-lo em paz no início, mas quem me conhece sabe que sou pavio curto, ia explodir com ele e seria hoje na quarta-feira, dia de namorar. Isso se ele vir, porque de novo se atrasa e muito dessa vez, realmente incomum.
Ele chega sério e não me beija apenas me abraça apertado.
- Me ajuda, Túlio. Vou ficar louco. – Ele demonstra na voz embargada e no apertar-me contra seu corpo, que ele sofre, que sua dor ainda é forte e que em minha companhia busca uma forma de amenizar isso. - Sou um fraco Túlio, fazem seis anos, cara. Eu achei que conseguiria falar sem doer tanto, porra, quatro meses, eu não conseguia pensar num único dia em contar para você, sem chorar, sem sentir culpa, meu filhinho era inocente, seja lá o que aconteceu, porque um menino de cinco anos teve que ir embora? Me diz?
- Braz... – Abraço com muito mais força um cara de trinta e cinco anos que chora como meu filho de três. – Não está fazendo isso certo, acha que vai resolver algo me afastando outra vez?
Ele não responde fica ali chorando.
- Eu estou tentando te ajudar.
- Porra eu chego aqui, você só pensa em transar, transar e transar e se eu falo que não estou com cabeça você fica me acusando, todo desconfiado. Nem sei por quanto tempo vamos ficar juntos nessa vida, mas ouve isso e não se esqueça: eu nunca traí você.
- Eu acredito. Me perdoa, Braz. Mas você está tendo um monte de atitudes estranhas e não fala comigo, o que quer que eu pense?
- Tenho chorado, tenho saudade dele, entende. – Braz grita comigo, seu rosto está todo molhado.
Passo a mão pelo meu rosto, cansado também.
- Me conta tudo. Sei lá, não sou psicólogo, mas quem sabe te alivia ou eu possa dizer uma só palavra e te ajudar. Só sei que guardar isso está te sufocando.
- Eu já disse tudo e que tinham coisas do passado que deviam ficar enterradas.
- Desenterra e repete com mais detalhes. Não faça isso por mim, faça por você.
- Porra... certo, senta aqui. – Braz senta no sofá e bate no lugar ao seu lado para eu sentar, então deita sua cabeça no meu colo. – Vamos pular a infância e adolescência que já contei e você só fica dando risada. Foi depois dos vinte que só aconteceu merda. Com vinte eu saí com o primeiro cara, mas a vontade já vinha lá da adolescência, lembra, já contei. Tinha uma namorada aqui outra ali, não era santo, você teve essa idade. Imagina que confusão era minha cabeça, pegar ou dar para um cara era só tesão puro, não pensava que tinha necessidade de ir além do sexo. Só que vez ou outra me apaixonava e ficava pensando em como sair daquilo antes de ser descoberto ou como exigir alguma fidelidade. Não era capaz de me assumir como poderia assumir alguém.
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Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
RomanceFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...