- Túlio, não me pede isso. – Ele me dá as costas e vai até a janela.
- Precisa me contar. Posso respeitar isso que você esconde. Mas me conta, por favor, seja o que for divide comigo, a gente começa do zero, amor, por favor, o que existe no seu passado?
Uma lágrima grossa rola do canto do olho pela face daquele homem. Nunca tinha o visto chorar e me sinto tão culpado.
- Vai Túlio, vá embora e viva sua vida. Não vou me perdoar se alguém te fizer mal por minha causa.
Meu queixo treme e meus olhos ardem de onde vertem lágrimas de dor.
- Me quer fora da sua vida, Braz?
- Adeus.
- Braz... – Eu não me importo em chorar como criança e agarrar seu peito para enterrar meu rosto. – Seja o que for, me diz...
- Me perdoa, mas não posso Túlio.
Ele não me abraça, não me acalenta e não diz mais nada enquanto choro dolorosamente.
- Vai para casa. Nada mais de ruim vai te acontecer ou com sua família.
**
Eu não sei onde encontrei a força para ir do mercado dele até minha casa, nem sei como consegui sobreviver dia após dia e aquele natal que foi há cinco anos atrás.
Na primeira semana de férias coletivas fui ao Paraná ver o pai, madrasta e minhas pequenas irmãs, Hanna e Margareth que me deram tanta alegria com seus risos e suas histórias de meninas de interior. Hanna é a mais velha, tem o jeitão seco de sua mãe e Margareth é uma cópia de Rafaela, minha filha. Ri muito ao ver o quando bate de frente com o velho Pedro, mas diferente de mim, que na sua idade apanhava de cinta, ela o dobra e coloca no bolso e ele fica sem graça a me olhar como se pedisse ajuda.
Converso com o pai e minha tia a respeito da moça que ligava para eles para saber a meu respeito.
- No começo achei que era tua ex-mulher, aquela louca. Perguntou se eu ia viajar meio logo para o litoral. Depois percebi que não era, porque ela disse que sabia que você era contabilista, me perguntou por que você se separou da louca. Depois eu pedi quem era e ela disse que era uma advogada, opa, aí eu não podia mentir e respondi tudo que ela me pediu.
Valha-me Senhor, que é essa pessoa?
Minha tia, quando a visitei, acrescentou que o susto que meu pai levou, foi por causa de um grande mal entendido.
- Imagina contaram pro Pedro que você tinha um caso com um homem. Primeiro a tal advogada liga e comenta isso com seu pai, depois ele recebeu umas fotos.
- Posso ver?
Ela busca um envelope pardo.
- Fiquei com elas, porque quando a Walburga o viu cair encontrou isso perto das mãos dele, então ela me mandou sumir com essas fotos.
Quando tiro do envelope, a primeira foto é do meu quarto queimado, na segunda apareço sendo amparado por Braz que me abraça pelos ombros, na terceira estamos no lounge bar que é a nossa foto mais antiga. Nada demais em nenhuma das fotos. A não ser ver meu homem, meus olhos molham e ela percebe.
- Por isso que te falei no telefone, cuida que pode ser gente vingativa.
- Porque que a senhora diz isso?
- Ah Túlio, só acho que se for virar viado, pelo menos tem que se cuidar. Olha, eu vejo muita novela e é uma raça vingativa. – Ela não parece chocada com o fato. – Só deu trabalho para convencer ele de que não era verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL
RomanceFinalizado! Romance entre duas "personalidades" que se chocam violentamente. Túlio é contador, estressado e escorpiano. Braz é comerciante, esquentado e taurino. Combina? Conteúdo (muito) adulto. Descrições de (muito) sexo. LGBT. Se você estiver le...