Por Braz...
Três anos de relacionamento....
Quanta coisa acontece e quanta coisa descobrimos sobre a pessoa com quem convivemos. É tempo demais e tempo de menos, depende de quem olha de fora e de quem está dentro da relação.
São infinitas lembranças desde que o contador Túlio chegou no meu escritório há três anos atrás, considerando-se heterossexual até então. Ele descobriu junto com fato de gostar de um homem que nada mudou em si ao assumir essa nova orientação em sua vida. Talvez as pessoas o olhem de forma diferente de como olhavam antes. Também a distância entre ele e seu pai aumentou muito quando este veio lhe visitar e tiveram aquela conversa onde Túlio confessou que namora outro cara.
Assim como amadureci, Túlio amadureceu e crescemos depois de tantas brigas, separações e voltas, experiências que fazem parte do nosso passado agora.
Por volta de um ano e meio atrás passamos por aquele pedaço complicado que superamos no dia a dia com novas situações que vão se desenrolando em nossa vida. Consigo até mesmo lembrar-me de Miguel, meu filho, sem chorar e isso permite que ele descanse em paz para mim.
Voltamos assim às nossas vidas rotineiras e cheias de surpresas só por si mesmas. Para eu está perfeita. Em termos...
— Pronto. — Atendo Túlio ao celular que pelo jeito já está azedo.
— Porra Braz... Não me acordou porquê? Sabe que horas cheguei no escritório? Tem coisas que você faz só para sacanear mesmo, vai fala.
Túlio passou o domingo no meu apartamento e dormiu lá. E eu por ter comércio varejista que abre de domingo a domingo, fico meio perdido as vezes e esqueci de chama-lo em plena segunda-feira.
— Acontece, Túlio. Você tem crédito com o velho Camilo.
— Te fode. Eu tinha uma cliente nova que marcou reunião, te falei desde sexta-feira. Ela me ligou e adiou para quando voltar de São Paulo, são duas semanas e isso é tempo suficiente para ela se reunir com outro contador mais interessado. Saco. — Ele desliga na minha cara.
Perfeição? Acho que falei cedo demais.
Três anos, dependendo de como é a relação, as coisas dão uma amornada e isso se deve bastante ao sossego que encontramos quando achamos o equilíbrio. Ou seja, sexo é uma das coisas que fazem parte da relação e basicamente cai para segundo plano então crescem os outros sentimentos: amor, paciência e paz. Tudo isso nos permite que possamos discutir sem sair um para cada lado como antes acontecia. Também nem todas as vezes que nos vemos trepamos feito loucos como no início, mas percebo perfeitamente quando uma transada acalma o Túlio e a mim é claro. Foi isso que faltou a nós ontem, passamos o domingo vendo umas merdas na TV e comendo.
Será que "encaretamos" cedo?
Meu celular toca e atendo já me segurando para não estressar.
— Fala Túlio.
— Cara, onde está minha carteira? Esqueci no seu apartamento...
— Como vou saber? Pegou o carro sem documentos? Cara chato, vai lá em casa e busca. Não acredito que ligou para encher meu saco.
— Como vou buscar se estou sem documentos, não posso dirigir assim.
— Meu senhor. — Desligo na cara e saio virado no bicho. — Parece que quanto mais velho, mais chato.
— Oi, seu Braz. — Jessica me vê saindo e bufando.
— Que foi?
Ela não responde. Será que é porque respondi num tom meio grosseiro? É o que parece.
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Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
Roman d'amourFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...