RATIUS (Completo)

Capítulo XXXXVI: Abaixe as cortinas

Seis cadeiras alinhadas de frente a um telão enorme. Os seis sentados sobre aquelas cadeiras. Poderia ser uma seção de filme em grupo, naquela tela podia estar passando o sucesso em cartaz atual. Poderiam estar felizes, comendo pipoca e aproveitando a amizade. Mas não, eles estavam presos aquelas cadeiras, completamente no escuro. Sem noção de nada; apenas escutando as respirações arfantes dos amigos ao lado.

A luz do telão acendeu mostrando as faces dos telespectadores presos aquela seção. A luz branca sem mostrar nada a não ser o branco. Depois do ruído que eles vinham presenciando de diferentes tons, aquelas mesmas imagens apareceram novamente na tela. Exatamente as mesmas cenas de horror que eles tinham visto na prisão. Olharam e se encaram, seus lábios não falaram, mas suas expressões diziam tudo. Não podia estar passando por aquilo novamente, todo aquele terror outra vez.

Alguns se debatiam nas cadeiras tentando se soltar, porém, era impossível. As cadeiras estavam presas firmemente ao chão. Braços e pernas amarrados inextricavelmente, somente a cabeça poderia ser movida e, a única forma de não ver aquilo que passava era fechando os olhos. E, fecharam, mas os barulhos traziam as imagens a cabeça e eles choraram com os olhos fechados.

O filme que passava na tela passou varias vezes até ser pausado. Os olhos doíam de lágrimas até que todas as luzes acenderam, mostrando o ambiente por completo. Uma sala de cinema, muito bem conservada. Aquele era o palco. Depois, três personalidades apareceram na tela, e o que veio a seguir foi uma surpresa imensa por parte dos jovens e também dos anfitriões, pois, era a primeira vez que se viam. O pai de Michaela, a Mãe de Éva - o corpo pelo menos - e Peter, o colunista do jornal, o carismático semideus, para finalizar, esse era o trio que se escondia atrás de RATIUS e de toda a manipulação já feita pelo mesmo. Peter e Geward vestiam ternos pretos, elegantes, enquanto a mãe de Éva vestia um vestido vermelho; vermelho sangue.

Michaela e Éva começaram a se debater mais freneticamente na cadeira, gritavam, mas não saia voz devido a um comprimido inserido neles que tirava a capacidade de falar da pessoa por algumas horas. Espanto foi tanto que quase suas mentes se quebram e perdem a razão. Durante cinco minutos se debateram veemente até as energias se esgotarem. Os três nada falou, até então, só se olhavam surpresos um com o outro.

- Se alegrem, vocês são os nossos convidados de honra para esse evento de gala. Estou muito impressionada que vocês chegaram até aqui, olha, eu não acreditei quando vi vocês entrando nesse mundo perdido, minhas palmas a vocês, sinceras palmas - Disse a mãe de Éva e bateu algumas palmas.

- Por enquanto veja isso, veja de novo isso. O filme que passamos para vocês e que vocês tanto adoram, vamos assistir juntos dessa vez - Disse Geward e novamente o filme foi ao ar. Dessa vez a expressão dos jovens mudaram: o que eram rostos com medo de ver aquilo e de estar naquele estado, agora, era de vingança, de ódio no mais puro sentimento. Rostos confiantes de que iriam virar esse jogo apesar de tudo apontar que não.

Depois que o filme passou a tela novamente exibiu a face maléfica daqueles três que estavam no topo do mundo. A trinca de RATIUS pronto para dar sua planejada cartada.

- Vocês perceberam algo? - Ouve um silêncio por parte dos jovens, consequência do comprimido - Nem um pouco? - Peter ironizou colocando a mão em sua orelha aumentando a capacidade da audição - Me esqueci, vocês não podem responder ainda - Suspirou fundo e seguiu - Bom, irei explicar o que foi esse filme. Por baixo desse horror, não é só horror puro ou sofrimento por prazer, por baixo disso tem um objetivo, uma causa. Como vocês não perceberam - Com o controle deu um zoom no braço dos agressores e dos agredidos que passavam no filme - Veja, essas pessoas, não são de épocas antigas, não, elas são de agora, cidadãos de Reliquit e de Rectus, assim como vocês. RATIUS e tudo que o cerca tem seu objetivo, criar esse tipo de ódio nas pessoas, essa indiferença que nasceu na separação e agora está aí o resultado. Não é só sangue derramado sem motivo nenhum - Por fim, sorriu triunfante.