77. My Immortal (+16)

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"I'm so tired of being here

Suppressed by all my childish fears

And if you have to leave

I wish that you would just leave

'Cause your presence still lingers here

And it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal, this pain is just too real

There's just too much that time cannot erase."

- My Immortal  por Evanescence

Quando deixei a Violeta para ir trabalhar, fui acompanhado por um receio sem sentido algum até chegar ao Hostel. Não me apetecia mesmo nada deixa-la sozinha, apenas um dia depois de o Marco ter feito o que fez - pela última vez. Acordou bem disposta, é verdade, mas eu tenho parar de assumir que em todos os dias em que ela se rende à tristeza e murcha por completo, ela acordou já assim, porque pode não ser verdade. Quem sabe se eu não vou chegar a casa e encontrá-la morta por dentro num canto qualquer do apartamento?, eu espero mesmo que não, mas nunca se sabe e esse medo está a roer-me a alma por dentro.

Ainda assim, não deixava de estar, ao mesmo tempo, feliz. Apesar de ela ainda não ter ultrapassado tudo pelo que passou e passa, vencer o obstáculo que para ela era confiar em alguém?, isso diz imenso. Ela está num caminho, espero eu que sem volta, de superação. É um longo caminho, eu sei, nem sequer lhe vejo o final. Mas a verdade é que uma caminhada de mil passos começa com um, e esse um ela já o deu, só lhe resta dar os próximos novecentos e noventa e nove, onde vai cair e recuar e parar e desviar-se. Porém, eu vou estar lá e vou fazê-la continuar. Tenho de fazer.

"Estás bastante feliz hoje, Andy." Fez notar o Rui, meia hora depois de ter começado a trabalhar.

"Realmente." Frisou o Tiago, do outro lado.

"Vocês falam como se isso fosse uma coisa má."

"Não, nada disso." Corrigiu-se rapidamente o Rui.

"Aposto que a manhã começou bem." Por acaso, não. Começou bastante mal, mas isso não apaga o quão bem a noite acabou.

Uma rapariga veio fazer o check-in, ocupando o tempo do Rui. Aproveitei a sua distração para me virar para o Tiago e contar-lhe a verdade; nada contra o Rui, ele simplesmente não somos assim tão amigos como eu e o Tiago e não está assim tão atualizado sobre a minha vida quanto isso: "Adivinha quem está oficialmente numa relação."

Ele deixou cair o queixo, extasiado: "És o meu orgulho, mano." Dito isto, bateu-me nas costas com a mão. "Posso fazer um discurso no casamento?, prometo que não te envergonho."

Soltei uma casquinada e foquei-me no meu trabalho, sem conseguir apagar a Violeta num vestido de noiva, obviamente preto, a atravessar a nave principal de uma igreja apinhada, todos emocionados ao verem-na passar. Nunca pensei em casamentos, porque não acho que seja o tipo de pessoa que algum dia vá fazer uma festança dessas e convidar até os primos em terceiro grau, e a Violeta muito menos. Porém, não acho que daqui a uns anos não vá acontecer. Eventualmente, quase toda a gente o faz, mesmo os que sempre foram contra isso. E, agora que estou a Violeta, a ideia de um casamento parece-me muito menos ridícula do que antes.

Meu Deus, o que é que se passa comigo?, nem à vinte e quatro horas namoramos e já estou a pensar em casar com ela, eu estou doente.

"Já disseste à Francisca?" Perguntou-me o Tiago. Pois, a Francisca devia ser a primeira a saber, ela e o Luís. Por ironia das ironias, o primeiro a saber foi o Marco. A vida é assim, às vezes.

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