65. Hear You Me

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"There's no one in town I know

You gave us some place to go

I never said thank you for that

I thought I might get one more chance."

- Hear You Me por Jimmy Eat World

sobre o capítulo: as fotografias da Violeta, Olívia, Abigail e Luís são fotografias minhas a fazer-me passar pela Violeta e fotografias dos meus amigos em quem me inspirei para a Olívia, Abigail e Luís. É suposto as fotografias terem sido tiradas no mesmo dia, mas, obviamente, as fotografias que eu vou postar são de dias diferentes, portanto ignorem o facto de estarmos com roupas diferentes. As tatuagens da Abigail são as tatuagens da Guida, que é a Abigail na vida real, e a do pássaro é de uma amiga minha, a PrimroseWords aqui do wattpad. Não partilhem as fotografias, por favor.

Não achava que a Violeta e o Luís fossem demorar muito, mesmo estando com as suas amigas; elas fizeram uma viajem de avião e é sempre cansativo, devem estar exaustas e deitar-se-ão cedo. Ainda assim, também não acho que fossem todos voltar para casa às nove da noite, portanto passei um pouco de tempo com a Francisca, enquanto ela punha a conversa em dia, porque a Francisca tem sempre um aglomerado de coisas novas para contar. Sempre.

A certa altura, fartos de estarmos no McDonald's que cada vez enchia mais e cientes de que estávamos a ocupar o lugar de alguém que quisesse jantar, levantamo-nos e fomos embora, descendo até ao rio e entrando num bar qualquer na margem. Sentamo-nos numa mesa para dois e ficamos a beber Coca-Colas até não haver mais moedas para pagar uma nova. Fiquei a conhecê-la muito melhor agora e ela a mim, e acredito que já estava na hora. Por causa de todos os dramas da Violeta e do Hostel, poucas eram as conversas que se focavam em nós, estávamos os dois a precisar disto.

E eu agradecia. Não sabia o que era simplesmente ir a um café e ficar lá durante horas a beber um sumo com os amigos e deixava-me mesmo feliz saber que cheguei a um ponto na nossa amizade em que isto é normal - não sei quanto tempo é que é costume atingir-se este patamar, mas estou feliz de qualquer das maneiras. Duas horas bem passadas, a falar de tudo e de nada, a mudar de assunto de repente aquando ela se lembrava de algo de novo, a rir de algo estúpido, duas horas que me fizeram concluir que ela era semelhante a mim em vários aspetos. É uma parte de mim noutra pessoa.

Perto das onze da noite, recebi um novo Snap e, ao abri-lo, li que a Violeta estava já em casa. Uns minutos depois, despedi-me da Francisca nos Aliados, ela foi apanhar o metro e eu subi a avenida, em direção a casa. No preciso momento em que fechei a porta do prédio atrás de mim, começou a chover e à medida que ia subindo as escadas da entrada, a chuva ia caindo com mais força e abundância. Estamos no meio do inverno.

Entrei em casa, tudo submerso em escuridão à exceção de um fio de luz alaranjado ao fim do corredor, por baixo da porta do meu quarto. Depois de pendurar o casaco por cima de outro casaco no cabide atrás da porta, já a abarrotar de casacos - dois deles, da Violeta -, tirei as sapatilhas e verifiquei que, sim, tinha uma chiclete na sola. Trato disto amanhã.

Estava um montinho na minha cama debaixo dos cobertores iluminado pela luz do candeeiro. A Violeta não deu fé de eu entrar, nem tão pouco se mexeu, portanto deve estar já a dormir. Vesti umas calças de pijama e saí para ir lavar os dentes; ao voltar, o montinho de cobertores estava igual, portanto tentei deitar-me na cama sem fazer barulho, não vá acordá-la do sono milagroso. Mas mal meti o meu braço em volta dela, ela abriu os olhos e virou a cabeça para mim: "O que estás a fazer?"

"Conchinha." Repliquei, enterrando a cabeça na almofada. "Ou já não queres?"

"Não, não, deixa-te estar." Agarrou-me a mão e puxou-me ainda mais para ela, colando-se completamente a mim. "Deixa-te estar."

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