12. Poker face

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Dedico o capítulo à @matilderl, já te vou responder à mensagem (só vi hoje), deixa só o povo ir dormir cá em casa para eu poder responder na paz e no amor de nosso senhor jesus escrito, amén.

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"Can't read my,

Can't read my

No he can't read my poker face

(She's got me like nobody")

- Poker Face por Lady Gaga

"Ela foi mais simpática para ti neste papel do que para mim em seis anos de amizade!" Exclamou o Luís, revoltado, e entregou-me o papel que a Violeta tinha deixado em cima da mesa de centro da minha sala de estar. "Estou a pensar em deixar-te morrer à fome hoje."

O Luís devia ter por aí escondido um livro de receitas, só pode. Já cá almocei e jantei várias vezes e ainda não comera um prato repetido e não nos vamos esquecer de que tudo o que comera nesta casa estava maravilhoso, até mesmo o prato britânico que ele preparara pela primeira vez na vida. Hoje decidira fazer esparguete à bolonhesa (mesmo depois de eu dizer que não gostava de esparguete, mas também não ia ser um desmancha-prazeres e reclamar); já tinha comido uma ou duas vezes, mas nunca com queijo. Enrolava-se o grafo em cinco ou seis fios de esparguete e no momento em que separávamos o garfo do prato, teias de queijo ficavam agarradas ao resto da comida, com o molho da carne picada a escorregar por lá... isto é só delicioso, ele devia abrir um restaurante.

O Luís consegue fazer com que eu goste de esparguete.

"Mas não te habitues. Ela própria disse para não te habituares."

"Eu sei." Repliquei; nem o facto de a Violeta voltar a ser um tijolo daqui a uns dias me consegue abalar quando tenho um prato de esparguete à Bolonhesa à moda do Luís à minha frente. "Mas já considero isso um progresso."

"Não devias dar muita importância."

"Não dou." Mentira, dou sim. "É só que nunca tive amigos na minha vida e já que eu e tu somos, eu e ela podíamos ser também." Porque é que eu tenho sempre a impressão de que pareço uma criança de seis anos no seu primeiro dia na escola primária a falar sobre fazer amigos? Eu espero que não seja essa a ideia que estou a passar.

"Como assim nunca tiveste amigos?"

"Ainda não te tinha contado?" Indaguei, admirado. Ele fez um não com a cabeça. "Uh, pensei que tinha, pelo menos sei que à Violeta já contei."

"Estás a dizer que eu sou o teu primeiro amigo?"

"Estou..." Respondi, lentamente e um tanto embaraçado.

"Como é possível? Quer dizer, não me leves a mal, mas isso é estranho. Como é que nunca tiveste amigos?"

Como é que mudo de assunto sem ser mal educado?

"Não quero falar sobre isso." Espero não ter sido mal educado; ele é o meu primeiro amigo, talvez o único, gostava de não o perder. Onde iria arranjar comida fabulosa se perdesse a amizade com o Luís?

Ele não pareceu ficar zangado; em vez disso, continuou a falar sobre a Violeta e de como é uma questão de tempo até ela ficar mais ou menos bem disposta quando fala comigo. Segundo o Luís, ela está de mau humor 99% do tempo, mas esse mau humor tem vários níveis, por exemplo, o nível que ela está com o Luís é o nível de mau humor que se suporta, enquanto que o nível em que eu estou é o nível de mau humor em que a queremos triturar em um milhão de pedacinhos e servir esparguete à Bolonhesa com a carne dela.

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