Michaela demorou um pouco para dar suas primeiras passadas, era muita coisa para assimilar em pouco tempo, ela olhou ainda algumas vezes para trás, antes de andar, projetando em sua mente como seria os dois caminhos que ela tinha que escolher, voltar e recomeçar tudo de novo e esquecer tudo aquilo que tinha acontecido ou seguir em frente para o desconhecido e enfrentar seus novos caminhos.
De uma coisa ela tinha certeza, que a partir do momento em que pisasse para fora dos muros não teria mais volta, era tudo nas costas dela agora e pesava muito, ela também pensava muito em seu irmão, se ele estava bem, se ele ficaria bem, se voltaria a ver ele novamente.
Porém, todas aquelas situações foram tornando a garota mais forte e decidida, o que antes faria ela se desmanchar em lágrimas, se tornou um combustível para sua vontade, seu medo do futuro não o influenciava mais, Sim, o medo estava presente, mais era parte dela, não algo que ela julgava ser negativo e que queria eliminar, ela abraçou esse medo e acolheu ele como ela, era simplesmente parte dela.
Depois de muito refletir, Michaela deu seus primeiros passos, cada passo era pesado, mais ela seguia em frente, ela andava com sua mão passando de leve nas paredes do túnel, andando lentamente no escuro, se tivesse parado para pensar teria se preparado melhor, traria uma tocha, alimento, água e agasalho já que fazia frio lá em baixo, “Se eu estivesse ainda com minha mochila” pensou ela.
Dizem que a fome e o frio é psicológico, e foi desse modo que seu caminho ficou mais difícil, depois de lembrar que fazia tempo que não comia, sentiu sua barriga roncar de fome, buscou na memória a última vez que comeu e não conseguia se lembrar direito, o frio também passou a incomodar, estava com uma blusa que suportaria o frio que fazia na superfície, mas lá em baixo não dava conta, seguiu andando com muito cuidado na penumbra, agora com os braços cruzado e encolhida tentando se esquentar um pouco.
Depois de andar alguns metros, ratos começaram a passar no pé dela, mas ela nem ligava, sua mente só se concentrava no caminho, ignorando o resto, alguns espirros, parecia iniciar uma gripe, ela precisava rapidamente se esquentar se não as consequências seriam penosas.
Sentiu vontade de correr mais o caminho era tão escuro, impossível de se ver, correr ali seria arriscado demais, então sua vontade de correr logo para fora foi reprimida, ela pensou melhor e percebeu que também não tinha muita energia para correr no momento, seu corpo foi ficando fraco quase desmaiou algumas vezes, era como se só sua alma estivesse ciente e carregava seu corpo para seu destino.
Sua intuição dizia não estar muito longe ou seria apenas sua vontade, de qualquer maneira aquilo era verdade, estava próximo, ela se abaixou por um momento para tomar energia e continuar, sussurrava: “ está quase chegando” seus sussurros e seus passos eram os únicos barulhos perceptíveis por ela naquele lugar.
Ela seguiu andando mais um pouco e agora as batidas de seu coração ecoava em seu ouvido, os passos ficavam cada vez mais pesados, quase insuportáveis, ela não aguentava mais e se inclinou para frente perdendo a consciência, e o movimento automático de colocar a mão para a frente em uma ação de se proteger fez ela parar antes de tocar o chão.
Ela estava inclinada em um ângulo de 50 graus, com sua mão apoiada em uma parede, ela pensava estar deitada no chão, mas a contração nos músculos de suas pernas faziam ela perceber estar quase em pé, tateou a parede com as mãos e fez impulso para ficar equilibrada.
Depois olhou para cima e poder ver uma fresta de luz a uns 4 metros, ver aquela luz renovou sua energia e suas vontades, tinha conseguido, por um momento ela deu um pulo de alegria esquecendo toda a fraqueza e fome, estava renovada, energia e vontade reiniciada. Ela apalpou as paredes procurando alguma coisa para subir até tocar em uma escada de ferro, a escada estava enferrujada, descascando, tinha perigo até de pegar tétano.
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RATIUS (Completo)
Science FictionE se existisse uma forma de evitar conflitos antes mesmo deles acontecerem? Como seria uma sociedade preestabelecida por um dispositivo altamente inteligente que separa as pessoas por seus níveis de compatibilidade? Essa paz forçada seria verdadeira...