Longe de Um Resultado (Não Contábil) - Parte 02

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- Eu sei, eu sei. – Ele se altera, já que eu mesmo não consigo baixar a bola.

- Kelly veio me contar que tirou as fotos que o meu pai recebeu e que a Rosa deu dinheiro a ela. E o Edi, seu marido me atropelou ontem no estacionamento do supermercado do Braz. E antes que me perturbe com censuras, me dê uma advertência ou uma suspensão.

- Não vou aceitar sua demissão, Túlio. Você tem a idade da Patrícia e eu te considero como um filho de verdade. Mas essa comoção que ocorre na sua vida só veio a acontecer depois que inventou esse caso absurdo com um homem.

- Absurdo é um cara casado como o senhor era, saindo com uma pessoa como a Rosa. É culpa daquela vagabunda que estou desse jeito. – Grito revoltado.

- Tem prova do que está dizendo? Acha que uma mulher quebrada vai financiar uma coitada para seduzir um homem que nem gosta de mulher. Rosa e eu tivemos o sexo que eu não tinha em casa e busquei fora do casamento. Pelo menos tive a decência de pedir para me separar. E a Iraci? A mulher mais bacana e gostosa do mundo? Você veio me contar que não dava conta dela na cama e discursou que merecia ser traído. Tem certeza que ela nunca pulou a cerca? Eu tive crise no casamento, mas não quis continuar casado para manter aparências.

- Não se compara.

- Ah, não se compara... – Ele debocha. – Um homem não vira a mão de uma hora para outra.

- O que o senhor quer dizer com isso?

- Esquece... estamos falando da Rosa. Tenho certeza que ela não deu dinheiro a ninguém. Valentin deu um baita de um golpe nela. Porque acha que ele não pisa no país? Tem gente querendo o couro dele. Não, Túlio. Ela não é santa, mas não é um monstro.

- Ela tem um filho adotivo.

- Um desgosto que ela teve na vida. O menino teve uma excelente educação, viajou o mundo do lado dela, tinha tudo que queria...

- Deixa eu só palpitar: o desgosto dela foi pelo fato de ele ser gay?

- Não. Valentin era o melhor designer que ela teve e eles passaram a namorar, o garoto, filho adotivo, deu em cima incansavelmente e fez de tudo para ser pego na cama com o macho da mãe. Então ela expulsou ele de casa.

- Não acredito nisso. – Eu respondo sério. – Ele contou-me de outra forma.

- Ele fez questão de ser encontrado na cama com o namorado da mãe. Quer saber o que houve com o Epa?

- Que Epa?

- O falecido marido da Rosa. Epaminondas, Epa... Suicídio. O rapaz o acusou de abuso quando menor e o Epa chegou a ser preso. Ninguém nunca irá saber quem mentia ou dizia a verdade, pois o homem na primeira condicional se enforcou.

- Seu Camilo, eu não consigo digerir tanta coisa.

- Porque acha que tenho dó da Rosa? É sim uma mulher cheia de defeitos, mas que nunca faria mal a você. Acredite. Pensa, como o filho de Rosa tem tanto patrimônio, eu tenho acesso aos balancetes e declaração de IR dele, sabe não é? Tem palpite?

Não tenho. Penso comigo.

- Rosa poderia querer se vingar do Braz que teve um encontro com Valentin quando esse era casado com ela.

- Ahahaha. – Ele ri alto com muito escárnio. – O Braz? E mais metade da cidade... Se eu fosse você fazia um exame de HIV. Verdade, se Braz comeu o Valentin pode ter te passado algo...

Levo mais um choque forte. Lembro que transei com Braz uma ou duas vezes com preservativo e foi apenas isso. Valentin teve casos, mas Braz me confessou que também teve muitos casos. Ah meu Deus.

Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINALOnde histórias criam vida. Descubra agora