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Eu mal consegui pregar os olhos durante a noite. A ideia de que, em breve, eu e Louis seríamos pais rondava minha mente e fazia com que um sorriso involuntário surgisse em meu rosto, como se estivesse feito para estar ali para sempre.

Eu me sentia bobo por estar tão feliz, mas não conseguia não me sentir assim. Era mais forte do que eu. Mais forte do que tudo o que eu já havia sentido.

Diferente de mim, Louis dormia calmo, fungando profundamente, embalado pelo sono. E olhando para seu rosto calmo a frente do meu, eu tinha uma ideia de como as coisas haviam mudado para ele.

Sempre tive o costume de vê-lo dormir. Por conta de seu trabalho cheio de plantões, eu costumava fazer-lhe cafuné para que ele pudesse descansar durante o dia, após ter trabalhado durante doze horas seguidas na emergência do hospital.

Antes, mesmo durante o sono, ele parecia tenso, sua mandíbula era travada e ele parecia estar sempre em alerta, como se, a todo momento, estivesse com uma granada em mãos e a cada movimento brusco, corria o risco dela explodir.

Por diversas vezes, eu me ofereci para massagear seus ombros e, embora ele adorasse o mimo, não tinha muito efeito sobre seu estresse, porque o motivo não era físico, era puramente psicológico. Era seu medo de me perder, o medo de me machucar, o medo de deixar seus instintos primitivos lhe dominarem.

Hoje, após todo o seu esforço, suas longas sessões de terapia e tudo o que conseguimos enfrentar juntos, eu o via finalmente relaxado. Não havia mais aquela tensão em seus músculos, ele não me abraçava como se sua vida dependesse disso, ele não parecia perturbado mesmo enquanto dormia.

Louis estava leve, seu toque calmo em minha cintura era sutil, sua mandíbula não estava travada ou seus ombros encolhidos, ele estava relaxado e permitia-se, inclusive, a dormir de boca aberta, fazendo um ronco baixo soar.

Agora Louis podia até se dar ao luxo de roncar e eu não podia imaginar que algo que, normalmente causa brigas infindáveis entre os casais, poderia me fazer tão feliz. Louis estava feliz. Nós dois estávamos felizes e estaríamos para sempre.

Meu sorriso alargou-se e eu levei a mão para seus cabelos, afastando a franja que caia em seu rosto, voltando a fazer cafuné em seus cabelos castanhos, macios e cheirosos. Suspirei apaixonado olhando para seu rosto perfeito, para suas curvas delicadas e ao mesmo tempo firmes, para seu nariz levemente arrebitado e seus lábios bem desenhados, rodeados pela barba rala que cobria seu rosto.

Como aquele homem pode imaginar que um dia eu o deixaria? Como ele pode sentir-se menos do que perfeito? Como ele pode imaginar que eu o amaria menos do que para sempre?

– Tente dormir um pouco, amor. – Louis resmungou sonolento, sem sequer abrir os olhos, parecendo aproveitar o carinho que eu lhe fazia.

– Desculpa, não queria te acordar. – Murmurei ele riu, finalmente abrindo os olhos e me fazendo suspirar diante de seus olhos azuis.

– Se você não dormir, não vai estar cheio de energia para vê-los amanhã.

– Nem se eu estivesse há meses sem pregar os olhos eu teria energia para vê-los amanhã. – Rimos baixinho.

– Mas pense só, se você dormir o tempo vai passar mais rápido.

– Eu sei, mas é difícil... – Fiz um biquinho. – Eu só consigo pensar que vamos ser pais, vamos ter crianças correndo por essa casa enorme, vamos segurá-los no colo e eles vão nos chamar de papais, eles vão nos abraçar e vão pedir para que a gente cante ou conte histórias para que durmam. – Louis sorriu diante de minha animação. – Você pode imaginar ouvir batidas na porta durante a noite, porque um dos nossos bebês teve um pesadelo e quer dormir conosco? Ou acordar com os três pulando na nossa cama, porque é dia de neve e eles precisam ir brincar no quintal. – Senti meu coração aquecer.

Blue Strings - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora