Capítulo XXXV: Eu te conheço

212 22 6
                                    

— Bom, por onde eu começo? — Disse o guarda balançando Éva — Ah, sim, alguns de vocês sabem o motivo de eu e meus queridos amigos estarem aqui nesse incrível dia? — Questionou o guarda. Sorriso triunfante no rosto.

Todos manteve suas posições intactas, imóveis, sem mexer sequer um músculo. Inofensivo era o estado, como uma presa que sabe que seu fim está próximo e apenas encolhe seu corpo e espera que ele chegue. Apenas os olhos seguiam o guarda que andava de um lado para o outro na sala sempre balançando Éva em seus braços.

— Tudo que eu esperava, ninguém nunca sabe de nada, são inocentes, olhem para esses rostos, todos inocentes — Falou o guarda a seus companheiros que acenaram com a cabeça sem dizer nada.

— Larga minha filha, você não precisa envolve-la nisso, larga ela! — Gritou Valentina entre lágrimas.

— Se envolver nisso? Espera, temos uma vencedora, a primeira a abrir a boca e dizer o que quero ouvir, mas o que seria "isso"?

— Segura ela direito, ela pode cair! - Falou Valentina soluçando com lágrimas — Olha, eu não sei, apenas larga minha filha, por favor, eu imploro.

— Calma, eu não machucaria essa princesa, eu machuco pessoas, mas ela... olha só, toda essa inocência e beleza, não seria capaz de machucar ela, seria? — Disse alisando o rosto de Éva com os dedos — Mas isso não vem ao caso no momento, sim, ela é parte disso tudo, mas não vem ao caso, bom, quem ira contar primeiro?

— Tudo bem, eu falo, eu cometi um crime, sou o culpado, o senhor pode me punir, mas por favor deixa essa família que não tem nada com isso — Disse Samuel se levantando assustado com as mãos para cima.

— Não só ele, eu também, nós somos os culpados, nós sabíamos da regra de não cruzar o muro e quebramos ela, aceito minha pena, mas poupe todos eles — Falou Milena se juntando a Samuel.

O guarda andava de um lado para o outro. Inquieto. Sempre pisando firme fazendo o chão de madeira ranger. Algumas vezes fingia deixar Éva cair de seu colo assustando todos e fazendo Valentina se afogar mais ainda em sua lágrimas. Ele ria com aquela situação. Entregou Éva para um dos guardas e se posicionou a frente de Samuel e Milena.

— Nossa, esse bebê é mesmo recém nascido? mas que peso, ou será minha falta de praticidade em segurar criança, além do mais faz anos que não pego o meu no colo, de qualquer maneira, vem aqui, rapaz, como é seu nome? — Disse olhando em direção a Samuel.

— Sa... samuel — Falou o rapaz trêmulo — Olha, tudo isso aqui é um mal entendido, nós estávamos perdidos e essa boa família acomodou a gente, mas olha só, eles não fazem nada de errado, não fizeram nada de errado — Trêmulo era o rapaz.

— Sim, meu bom rapaz. Samuel? o nome de meu Pai, boas lembranças tenho dele, mas as ruins predomina, deve ser por isso que tanto odeio ele — Disse olhando o teto buscando memória — Venha aqui, rapaz, eu acredito em você e acredito nela, tudo isso é um ridículo mal entendido que está acontecendo, nós fomos enviados aqui por algum erro na guarda dessa cidade, tudo, mas tudo mesmo é um erro — Falou colocando as duas mão no ombro do rapaz aproximando seus rostos.

— Sim, claro que é — Disse Samuel nervoso e forçando um sorriso. Antes de perceber uma cabeçada acertou seu rosto jogando o garoto no chão. O garoto pois instantâneamente a mão no rosto que já escorria sangue por seu nariz. Tentou levantar mas um chute o jogou no chão novamente, dessa vez ele nem fez força para levantar, não conseguia, estava quase inconsciente.

— Você acha graça nisso? Acha que eu não sei pra que merda me enviaram? Acha que eu não sei quem é o merda aqui que saiu das regras? Responde, seu merda! — Gritava o guarda apontando a arma para o garoto no chão.

RATIUS (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora