80. Never Gonna Be Alone

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"Time, is going by, so much faster than I,

And I'm starting to regret not telling all of this to you.

You're never gonna be alone!

From this moment on, if you ever feel like letting go,

I won't let you fall,

When all hope is gone

I know that you can carry on

We're gonna take the world on

I'll hold you 'till the hurt is gone."

- Never Gonna Be Alone por Nickelback

Não havia despertadores para me acordarem a mim, que não tinha de trabalhar tão cedo hoje, nem à Violeta, pois era sábado e ela não tinha aulas; ainda assim, não consegui dormir depois das nove da manhã, resultando no meu corpo estendido com as mãos cruzadas sobre a barriga enquanto encarava o teto, a pensar em todo o tipo de soluções para a Francisca, mas chegando sempre ao mesmo beco sem saída - a única coisa que podia fazer era falar com os meus pais, mexer uns cordelinhos de ouro e realizar os seus desejos, como se fôssemos génios saídos de lâmpadas mágicas. Porém, isso implicaria eu contar à Francisca aquela parte minha que eu escondo e eu acabei de o fazer com a Violeta, ainda não me sinto preparado para o voltar a fazer. Não tão cedo.

Quando a Violeta acordou, já passava das dez e meia, eu ainda estava na exata mesma posição. Inicialmente, ainda a esfregar os olhos e a bocejar - mesmo que tivesse acabado de acordar -, olhou para mim como se nada se passasse, mas, posteriormente, assim que verificou que eu estava qual estátua horizontalmente pousada sobre a cama, franziu o sobrolho, confusa: "O que se passa?"

"Nada." Retruquei, calmamente, e aproximei-me dela para a beijar. "Bom dia."

"Está tudo bem?" Assenti, com um sorriso na cara, maravilhado por ela acordar mais uma vez ao meu lado. "Então estavas só a ser estranho porque sim?"

"Sim."

Deitou-se novamente e colou-se a mim, tombando a cabeça sobre o meu copo. Não fui a tempo de separar as minhas mãos e envolvê-la com um braço, por isso deixei-me estar, como se a minha posição fosse para sempre imutável.

"Eu consigo ver que algo te está a incomodar." Advertiu, arqueando uma sobrancelha. Engoli em seco.

"Sim, tens razão, mas não é algo com que tenhas de te preocupar."

"Continuo a querer saber o que se passa. Não és o único que pode ajudar os outros."

Suspirei: "Eu sei, e agradeço, mas não há nada que possas fazer."

"E daí? Posso ouvir-te." Constatou. "Às vezes, expor os problemas em voz alta dá-te uma nova perspetiva, como se esvaziasses a tua mente e tivesses, por isso, mais espaço para pensar."

Virei a cara para ela, encarando-a; a verdade é que, agora que penso melhor, sentia-me um pouco idiota. Sou sempre o primeiro a insistir no que toca aos pensamentos dela, oferecendo-lhe uma moeda metaforicamente por eles, mesmo sabendo que nem sempre a posso ajudar com o que quer que seja. Mas também eu tenho momentos em que a moeda vem dela e já que estamos numa relação pela qual eu tanto lutei que sentido faz eu fechar-me numa concha? Às vezes consigo ser mesmo estúpido.

"A Francisca pode vir a ser despedida. Foi super mal educada com os clientes ontem e houve um casal que escreveu uma reclamação no livro vermelho. Fui ter com ela para tentar perceber o que se passava e descobri que todo o mau humor dela, que eu julguei ser uma coisa normal, tem precedentes, precedentes esses que eu não sei como não tinha neles reparado antes."

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