Capítulo 19

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"WALL-E?"

WALL-E


Naquela semana tivemos a reunião de encerramento do projeto na sexta. O pessoal do trabalho só falava do Happy Hour para comemorar. Gabriela tinha insistido para que eu fosse, mas eu já havia me "incluído" fora dessa ha algum tempo. Eu tinha outros planos.

Assim que fomos dispensados todos os outros abandonaram o escritório em segundos. A velocidade com que eles deixaram o local me surpreendeu. Eu estava procurando as chaves do carro em minha bolsa quando João bateu à porta já aberta chamando minha atenção.

- Estou saindo para pegar as crianças.

- Então hoje você não escapa, senhor Miccelli. Vamos assistir desenho animado você querendo ou não.

Ele retorceu os lábios destilando o mais puro sarcasmo.

- Não vejo a hora. Até mais tarde, Isabel.

Eu tinha acabado de sair do banho, quando o interfone anunciou a chegada de minhas visitas. Abri a porta e fui atacada por dois pequenos seres humanos.

- Isabel!

Os dois se penduraram em mim e fizeram a túnica feita com a toalha de banho cair da minha cabeça espalhando meus cabelos molhados pelas minhas costas.

- Eles são animados. - digo ao pai das crianças assim que elas desviam sua atenção em direção ao sofá.

- São mal educados, você quer dizer. - diz João alcançando a toalha largada no piso.

- De jeito nenhum. Eu posso pegar isso?

Aponto para a toalha e o olhar de João me faz sentir desconfortável. Como se estivesse nua.

- Nós chegamos muito cedo. Estamos invadindo.

- Não se preocupe com isso. Fiquem a vontade.

Pego a toalha e corro para o banheiro. Meus cabelos ainda úmidos agora molham um pouco minha camiseta branca nas costas.

- Bel, qual filme vamos ver? - o apartamento pequeno permite que eu ouça perfeitamente o apelo da pequena Duda. Não há tempo para o secador. Retiro o excesso de água dos cabelos de qualquer maneira.

- Vamos ver desenho! Pode ser o Wall-e ou UP. Depende do seu pai. - provoco o entusiasta dos filmes animados.

- Não tenho a menor preferência. - O senhor Micelli estava prevendo 90 minutos de pura tortura em linguagem infantil.

- O senhor pode estar fazendo pouco caso, mas os dois filmes estão entre os melhores cem, lembra-se?

Ele levanta as mãos, desarmado.

- Vamos ver os dois! - berra Pedro.

- Sem gritar. - reprime o pai.

- Que tal começarmos com um deles?

Eu sugiro o UP porque tem um pouco mais de humor e não é uma história de amor. Pelo menos não de amor romântico, tema que parece não agradar meu parceiro.

O filme é encantador e prende facilmente a atenção dos pequenos. A empolgação deles é tão genuína que nem vejo o tempo passar entre um garotinho longe de casa, um idoso solitário, um pássaro enorme e o Dug: O mais doce cachorro falante.

Assim que o filme acaba começa a comoção.

- Eu quero um cachorro papai! - diz Duda

- É. Eu também. Um que fale. - PP completa.

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