Capítulo XXXIX: Escute minha voz

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A madeira que um dia era uma árvore se transformou em pequenos tocos e, que agora estava sendo feito como combustível para sustentar o fogo que produzia o alimento no fogão de Izabelle. Estava sendo aquecido o Arroz e o feijão, assim como a carne de vaca que logo estaria no prato dos residentes. Isso era um prato cheio. Uma combinação típica.

Éva estava à mesa esperando para que seu estômago parasse de roncar. A fome a castigava e, isso a impediu de ir a uma expedição com os demais na floresta, esse era um dos fatores. A dor de cabeça que sentia e a vontade de passar mais tempo com a avó também foram as justificativas dela ter ficado. E de estar ali sentada a mesa, com seu prato ainda vazio, batendo com o garfo impaciente a espera de comida.

Foram longos 30 minutos de espera até ser servida. Primeiro o arroz, em seguida o feijão, para finalizar uma parte da carne - a maior parte - para completar o prato. Depois, Izabelle se auto serviu e sentou junto com a neta para apreciar aquela tarde. Com um almoço simples.

Fazia 37 minutos desde que o relógio bateu 4 horas da tarde. O clima lá fora ainda era calorento apesar de muitas nuvens fechar o céu e fazer cara de chuva. Não choveira aquele dia para sorte dos que estavam na aventura dentro da mata e também para sorte de Izabelle e Éva, pois a chuva traria goteiras na velha casa, interrompendo o jantar delas.

— O que tanto te oprime, Éva? — Pergunto Izabelle degustando sua comida.

— Como assim, vó? Não entendi a pergunta.

— Desde que você chegou aqui, percebir em seu olhar, em seu sorriso, tem algo de errado em você, algo que se encontra bem lá no fundo e que você esconde, eu sei que você é uma garota forte e passou por muita coisa nessa vida, não é coincidência eu pensar isso, mas o que tanto te Entristece? — Perguntou a vó novamente. Com tom preocupado.

— São muitos coisas, vó, como você bem disse — correu a mão pelo rosto de cima para baixo — Não sei, é um pouco de tudo, tudo me entristece, é como se eu estivesse pagando por um pecado que eu não cometi, as vezes sinto  como se o mundo me odiasse e estivesse pregando uma peça com minha vida — Desabafou a garota.

— Desculpa, querida, estar te perguntando isso, sei que sua vida não foi nada fácil, muitos vazios na sua vida — Pegou nas mão da neta — Peço desculpa pela gente, mas você está pagando sim um pecado, não dá sua mãe e muito menos seu, mas de seu avô e eu, nós somos os culpados disso tudo.

— Culpados? Culpados de se amarem e não ligar para um muro que separou vocês dois? Culpados por não seguir essa divisão destruidora? Culpados por dar esperança nesse mundo sem esperança, onde as pessoas vive fingindo não existir pessoas do outro lado, pessoas de bem e que mesmo assim, elas odeiam sem nem conhecer? Não, vocês não são os culpados, vocês são tudo o inverso de culpa — Falou Neta com raiva.

— Isso me alegra, saber que você não sente raiva de nós, saber que você sente orgulho pela gente apesar do que você passou, muito obrigada, minha menina, por essas lindas palavras.

— Somente eu tenho que agradecer por tudo, tenho muito agradecer por ser a filha do "bebê maldito" — Deu um sorriso irônico com o codinome que sua Mãe recebeu como fardo de seu nascimento — Eu posso não pertencer a família que as pessoas desse mundo mais ama, mas eu tenho certeza que pertenço a família que mais teve amor dentro dela, uma família que quebrou as barreiras dessa sociedade hipócrita, sou a neta do maior casal que esse mundo já viu — Disse Emocionada apertando as mãos da avó.

— Você é sim, minha menina, e mostrará isso ao mundo, os bebês da salvação, esse é nome que dou a sua Mãe e a você. Por isso quero que você coloque um sorriso no rosto sempre que olhar para o mundo, não mas essa expressão de que algo está faltando, você tem tudo apesar de não ter tudo que merece, você tem você, essa menina brilhante e, isso é mais que tudo para mim — Secou as lágrimas que escorria. Éva fez o mesmo — Agora, coma se não a comida vai esfriar — Retornaram as duas a alimentação. Com sorriso no rosto

RATIUS (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora