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O silêncio nos acompanhou durante todo o caminho. Eu deixei minha mão sobre a coxa de Louis enquanto ele dirigia, mas, diferente das outras vezes em que ele juntava a sua mão com a minha, ela ficou ali, imóvel, sem qualquer carinho ou sinal de que as coisas estavam bem entre nós.

A angústia em meu peito era sufocante. Eu havia passado a noite toda pesquisando tudo o que podia sobre relacionamentos abusivos, até peguei o telefone de alguns psicólogos. Eu tinha muita coisa para dizer a ele e muito o que dizer sobre o que estava acontecendo. Mas nenhuma palavra saia de minha boca.

Só fui perceber que estávamos no hospital em que ele e seus colegas de classe trabalhavam, quando ele estacionou o carro fez um sinal com a cabeça para que saíssemos.

Ele caminhava na frente, mas eu andei mais rápido afim de unir nossas mãos novamente, mostrando a ele que eu estaria ali e que isso não mudaria.

– Louis! – Uma voz animada o cumprimentou.

– Oi, Eleanor. – Ele tentou abrir um sorriso para a garota, mas não foi bem sucedido. A garota, que estava vestida de branco, olhou para mim confusa e Louis continuou. – Esse é o Harry. Ele é meu... – Sua voz sumiu e eu me senti aflito de repente, afinal, ele não terminou a frase.

– Namorado. – Eu forcei um sorriso e estendi a mão para cumprimentar a garota, que fez uma cara surpresa e decepcionada ao mesmo tempo, me fazendo imaginar que tipo de intenções e amizade ela tinha com Louis.

– Eu não sabia que você era... – Ela pareceu perceber a besteira que iria dizer e parou a frase, abrindo um sorriso envergonhado depois. – Você está de folga, por que veio até aqui? Algum de vocês está mal? – Sua feição demonstrava preocupação e ela parecia nos analisar, procurando algo de errado em nós dois.

– Eu vim fazer uma visita. Quero que Harry conheça algumas pessoas. – Um breve sorriso tomou os lábios de Louis e a garota pareceu entender, pois sorriu de volta. Eu não podia negar que o fato de só eu não saber do que se tratava me irritava.

Nos despedimos da garota com um aceno e Louis nos levou pelo corredor. Entramos em uma sala pequena e ele foi até um dos armários, que eu julguei ser o seu, e pegou seu jaleco, colocando-o por cima da roupa.

Eu abri um sorriso esplêndido ao vê-lo vestindo a peça, pois parecia que aquilo havia sido feito para ele. Como se tudo o que ele fez o levasse àquilo. Parecia perfeito.

– Você fica ainda mais lindo assim. – Disse suspirando e ele caminhou até mim, acariciando meu rosto para unir nossas testas logo em seguida. Seus olhos se fecharam e ele manteve o contato por mais um tempo, suspirando quando nos separou.

Ele me entregou uma roupa especial, feita de um material descartável, para que eu colocasse sobre as minhas. Pediu para que eu prendesse meus cabelos e higienizou minhas mãos.

Caminhamos mais um pouco e ele finalmente entrou em um quarto. O cheiro típico dos hospitais parecia mais forte ali, o bip das máquinas soava e uma garotinha estava sentada sobre a cama, desenhando concentrada, alheia à hostilidade daquele lugar.

Ela ergueu a cabeça e seu sorriso se alargou, como se esse fosse o momento mais feliz de seu dia.

– Louis! – Ela exclamou feliz e meu namorado sorriu para ela.

– Oi, gatinha. – Ele disse em referência à touca de gato que ela usava. – Como você está hoje? – Ele caminhou até ela.

– Remédio novo hoje. – Ela ergueu a mão que recebia a medicação. – Acho que tenho uns vinte minutos até vomitar meu café da manhã. – Sua voz era divertida, como se passar por aquilo fosse tão comum que ela nem se importava mais. – Quem é ele? – Ela olhou para mim curiosa.

Blue Strings - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora