67. Rape Me (Hiatus de Uma Semana)

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"Hate me

Do it and do it again

Waste me

Rape me, my friend

I'm not the only one."

- Rape Me por Nirvana

Eu estava... nervoso. E extremamente preocupado. E tudo e mais alguma coisa, não obstante a ansiedade que me consumia.

As minhas irmãs adoraram a Olívia e, dois dias depois de ela lá ter chegado, ainda nem se devia ter instalado como deve ser lá em casa, já a Ann tinha uma foto com a Angela e a Olívia na sala de música, com a Olívia identificada e tudo. A Violeta não tem instagram, não há forma de ela ver aquilo. Mas e se ela, do nada, criar um?, só porque sim? Obviamente, vai seguir as amigas, e quero acreditar que iria seguir as minhas irmãs.

Porém, isso foi preocupação para um dia, os meus maiores medos convergiam todos para o dia dos namorados, para o jantar desta noite. Ia estar no jantar com a Francisca e com o Tiago - se tivesse de escolher a dedo, seriam estas as minhas escolhas -, com o Rafael, o João e a Sónia na receção. O oceano atlântico inteiro caía sobre Gaia esta noite, portanto cobriram o jardim, como faziam nos dias de tempestade. O som da chuva a bater no coberto era inevitável, mas nem por isso deixava de ser agradável - e um pouco tranquilizante, deixava-me verdadeiramente mais calmo.

Violet.Hell.Queen: Estou aí por volta das 19h30.

Reli a mensagem pela nona vez, porque já eram oito da noite e não havia sinal nenhum dela. Pensei em ligar, mandar uma mensagem, falar com o Luís, mas não quero pressioná-la. Certamente estará hesitante, entre ir e ficar, deve estar a entrar num mini-pânico, aposto que ainda nem se vestiu, mas vamos abrir as portas que dão para o jardim daqui a nada e não tenho muita vontade de ver apenas catorze das quinze mesas ocupadas.

"Onde está a Violeta?" Perguntou o Tiago, enquanto caminhava na minha direção à medida que ia empurrando as cadeiras ao máximo para dentro das mesas.

Encolhi os ombros e não lhe respondi. Para um bom entendedor, meia palavra basta e ele percebeu perfeitamente o que ia cá dentro de momento. Não é que queira ter um ataque, mas estava prestes a ter um. Não quero acreditar que ela não vai aparecer. Não pode ser.

A Francisca avisou-me que ia abrir as portas, portanto aproveitei o tempo em que ainda podia ir ao telemóvel sem problemas e mandei uma mensagem à Violeta a perguntar onde ela estava. Mal o Tiago abriu as portas, deixei o telemóvel atrás do balcão onde estava e dirigi-me às pessoas, para as encaminhar às suas mesas. Ainda tinha esperança de que a Violeta estivesse algures a flutuar por entre o mar de pessoas e que toda esta espera agoniante não passasse de uma brincadeira traiçoeira dela, mas não. Vinte e oito pessoas entraram. E a Violeta não era nenhuma delas.

"Andy, onde é que está a Violeta?" Foi a vez da Francisca perguntar, o ar preocupado por momentos a fazer-me ignorar o quão estranha ela me parecia.

Claro que pediram roupa à discrição para este dia: eu e o Tiago estamos com uma camisa branca por dentro de umas calças pretas e umas sapatilhas "o mais limpas possíveis", disse o Sr. Ribeiro, e a Francisca está com uma camisa cor-de-rosa clara por dentro de uma saia-lápis, com o cabelo dourado preso e e uns saltos altos pretos.

"Não sei. Não contes com ela, ignora." Disse, para grande tristeza minha.

O Tiago estava a falar para os convidados; entretanto, a Francisca começou a fazer a sua ronda para levantar os pedidos das pessoas, enquanto uma das senhoras que servia o pequeno-almoço e o jantar no Hostel andava com um carrinho de bebidas por entre as mesas, a deitar água ou vinho nos vários copos de vidro. Eu estava petrificado, a tentar lembrar-me do que iria fazer, até que me lembrei do pormenor que discuti com o Tiago no sábado: eu tenho o menor número de tarefas entre nós os três, porque era suposto eu estar sentado numa destas mesas, com a Violeta. A única coisa que me foi pedida foi para estar no balcão a servir as bebidas alcoólicas depois do jantar e a ir ter rapidamente com quem precisasse da minha ajuda. Ora, se eu não estou com a Violeta e se não tenho nenhuma tarefa...

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