- É sim, o gatão grisalho da concorrência. Não empatei você e o Braz e não vou aceitar seus pitacos. João é separado e não casado, tem sua vida bem estabilizada financeiramente e a menina dele é muito educada. – Ela respira fundo. – Túlio, eu demorei a escolher alguém que me agradasse e fosse bom para nossos filhos. Se quiser jantar aqui se comporta.
- Não, deixa pra lá então. – Respondo emburrado. - Eu tenho que resolver de uma vez aquilo com Braz, antes que eu perca meus cabelos.
Ela dá risada olhando minha cabeça raspada para disfarçar a calvície. Depois que abraço ela e dou um beijo nos pequenos, dirijo-me para casa. Antes de abrir o portão eletrônico faço meia volta, paro no posto para abastecer e enquanto pago no caixa, ligo para o Braz.
- Braz, já voltou de viagem? – Pergunto cheio de empolgação e ele diz um diz um sim tão desanimado - Tem programa para daqui a pouco?
- Mais ou menos. – Ele responde tão sem vontade que quase desligo em sua cara. – Cara, não achou outro macho ainda?
- Seu grosso, não te liguei para oferecer minha bunda para você. – Me altero no lugar errado, há pessoas por ali que se voltam e ficam prestando a atenção.
- Te fode, seu malcriado, falta de pau como sempre.
- Porra eu estou ligando, preocupado com você e sou tratado desse jeito.
- Precisa de pau, decididamente. – Ele parece rir do outro lado. Vou matar esse babaca. Eu sofrendo e ele fica rindo da minha cara.
- Preciso de pau, mas de um homem de verdade. Você é um filho da puta.
Desligo na cara dele, três a zero. Chamei de frouxo, xinguei sua mãe e desliguei antes de ele me responder. Fico ali dando risada sozinho enquanto meu celular não para de tocar. Que saudade dessas brigas. Me sinto revigorado.
Que papelão! Baixo a cabeça de tanta vergonha das pessoas ali naquela conveniência que ouviram todas minhas palavras em alto e bom som.
Desisto de ir ao encontro dele. Ele foi estúpido comigo enquanto eu queria apenas oferecer meu ombro para ele desabafar, meu carinho e meu amor e meu corpo, não nego. Não quero ficar sozinho em casa, solidão é perigosa quando se está nervoso. Queria tanto seu abraço quente e vou continuar a querer. Meu celular não para de chamar, até que canso de ignorar e atendo:
- Fala Braz.
- Acho bom você fazer um seguro desse rabo, porque estou com tanta raiva que vou te esfolar.
- Nossa, que medo. Nesse corpo aqui você não toca mais.
- Aposta quanto?
Mordo o lábio para não rir de felicidade, percebo em sua voz o quanto ele está excitado, detalhe que meu homem não consegue esconder de mim.
- Jessica me disse que você esteve por aqui, é algo sobre a empresa?
- Se fosse sobre a empresa ligaria da contabilidade, não ia depois do expediente. Braz...
- Hum... – Ele responde assim e receio uma rejeição, afinal quatro meses não são quatro dias, dependendo do casal as coisas esfriam.
- Vem ficar comigo. – Peço com dengo.
- Túlio, fica complicado.
- Porque você que complicou dessa vez, eu vou te esperar, te passo meu novo endereço e se não chegar aqui em quinze minutos...
- O que acontece?
A voz rouca dele me arrepia por inteiro.
- Tenho um vizinho aqui no prédio, se ver ele vai ficar com ciúmes.
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Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
RomanceFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...