"We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Hearts are never broken
And time's forever frozen still."
- Photograph por Ed Sheeran
Depois do pequeno-almoço, a minha mãe ligou-me a dizer que estava a fazer as malas para ir para a Escócia; como ia passar uns dias em Portugal comigo, queria aproveitar algum tempo no país vizinho ao nosso, só para dizer que lá esteve. O problema é que as gémeas ainda têm aulas, portanto só o meu pai e a minha mãe é que vão; na próxima semana, as gémeas juntam-se a eles, esperam uns dias e voltam.
Pelos Snaps que as minhas irmãs punham, pude ver o quão horrível o tempo estava em Londres; quer dizer, não estava horrível, eu é que já me habituei ao facto de estar em Dezembro no Porto e chover de vez em quando. Achei isso muito estranho, cheguei até a comentar com o Luís, e ele disse-me que isso, de facto, era estranho, que há cinco ou seis anos já chovia torrencialmente em Novembro e até março ou abril o tempo era frio e chuvoso, mas que, ultimamente, até meados de outubro estão temperaturas acima dos trinta graus e chove mais na primavera. Bem, o mundo anda estranho.
A Violeta continuou animada que nem uma criança numa loja de doces; outra estranheza da vida, mais para o Luís do que para mim. Ele estava chocado.
"Isto nunca aconteceu." Explicou ele enquanto comia o seu terceiro croissant de manteiga com queijo. "Talvez tenhas exagerado. Se calhar ela não estava assim tão mal."
"Ela estava." Garanti. "Ela não falava, ela não se mexia, não comia, chorou durante uma hora." A não ser que ela costume ficar ainda pior do que isto, mas duvido que tal seja possível.
"Hm..."
Não sei se ele simplesmente não acredita em mim, ou se está tão espantado que a ideia de uma Violeta recuperar tão rápido que a mente não consegue processar tal facto.
"É só que..." Suspirou, ainda incrédulo, mas já mais persuadido a acreditar do que antes. "Quando isso acontece, dura dias. Às vezes, dura mais de uma semana. É estranho porque ela recuperou rápido, é só isso."
Não sei porque é que ele está tão focado na estranheza da situação ao invés de ficar feliz; se eu estivesse no lugar dele, veria isto como um progresso, uma melhoria, que ela está a ultrapassar o que quer que ela tenha de ultrapassar. No entanto, o Luís sabe muito mais sobre ela do que eu e conhece-a muito melhor também. Talvez não esteja feliz porque isto não significa nada de bom, mas sim pelo contrário. Também não vou perguntar, não quero parecer que estou a forçá-lo a contar-me algo mais.
"O que é que tu fizeste?" Ele perguntou, olhando-me agora com um misto de curiosidade e desconfiança.
O que é que eu fiz? Nada. Ao que parece, até fiz asneiras, não foi?, mencionei pessoas que não devia ter mencionado, ela fugiu mal eu saí de junto dela - algo que ela nunca fez numa situação destas, ao que parece. Tirando isso tudo, só lhe trouxe comida, e nem lhe trouxe o que ela pediu, e enrolei-a numa manta. Só isso. Isso e o deixá-la estar quase deitada sobre o meu braço durante uma hora, a chorar com a cara no meu ombro. Fiquei com o braço adormecido passado uns vinte minutos, mas pronto.
"Nada de mais."
"Tiveste de fazer algo. Aliás, tu andas a fazer." Insistiu. "Não sei explicar."
"Eu não faço nada." Tento seguir as instruções que me deste, mesmo que me esqueça delas vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. "Lamento por teres vindo de volta para o Porto e estar tudo normal."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Jump
RomansaAndy sempre gostou de viajar, não deixando nenhuma oportunidade de o fazer escapar. Quando o programa de ERASMUS abre na sua universidade, escolhe como destino Portugal e é lá que passará meio semestre. Podia ser mais uma viagem normal, mas um passe...