RATIUS (Completo)

Capítulo XXXIII: Vamos desde do início

"Se fosse algo fácil não valeria a pena" Pensava Éva enquanto seguia Michaela e os outros no caminho para casa da avó. Seu coração palpitava incontrolavelmente, mal conseguia ser ela mesma, mal conseguia ter seus próximos pensamentos. Seu estômago borbulhava e, não era de fome, apesar de senti-la. Vários pre-julgamentos barravam o raciocínio habitual da garota. E ela seguia.

O trecho na floresta que eles precisavam pegar para chegar até a casa da avó de Éva era perto, só precisaram dar meia volta e seguir de onde vieram fazendo um leve desvio para esquerda. Michaela liderava a caminhada — mais uma caminhada na floresta. A garota guiava como se ali fosse a casa dela, aquele lugar ficou marcado em sua mente que ela poderia andar de olhos fechados sem se desviar do trajeto. Conhecia cada árvore, e cada árvore parecia cumprimentá-la dizendo um "seja bem-vindo novamente" com o balançar de suas folhas.

"Como ela é?" "Será que ela irá gostar de mim?" "Como eu falo com ela?" Éva fazia essas perguntas mentalmente para Michaela enquanto olhava as costas da garota à frente, e Michaela frequentemente olhava para trás buscando os olhos da amiga e respondia todas essas perguntas, instintivamente, com um sorriso e acenar de cabeça, aquela era uma conversa telepática sem perceber e sem ser possível. Mas que estava acontecendo.

— Cansei de andar no meio desse monte de nada, está muito longe? — Reclamava Giovanna batendo nas folhas com tédio.

— Não, estamos quase lá, e logo a frente terá um Rio, você não gostou tanto desses rios que nunca queria sair? — Respondeu Michaela amistosamente.

— Até água está me chateando, tudo que eu quero é deitar meus pezinhos para o ar em uma rede e, tirar um bom cochilo, algo que não tenho à meses.

— Logo terá isso, pois lá tem uma bela rede para você.

Owen estava feliz com a situação, ao ver que Michaela e os outros estavam dando espaço para aqueles dois, aquilo te alegrava e abria uma brecha em seu círculo de confiança. Se os outros confiavam, ele também confiaria, não queria cometer o mesmo erro novamente de se afastar do grupo por puro egoísmo, só queria o melhor para seus amigos, e se fosse preciso confiaria até no seu maior o inimigo para que isso acontece. Inimigo o qual ele ainda não conhecia, mas tinha certeza que eles estavam ali em alguns lugar e que assinava pelo codinome: RATIUS.

— De onde você tirou essa ideia do barco? — Perguntou Owen se aproximando de Enzo.

— Nós temos as carroças que andam pela terra, temos os pássaros que planam no céu, mas nada além dos peixes que andam no mar, foi dessa falta que surgiu a minha ideia de construir o barco — Responde Enzo secamente sem olhar para Owen.

— Você tem algumas outras criações? — Perguntou Alabama se juntando a conversa.

— Claro, tenho muitas, muitas muito complexas para vocês entenderem, outras básicas que já havia criado desde de pequeno, mas nada se compara ao meu barco, assim como a minha próxima criação e ainda mais surpreendente, algo que chamarei de avião.

— E o que…

— Ele ira imitar um pássaro e vai adejar o céu com toda sua plenitude, se vocês ficaram surpresos com o barco, ficariam ainda mais com o Avião — Falou o garoto interrompendo Alabama.

— Parece ser algo muito útil mesmo — Disse Owen.

— Falta pouco para mim conseguir criar ele, tenho tudo em mente. Após desmacarar RATIUS irei encantar o mundo com minhas criações e todos poderão presenciar a minha genialidade. Falta pouco — Falou o garoto com os olhos brilhando de orgulho de si mesmo, e ignorando Owen e Alabama.

Alabama e Owen sorriram consigo observando o jeito pedante do rapaz. Mesmo ele tendo o orgulho acima de tudo e um pouco de arrogância, aliada com um ego totalmente inflado, ainda assim, os dois conseguiram perceber, que apesar do jeito dele, ainda era uma boa pessoa, e que poderiam sim fazer um bom trabalho em equipe para atravessar o mar. Enquanto eles conversavam, um pouco à frente as garotas mantinha a mesma forma de tornar o caminho menos dolorido: conversavam, que além de juntar mais todos, ainda faziam eles esquecer a dor em seus corpos e mente devido a exaustão que ali estavam.