71. Love Isn't Always Fair

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"One look and I am sold

You've got me on my knees

You steal all my innocence

A love sick melody

Take me."  

- Love Isn't Always Fair por Black Veil Brides (a banda do Andy)

"Jesus Cristo." Exclamei, assim que vejo o Tiago a dar indicações a um homem que trazia um número incontável de cervejas num carrinho.

O Carnaval era amanhã, até tinha direito a um feriado, e a festa seria hoje a partir das onze da noite. Só trabalharia quatro horas esta manhã para trabalhar as outras quatro durante a festa, juntamente com a Francisca, o Rafael, o Tiago e o Rui. A manhã foi praticamente preenchida com os preparativos: o pessoal da cozinha passarinhava de um lado para o outro com comida, os homens da decoração já tinham tratado do jardim, as bebidas tinham começado a chegar, já nos vieram trazer gelo e só faltava tratarem do som. A festa não era limitada aos hóspedes - toda a gente, desde que pagassem, poderia vir festejar a noitada de Carnaval connosco, vinha até incluído no preço o direito a duas cervejas e um copo de uma bebida à escolha.

"Acho que foi em vinho que ele transformou a água, não cerveja." Comentou o Pedro, ao meu lado. Abafei uma gargalhada.

"Achas que vendemos aquilo tudo?"

Encolheu os ombros: "Com jeitinho, vamos ter de ir buscar mais cervejas a meio da festa." Bem visto.

Tinha mandado vir o meu disfarce de um site qualquer que encontrei na internet na semana passada; estava com receio de que não me servisse, mas posso-me dar ao luxo de desperdiçar dinheiro noutro, caso tal acontecesse, mas estava tudo bem. Vou passar quatro horas logo à noite vestido de Batman, a servir bebidas, a ouvir música brasileira ou espanhola, a controlar a situação.

O Pedro foi ajudar o Tiago, deixando-me com a Francisca no balcão. Tinha estado a manhã inteira a receber a mensagens na página do Facebook do Hostel, quase todas elas sobre a festa de Carnaval, e parecia bem humorada, o que não era costume. Acho que o Til vinha logo à noite e ela estava demasiado feliz por causa disso, portanto é melhor não estragar a felicidade, que poderá muito bem vir a estragar-lhe a noite.

"Então!" Guinchou, após bater com a unha gigantesca na tecla do Enter. "De que vens logo à noite?"

"Já te disse uma dezena de vezes, venho de Batman, mulher."

"Podias ter mudado de ideias, não sei." Balbuciou, com um encolher de ombros. "A Violeta vem?"

Abanei a cabeça negativamente.

"Porquê?"

"Não a convidei."

Estávamos tão bem... demasiado bem. Era tudo um aglomerado de arco-íris e unicórnios, em que estávamos juntos mas não tão juntos, em que ela se tinha mudado mesmo para o meu apartamento; até o Bonifácio passava uns dias por lá de vez em quando, isso explica os três arranhões que tenho nas pernas e as marcas dos seus caninos nos meus braços. E é o facto de estar tudo a correr às mil maravilhas que me leva a ser ainda mais cauteloso do que o costume: convidá-la para vir a uma festa de Carnaval, duas semanas depois do dia dos namorados, podia ser puxar demasiado a corda da sorte e fazer com que ela se zangasse. Não queria arriscar, não queria tirar uma das cartas-base deste castelo frágil que ando a conseguir construir nestes últimos dias. Foi isto que contei à Francisca, mas, obviamente, ela achava que eu estava a exagerar.

O Sr. Ribeiro veio dar uma vista de olhos no Hostel por volta das onze da manhã, o que todos nós achamos suspeito, porque não era costume. Averiguou as preparações no jardim, falou com o Tiago sobre qualquer coisa e disse para avisarmos a Sónia de que seria despedida se voltasse a chegar atrasada outra vez - a sorte da rapariga é o Sr. Ribeiro não saber que ela devia cá estar agora mesmo e que não estava precisamente por estar atrasada novamente, mas não lhe dissemos nada.

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