Confiança

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Estaria mentindo se dissesse que dormi por mais de duas horas aquela noite. Eu simplesmente não conseguia relaxar, as palavras de Liam me atingiam todas as vezes que eu fechava os olhos.

"Você tem ideia do risco que correu?"

Pensei no primeiro dia em que fomos até o consultório de Zayn, procurei um momento em que ele tivesse olhado para Harry de forma maliciosa e bastou esse pequeno gatilho para que minha mente começasse a me sabotar.

Imaginei Zayn e Harry juntos, meu garoto totalmente fascinado pelo psicólogo, olhando com desejo e um interesse genuíno para as tatuagens em seus braços, subindo as mangas de sua camisa e logo após desabotoando-a para explorar os desenhos em seu tórax.

Fechei os olhos com força tentando afastar as imagens, mas ainda não era o suficiente. Nem mesmo o fato de Harry estar dormindo sobre meu peito, totalmente absorto em seus sonhos e absurdamente lindo, com os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos e agarrado a mim me fazia esquecer.

Eu precisava de um cigarro, por isso, sai o mais silenciosamente possível da cama, mexendo o mínimo possível, tentando não acordar Harry e substituindo meu corpo por um travesseiro.

Abri a porta que dava para a sacada e me sentei em uma cadeira, acendendo um cigarro em seguida. A nicotina teve o efeito desejado e a ansiedade que crescia em meu corpo, foi expelida junto à fumaça.

Estava no segundo cigarro quando a porta de nosso quarto foi aberta e Harry apareceu enquanto terminava de vestir seu robe, dando um nó e cobrindo seu peitoral nu.

– Oi. – Ele disse com a voz rouca pelo sono. – Está um pouco frio aqui fora. – Sentou em meu colo.

– Não queria te acordar. – Apaguei o cigarro e expeli a fumaça o mais longe possível que consegui. Harry tinha asma, além do mais, odiava que eu fumasse.

– Para você ver como eu dormi mal nas noites em que estava longe de você. – Ele fez biquinho enquanto se ajeitava em meu colo e abraçava meu torso nu. Eu ri, abraçando seu corpo e deixando um beijo casto em seus cachos.

O que sempre me destruía mais era saber que meu Harry nunca havia dado motivos para que eu duvidasse de seu amor e de sua fidelidade. Ainda assim, aqui estava eu, criando imagens horríveis dele.

– Você deveria voltar a dormir, eu volto já. – Tentei convencê-lo.

– E deixar você aqui, surtando sozinho? Nem pensar!

– E como sabe que eu estou surtando?

– Louis, amor, eu sei tudo sobre você. – Ele disse me olhando fixamente. – Eu soube no momento em que Liam disse aquelas coisas, que isso iria te afetar, por isso eu intervi. Por isso e porque eu estava cansado de ver o Liam sentar em um trono de moralidade, julgando a tudo e todos quando ele é um grandessíssimo imbecil que ferrou com todos que o amavam.

– Você acha que é verdade? – Externar a dúvida que me consumia nas últimas horas, parecia ter tirado aquele nó incômodo em minha garganta. Zayn tinha razão, conversar com alguém sobre meus problemas ajudava, mas o quanto eu podia confiar nisso agora? – Porque eu conheço Liam há anos, para ser mais exato, desde que chegamos aqui, ele sempre foi um grande amigo, sempre me ajudou quando eu precisei. Já o Zayn eu conheci há alguns meses e eu me abri mais para ele do que para qualquer outro. Eu não considerei ele apenas como meu psicólogo, eu o considerei um amigo, o melhor que eu já tive, aquele que eu poderia contar meu pior segredo, que ele jamais me julgaria. Eu contei coisas a Zayn que nunca tive coragem de contar para você. Entende o quanto isso está me enlouquecendo? – O olhei desesperado, mas Harry se mantinha calmo.

Blue Strings - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora