Após seus pés descalços tocar os farelos de liberdade que havia empoeirado o chão, Giovanna se viu livre naquele corredor branco. Olhou as celas ainda sem entender o que tinha acontecido. Pensou ter poderes especiais que ela não sabiam ainda, e logo depois desconsidero essa ideia.
Foi de encontro até a sela de seu namorado e fez a mesma coisa: bateu no vidro da cela como fizera antes. Nada aconteceu. Só podia estar delirando, pensou ela, ou ao menos um sonho muito real. Procurou constatar em cada cela, bateu novamente, só precisava que pelo menos mais uma quebrasse para que ela sentisse que sua sanidade mental estivesse boa. Nenhuma quebrou. Mas sua sanidade estava nas melhores, pôde comprovar isso ao ver cada uma das cinco celas restante virarem cinzas de vidro a sua frente. Se ela estava louca, todos os outros também estavam na mesma situação que ela; pensou.
Os cinco restante saíram com a mesma expressão boquiaberta. Era tempo de recapitular o que era real e o que não era, pensou todos ao mesmo tempo como um chat telepático. Era hora de estar livre também pensaram.
A música parou de tocar, somente o barulho da poeira era escutado além das respirações ofegantes de cada um, sem saber do que se tratava.
O ódio de Owen para a garota se dissipou ao ver pela primeira vez o rosto da menina. Dona de uma pele branca como a neve, tão clara quanto Éva ou ainda mais. A garota era de uma beleza encantadora, não uma beleza comum que pode ser moldada com o tempo, mas sim, algo que nasceu para ser assim, nasceu assim, para ser exatamente daquela forma que ele olhava. Olhou e encarou o olhar da garota e pôde perceber um casco em sua expressão, seu rosto continha algum tipo de sofrimento estampado e que não era ocultado nem mesmo quando a garota sorria.
— Você que é o Owen? Mais bonito do que eu pensei — Falou a garota sorrindo para Owen.
— Esse era seu plano para escapar? — Disse Owen ignorando o sorriso da garota.
— Eu nem tinha noção de que iria acontecer, e como poderia ter, não é?
— Isso só pode ser um jogo, algum truque, alguma piada, eles estão brincando com a gente — Falou Enzo olhando tudo em volta.
— Estão todos bem? Como é bom ver vocês novamente — Disse Alabama olhando da cabeça aos pés cada um.
— Para que prender a gente assim, fazer o que eles fizeram conosco durante esse tempo todo e agora do nada a gente sai, apenas batendo no vidro, o que isso significa? — Falou Michaela esfarelando o pó em suas mãos.
— Coisa boa não é — Disse Éva.
A porta que se estendia no fim do corredor abriu automaticamente como convidando para eles saírem. E após a porta se abrir por completo um alarme ecoou obrigando eles a fugirem. Era a válvula de escape. A única saída, e que foi misteriosamente mostrada para eles como mágica. Tudo estava se desenrolando para eles como uma falsa liberdade. Uma falsa fuga forçada. Tudo misterioso demais para aceitar de mão beijada.
— Sendo boa ou não é a nossa única opção, passar por aquela porta e correr, é tudo que nós temos Agora — Disse Owen caminhando lentamente em direção à porta.
— Pois vamos rápido porque cansei desse lugar sem vida — Falou Giovanna ultrapassando Owen e sendo a primeira a chegar na porta — Vocês não vem, amores? — Disse olhando os restantes que ainda estavam receosos de tudo aquilo.
O próximo passo venho de Michaela, logo depois Alabama, na sequência Enzo e Éva deram seus passos suspeitos juntos para o limite da porta; passos medidos, calculados minuciosamente, olhando tudo em volta eles foram e logo todos se encontraram além da porta que era a segunda camada de prisão deles. Só não era possível saber quantas teriam que passar para sentir o ar de liberto novamente.
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RATIUS (Completo)
Science FictionE se existisse uma forma de evitar conflitos antes mesmo deles acontecerem? Como seria uma sociedade preestabelecida por um dispositivo altamente inteligente que separa as pessoas por seus níveis de compatibilidade? Essa paz forçada seria verdadeira...