Capítulo XVI: Céu, Areia e Mar

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Pouco pode se fazer quando o mundo está contra você, quando seus sonhos, objetivos e sentimentos que os conservar com todo carinho parecem loucura aos olhos dos outros, quando até suas atitudes certas figura como errada, é, é muito difícil tirar a máscara quando ela faz parte do mundo que você vive.

Máscaras queimadas, barreiras derrubadas, quatro jovens e o mundo desabando.

Os quatro chegaram ao local julgado seguro para construir o barco. Era uma caverna daquelas que fica à beira do mar. Para chegar, eles passaram pelos lugares ocultos da cidade, se atirando pelas entranhas do mundo para alcançar o palco de sua nova festa, orquestrada pelo medo e o sentido de estar preso, idealizado pela liberdade e o sentido de não estar desfrutando dela.

Apesar do mundo cair em ruínas havia areia ainda, limpa, o amarelo mais belo, úmida pela correnteza que os ventos traziam constantemente. Alabama, Michaela e Éva, os três chegaram e foram logo desfrutando do lugar, rechearam as mão com aquela areia, colocaram o pé no mar sem receio, brincaram com aquilo tudo, mas não era pra menos, era a primeira vez que chegavam tão próximos ao mar.

Mesmo não acreditando em monstros, nem um deles com exceção de Owen chegará tão perto do mar antes. Owen apenas olhava eles, entendia a sensação que eles estavam sentindo, pois experimentou daquilo várias vezes.

— Deve ser aqui, pelo mapa que Nílton entregou só pode ser aqui — Falou Owen lendo um mapa improvisado, feito a caneta preta e folha de sulfite.

— Mesmo se não for, esse daqui é perfeito — Disse Michaela com os olhos brilhando refletindo o mar em suas íris.

— Não sei não, você é um péssimo navegador, nunca acerta o lugar — Falou Alabama se aproximando de Owen — Deixa eu ver isso aqui — concluiu pegando o mapa da mão do amigo.

Alabama olhou, revirou de todas as formas, aproximou o mapa perto dos olhos, e coçando a cabeça disse:

— É só pode ser aqui — Falou rindo, e saiu pulando descalço na areia macia.

— Pronto, nós temos trabalho a fazer — Disse Owen apressado.

— Agora não, nós temos tempo, vamos curti isso aqui mais um pouco depois nós começamos o trabalho chato — Falou Michaela passando a mão de leve na água transparente, tão limpa que parecia um vidro.

Éva estava quieta, desde que chegou não disse uma palavra. Estava no canto, o máximo possível longe da água, sentada, seu corpo tremia, e mesmo que estava em uma postura tranquilo, seu corpo parecia estar encolhido em si mesmo protegendo-se de algum perigo iminente.

— O que foi Éva, porque não se aproxima mais e vem curtir com a gente? — Falou Alabama alto, por causa da precisão que à distância necessitava.

— Não, eu estou bem aqui, não quero me molhar, pego resfriado muito fácil.

— A água está quente, olha o calor que faz, não será possível você pegar um resfriado — Disse Michaela.

— Não é a temperatura, somente a água já é motivo para me deixar resfriada.

— Deixa disso menina, venha para cá logo — Falou Alabama jogando um pouco de água na direção de Éva.

— Eu estou bem aqui, é sério, se eu pegar um resfriado serei apenas um peso, não conseguirei ajudar vocês na construção do barco — Eva levantou e sacudiu a poeira do vestido que usava — Quando nós vamos começar — Falou em um tom de ansiedade.

— Logo, deixa só esses dois brincarem até se satisfazerem — respondeu Owen.

Alabama e Michaela brincavam feito criança, um jogando água no outro, atirando bolas de areia que se desfazia no ar e deixava a maior sujeira na pele e roupas deles. Owen sorria com eles se divertido, alegria por os dois parecerem dois palhaços brincando. Owen foi para perto de Éva e sentou ao lado dela.

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