24. Far From Home

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"All the places I've been and things I've seen

A million stories that made up a million shattered dreams

The faces of people I'll never see again

And I can't seem to find my way home."  

- Far From Home por Five Finger Death Punch

Faltava pouco menos de duas semanas para o Natal, o que justificava toda a azáfama das pessoas em saltar de uma loja para a outra, todas elas com sacas enormes de papel em ambas as mãos, algumas não grandes o suficiente para proteger todo o seu conteúdo. Ao chegarmos perto das escadas-rolantes, decidimos separar-nos, para que cada um de nós pudesse comprar os presentes sem nos preocuparmos com a presença da pessoa em questão que os irá receber.

A Violeta voltou para trás; o Luís continuou em frente e eu meio que me senti obrigado a descer, ainda sem saber o que oferecer a cada um deles. O Luís parecia-me mais fácil, no entanto, bastava procurar algo relacionado com o desporto. A Violeta, honestamente, não sei. Estou perdido num mar de possibilidades onde todas elas me parecem impossíveis e improváveis. De qualquer das maneiras, afastei a Violeta da minha mente quando cheguei ao andar de baixo, deparando-me com a Sport Zone. Não há melhor lugar do que este para tirar ideias para o Luís.

Não lhe podia oferecer sapatilhas, muito menos roupa. Nunca gostei de oferecer nada disso a ninguém, porque as pessoas vão sempre sentir-se obrigadas a dizer que gostaram. A única sorte delas é se a roupa ou calçado não servir, e podem sempre trocar e até trocam por outra coisa que queiram. Mas e se servir na perfeição?, vão sorrir e dizer que adoraram e agradecer e, mais tarde, guardar aquele presente num canto do nosso roupeiro, para que nunca mais olhem para ele. Porém, na Sport Zone é tudo à base disso: sapatilhas, roupa de desporto, meias, sei lá. Não sei do que ele precisa e não vou estar a dar-lhe, sei lá, um relógio que conte os quilómetros que ele correu, de certeza absoluta que ele já tem um.

Todavia, ao passar pelo balcão, apercebi-me da quantidade de cartões diferentes que estavam expostos, com um papel por cima certamente a explicar os cartões. Só que em português. Ainda tentei chegar lá por mim mesmo, mas rapidamente desisti, optando por pegar no meu telemóvel e abrir o tradutor.

Não sabes o que oferecer? Carrega um cartão-presente e oferece-o para que os teus amigos possam comprar aquilo que quiserem! Ora nem mais. É mesmo isso que vou fazer.

"Olá, bom dia." Cumprimentou-me uma rapariga, senão da minha idade, muito perto. "Que deseja?"

Não pude fazer nada senão apontar para os cartões e rezar que ela me entenda. Não havia muito que entender, portanto acho que me safei.

"Qual o valor que deseja carregar no cartão? Pode carregar entre 5 e 1000 euros." Os portugueses e a mania de falarem rápido.

Desde que comecei a aprender novas línguas que os números são o meu forte; são quase sempre a primeira coisa que aprendo e muito, muito dificilmente me esqueço deles. A minha sorte aqui foi ter ouvido dois números, portanto suponho que a rapariga me tenha perguntado quanto dinheiro eu quero pôr no cartão.

"Cinquenta." Respondi e fiquei a observá-la a fazer o seu trabalho, com um cartão na mão e os olhos fixos no ecrã tátil do computador. A minha questão é: cinquenta euros é considerado muito ou pouco?

"É para oferecer como prenda de Natal?"

Espero que não se tenha notado muito o quão feliz eu fiquei por ter percebido a pergunta, embora não tenha percebido algumas palavras.

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