Na segunda bem cedo após minha corrida, tomo banho e vou para o trabalho completamente calmo, leve de verdade. Mas são minutos que voam, pois seu Camilo chega antes da nove horas e me chama a sua sala, desta vez expulsando Júnior. Estou certo de que minha hora decisiva chegou.
- Bom dia. – Cumprimento e não recebo resposta.
- Senta, por favor. Estou decepcionado com você, mas vou te dar uma chance única de se explicar. Fale.
Tenho míseros segundos.
- Estou tendo um relacionamento com Braz e posso ser seu funcionário como sempre fui, ou posso continuar com Braz e colaborar com outra empresa. Não me peça para optar. Se há alguma referência a Valentin, só tenho como argumento que ele contribui com um salário mínimo de honorários que nem estão em dia, enquanto eu lhe trouxe pelo menos oitenta clientes de variados portes. Avalie, por favor. Preciso de meu emprego, mas não vou me humilhar para ficar com ele.
Vejo o rosto de meu patrão mudar de expressão e olhar para a mesa sem graça.
- É... Acho que ele está meio desesperado, não acha Túlio? – De repente penso que deixei o Camilo pai sem assunto. – Bom é isso, só queria esclarecer isso, qualquer coisa que precisar pode me ligar, tranquilo mesmo. Boa semana. Ah olha só, está ficando careca, ahahaha.
Seguro o riso na frente do meu velho mentor e este completa.
- Se não paga os honorários, o mande pastar.
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Pareço entrar numa fase onde estou blindado, acho até estranho ter encontrado finalmente equilíbrio e tranquilidade, que me fazem administrar o escritório e minha vida por alguns meses. Precisamente estou em novembro, faltam dois dias para o meu aniversário que coincide com um feriado e Iraci me liga com um tom de voz que me preocupa.
- Querido, seu Pedrinho ligou e pediu para ver as crianças, estranhei muito, porque seu pai nunca falou direito comigo e eu nem sabia que ele estava na cidade.
- Está? Nem eu sabia. Estranho mesmo é ele não ter pedido para se hospedar aqui.
Ah estava tudo bom demais, agora é vez do meu pai com quem tenho uma relação arisca, entrar na história. Descendo de alemães por parte de pai e já tive todo tipo de conflito com ele por demonstrar liberdade de pensar quando mais jovem. Ele era extremamente austero comigo que fui seu filho único com minha mãe, assim acabei sendo o receptáculo de suas frustrações e opiniões severamente formadas. Minha mãe teve um AVC e faleceu aos trinta e oito anos quando eu tinha apenas quinze, foi onde rompemos de vez. Não éramos amigos, apenas o pai e o filho com o vinculo inegável de sangue, nada mais.
Ele não foi ao meu casamento, por um motivo que não aceito proferir, pois me parecia uma heresia. Então vieram as crianças que lhe amoleceram um pouco o coração e a vinda de meus irmãos mais novos também me levou a buscar mais contato.
Depois do meu divórcio, foi Braz que me chamou a atenção sobre resgatar o contato com a família e tive a primeira conversa onde consegui dizer ao meu pai.
- Te amo seu Pedrinho. Obrigado pelo que o senhor já fez por mim.
Mas agora acho muito estranho ele não me ligar. Será que ele veio ao litoral para me visitar e Ira estragou a surpresa.
Um dia antes do feriado de 15 de novembro, quando completo trinta e dois anos, recebo uma festa surpresa no escritório com direito a presente até de clientes, alguns mais chegados. Inclusive uma cesta de... Chocolates.
Depois dos parabéns e velas apagadas, abraços, apertos de mão e beijos onde sinto pelo menos duas colaboradoras a tirarem uma casquinha comigo, comento:
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Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
RomanceFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...