Medo dos sentimentos

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Zayn foi a primeira pessoa que eu pensei após sair do apartamento. Eu estava tão anestesiado pela situação que apenas lhe enviei uma mensagem dizendo para me encontrar no hospital porque eu havia acabado de deixar Harry.

Assim, simples, sem explicações, apenas para que ele imaginasse como eu estava e o quanto precisava de alguém que me dissesse que eu fiz a coisa certa, porque eu estava louco, literalmente obcecado, com a ideia de voltar para aquele apartamento e tomar Harry em meus braços novamente.

Meu Harry, aquele que eu havia deixado por amor.

Por isso sai daquele prédio o mais rápido possível, sem nem me preocupar com as normas de trânsito que eu quebrei ao querer distância daquele lugar. Também me parecia impossível cogitar a hipótese de fazer malas ou simplesmente abrir a minha parte do guarda roupa para tirar algo dali em definitivo. Ou pelo menos eu esperava que não fosse em definitivo.

– Uau, você está vivo e bem. – Ouvi a voz de Zayn atrás de mim e me virei de imediato, encontrando-o encostado no batente da porta do vestiário.

– Eu só pareço bem. – Abri um sorriso sem graça. – Estou tentando não desabar na frente de meus pacientes. – Abri um sorriso sem graça para o psicólogo.

– Tudo bem, vim aqui para ficar com você até que você queira desabar. – Ele abriu um sorriso. – Você precisa de alguém para dizer que o mundo não acabou.

– Pode não ter acabado, mas perdeu totalmente o sentido. – Suspirei e me sentei no pequeno sofá-cama que havia ali para descansarmos durante o plantão. – Eu sei que fiz a coisa certa, mas por que dói tanto, Zayn? – As lágrimas brotaram em meus olhos e eu pisquei forte, limpando minha visão para secar o rosto logo depois.

– Pode chorar. É bom que chore. – Zayn sentou ao meu lado. – Você deve dar atenção às suas emoções e senti-las quando tem que sentir. Nada de ficar guardando isso para você. É muito pior, isso vai te sufocar.

– Você consegue?

– O quê? – Ele ergueu uma sobrancelha para mim.

– Externar todos os seus sentimentos assim, fácil, ainda mais para um estranho.

– Me considera um estranho?

– Não, eu confio em você. – Zayn abriu um sorriso mínimo.

– Que tal fumarmos um cigarro e eu te conto como consigo externar meus sentimentos? – Ele pediu.

– Eu tenho que voltar ao trabalho daqui a pouco...

– Opa, desculpa. – Eleanor apareceu na porta, mas parou, envergonhada por me ver ali, chorando ao lado de alguém.

– Oi. – Zayn lhe enviou um sorriso galanteador e eu juro que a vi soltar um suspiro. – Como é seu nome?

– Eleanor... – Sua voz saiu baixa, quase falhando.

– Eu sou Zayn. – Ele se levantou e foi até ela com a mão estendida para cumprimentá-la. – Você é amiga do Louis devo presumir.

– Sim, nós estudamos juntos e às vezes nossa escala de plantão coincide. – O sorriso da garota era tão grande que eu me perguntava qual era o poder que Zayn Malik tinha sobre as pessoas.

– Será que você podia fazer um grande favor para mim, Eleanor? – A garota assentiu devagar, um pouco receosa. – Eu e Louis precisamos ter uma conversa importante, você poderia cobrir a nossa saída por uns minutos? Eu prometo que será rápido. – Ela olhou para mim e pareceu ver que havia mesmo algo errado comigo.

Blue Strings - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora