Ativo e Passivo - No sentido não contábil - ORIGINAL

Resoluções (Não contábeis) - Parte 02

De repente esse doutor ficou estranho e calado, deixou até mesmo de declarar o IR comigo, passou a me evitar estranhamente e por aquela época sua filha e neto morreram num acidente de carro. Não nos falamos por muitos anos e no meio deste tempo tudo que eu desconfiava já era comentário entre algumas pessoas que apenas teorizavam que Rosa, Valentin e alguns familiares dele coordenavam negócios obscuros.

Muitos anos depois fui investigado, pois era bem óbvio que pensassem quem eu participava da quadrilha. Fui "recrutado" pela polícia e orientado a comentar com a quadrilha que estavam sendo investigados e me prontifiquei a ficar em cima do muro por eles a um preço alto que sem titubear aceitaram.

Eu havia falado a língua deles, chantagem e fui "aceito" no esquema. O dinheiro recebido por mim, foi feito depósito judicial e o medo fazia minha saúde piorar.

Se não fosse a garra do Túlio em levar o escritório nas costas eu já teria fechado. Adoro esse cara e me preocupei muito quando soube que se divorciou da Ira, uma pessoa incrível e tempo depois se envolveu com um homem. Ele levou uns "cagaços" provavelmente quando a quadrilha tentava me atingirem. Um alerta que dão quando acham que um sujeito sabe demais.

Sim, de uns dois anos pra cá faço a contabilidade do caixa dois deles, assim sei demais...

Sobre o médico, pelo que eles comentam, está com os dias contados. 

Como eu disse, tudo que eu sabia foi repassado aos investigadores, significa que não tenho a morte dele em minhas mãos. Há certas coisas que mesmo a polícia faz vista grossa. O médico sabia demais, se apavorou e foi eliminado antes de falar sobre a parte que lhe cabia na quadrilha, o quanto lucrou com isso e quem mais estava envolvido. Sem nomes de culpados e vítimas, ele deixou muito do caso sem boas respostas.

Uma ameaça de morte não faria parar meu o coração, mas a ameaça aos meus filhos sim. Recebi a proteção policial que estava no acordo e quando desperto na UTI, descubro que tive mais um infarto. Me alegro em ver meus filhos e a Nina, mas quando Túlio entra no dia da visita meu coração aquece e me emociono.

Quando ele sai, decido que logo que estiverem todos presos contarei a ele, mas ainda temo que ficaria melhor se ele fosse ignorante a esse fato sendo mais feliz assim.

Túlio é contador, como tal, um analista que deve estar juntando informações em sua cabeça afim de fechar esse o "balanço" desse "exercício".

Semanas após, minha casa é invadida, mas estava vazia porque meus filhos estavam fora em virtude do feriado prolongado, eu e Nina decidimos almoçar fora e quando voltamos somos impedidos de entrar, devido a ação intensa da polícia.

Tem dois corpos no chão e antes de ver quem são, boto a mão no peito achando que verei acordado o pior pesadelo da minha vida, um de meus filhos que talvez tenha retornado antes de seus respectivos passeios.

Um policial que ficava à paisana levou um tiro de raspão e fica deitado só por orientação dos para médicos, mas o outro baleado levou um tiro no meio da testa e numa cena horrenda, Valentin jaz em minha calçada.

- O senhor está bem? – Outro agente me aborda preocupado.

- Estou...

Os agentes me explicam a situação me informando que a comparsa se apavorou na troca de tiros e fugiu em alta velocidade com o veículo. A polícia está mobilizada e a caça, eu devo ficar sob vigilância até a calmaria voltar.

Isso se dá três dias após... com Rosa sendo encontrada com vida entre as ferragens do carro. No entanto, uma perna precisou ser amputada pois foi esmagada no acidente horrível. 

Ela irá aguardar por julgamento e eu sigo a vida enquanto minha saúde me permitir.

Meses se passam....