Capítulo XXV: Quebra-cabeça

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Éva acordou e a única coisa que fazia ela existe para si mesmo era uma dor intensa na sua cabeça. Uma dor que se fazia presente no momento era sua recordação restante da vida, tudo o resto parecia ter apagado. Nada fazia sentido. Frações da sua vida foram passando na mente, tudo embaçado e sem sentido, um quebra-cabeça de péssimo gosto e doloroso. A cada breve e desorganizada lembrança que voltava a sua mente uma pontada de dor vinha junto fazendo a garota gemer. Deitada no chão, totalmente encolhida era sua situação.

Uma música bem lenta e calmante tocava no ambiente. Uma mistura de vários e distintos tipos de instrumentos musicais, desde da guitarra até o violino. Piano também era ouvido o que trouxe a Eva a lembrança de como gostava daquele som de piano, como sempre sonhou em ter um só para ela, sonhava em tocar para as pessoas, queria que o mundo escutasse ela tocando, porém, a falta do instrumento e aliado a sua timidez fez várias vezes ela desconsiderar essa ideia e desistir de seu sonho.

A lembrança do piano acarretou outra. Lembrou da época em que brincava com um mini piano improvisado de papelão feito pelo Avô, lembrou das risadas que teve com tudo aquilo e mesmo com a dor insuportável em sua cabeça ela sorriu, sorriu como naquela época. Na sequência os chamados de seu avô lembrou seu nome. Era um quebra-cabeça e que seu Avô foi a lembrança inicial para organizar e relembrar todas as outras peças e formar essa montoeira de coisas sem sentido.

Metade de uma hora de agonia se passou até que algo começasse a fazer sentido na sua jovem cabeça. Primeiro o Avô. Depois o Nome. As coisas mais importantes venho voltando seguido da pontada de dor, era como enfiar uma faca com informações. O motivo dela estar ali ainda não era possível lembrar, muito menos os acontecimentos que antecederam sua posição atual. Foi a voz de uma garota desconhecida que fez ela lembrar o que era conhecido por ela.

— Oi, você, a dos gemidos, você que é a famosa Éva? — Perguntou Giovanna ao ouvir os gemidos.

— Sim, esse é o meu nome — Colocou a mão na cabeça com a dor que venho — Como você sabe meu nome? se mesmo Eu fui recordar dele só agora — Concluiu pressionando a cabeça novamente.

— Um passarinho me contou seu nome, também me falou de outros nomes, Owen, Michaela e Alabama, acho que era esses, era?

Ao ouvir esses nomes Eva sentiu outra pontada na cabeça dessa vez muito mais forte que as de antes. Chegou perto de desmaiar e se segurou movida pela esperança em saber o que estava acontecendo. Manteve sua consciência.

— Você conhece algum desses nomes? — Falou Giovanna pausadamente.

— Não sei… tudo está confuso — Respondeu Eva com a voz fraca.

Mesmo sem lembrar de quem se tratava aqueles nomes a garota ainda sim sabia que aquelas pessoas tinha significado para ela, e um grande significado talvez até comparado ao do Avô que era sua única lembrança no momento. Arriscou perguntar mais para garota desconhecida, pois era a única saída de seu tormento sem lembrança.

— Onde estamos, e o que está acontecendo comigo?

— Calminha, logo você vai se lembrar de tudo, é só questão de tempo, querida.

— E como eu faço isso? Eu não tenho memória, tudo está confuso, como faz parar essa dor?.

— Eu já te ajudo com isso — respirou na bombinha de ar — Owen, Michaela e Alabama, esses nomes te lembra algo? — Falou Giovanna com um sorriso de canto.

— Você apenas está falando coisas sem sentido, eu não conheço essas pessoas e se conhecesse eu teria alguma lembrança — Falou Éva sentindo a mesma dor de antes.

A garota repetiu novamente os nomes e fez o mesmo por cinco vezes seguida. E quando Éva já não  aguentava mais de dor, tudo ficou claro em sua mente e o quebra-cabeça foi montado com os nomes. A cada nome que a garota falava as lembranças iam como uma flecha na cabeça de Éva. Cada nome juntava uma parte do quebra cabeça. Cada nome fazia ela se retorce de dor na sela. Cada palavra era um alívio para aquela mente vazia que vinha sendo preenchida com as boas e recentes memórias, e um pequeno espaço para as coisas ruins que levou Ela até ali.

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