4° Trimestre Agitado - Parte 01

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Eu e Braz chegamos no ponto de discutirmos e até ficarmos um ou dois dias a pensar separados, mas sabendo que o lugar de um é nos braços do outro, fica por conta daquele que cede primeiro, acabar com o clima tenso. Não sou eu o causador exclusivo, nem Braz é quem cede primeiro. Há equilíbrio e com o dia a dia, cada vez menos motivos de discórdia entre nós.

Depois da última crise, que durou dois dias inteiros de saudade e reflexões da minha parte, ficamos ainda mais cúmplices a ponto de pensarmos as mesmas coisas com relação as investigações e pistas que a polícia permite aos jornalistas divulgarem.

- Túlio, essa Rosa, a mulher que enganou bonito o velho Camilo com a conversa de que era traída pelo Valentin, sofria, apanhava, o que nem deveria ser verdade. Mentiu que meu pai lhe fez desfeita, nisso eu não acredito e com essas histórias de sequestros...

- Porque você acha que ela comentava com o Carlinho?

- Não sei Túlio... Estamos supondo esse monte de "bosta". Talvez seria para concentrar nela a investigação. Não saberemos nunca o motivo dessas loucuras dela, mas parece que armou tudo, essa novela toda para proteger o Valentin. Eu acho que talvez sentia por ele algo obsessivo...Só que, de uns tempos para cá, com o fato de ele ter dado um chute nela e ido para o Canadá, ela percebeu que não valia a pena se foder sozinha e abriu o bico, entregou ele e ele entregou outras pessoas, que agora estão putos, pelo que se ouve em boatos e notícias.

- Ela não foi esperta em falar coisas para o Carlinho.

- Ele viveu sob o "reich" do terror, apanhando e ouvindo merda, se a gente se colocar no lugar dele, qual seria a melhor opção?

Fico mudo e sem resposta.

- Silêncio? - Pergunto. 

- Sei lá... Mas meio que entendi que mandaram matar a Elvira e meu Miguel como represália ao médico. Estamos só supondo isso tudo... Acho que estávamos perto demais da merda e respingou em nós sem querer, ninguém passa pela vida ileso... O você acha, Túlio?

- Não sei e tenho raiva de quem sabe. Estou cansado e com o rabo esfolado. – Falo terminando de me secar. - Só sei de uma coisa... estou louco para jogar minha carcaça na cama.

- Acho que não é conosco o "enrosco" agora. Mas é bom dormir de touca.

- Braz, já estava me esquecendo. Eu fiz a reserva do chalé que você cancelou.

Ele arregala os olhos.

- Quando?

- Peguei o feriadão do dia do homem 01 de novembro e o dia de finados. Já estou deixando bem organizado no escritório, se organiza também.

- Estava demorando, seu fresco chato.

Braz fica feliz e beija minha cabeça me apertando com tanta força que quase machuca. Depois caímos juntos na sonolência, muito bocejos, muitos eu te amo e muitos boa noite, pois logo pela manhã, cada qual volta a sua rotina.

Na manhã seguinte entramos no elevador e Eliseu me cumprimenta como se Braz não estivesse comigo. Braz também não faz questão de ser notado, desce comigo e me acompanha até o carro emburrado.

- Ei Braz, não é sério isso? Você tem ciúme desse cara?

- Claro que não. Só acho ele um idiota. Qual a dele?

- Braz... – Antes de entrar no carro chego perto e lhe dou um selinho na garagem onde corremos o risco de vizinhos nos verem. – Te amo.

- Eu também.

Ele abre um sorrisão e entra no seu carro.

Na contabilidade...

- Bom dia, Maria Rita. Algum recado?

Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINALOnde histórias criam vida. Descubra agora