"Don't you try to hide with those angel eyes
If you let me inside, I won't hold back this time.
Such a deep disguise, the devil's right inside
More than paralyzed, it is the chase you like"
- Angel Eyes por New Year's Day
A Joana teve de sair mais cedo, de modo a que me tivesse deixado sozinho com o Luís e a Violeta. Houve problemas quando chegou a hora de pagar a conta, que era um valor exorbitante, uma vez que o Luís queria pagar tudo e eu não queria que ele o fizesse. Mas ele acabou por ganhar e pagou o almoço. Apesar de me sentir ligeiramente mal com os meus pensamentos, fiquei super feliz quando ele se ofereceu para me pagar algo. A mim. A pessoa a quem todos pediam para pagar algo por eles.
É a primeira vez que isto me acontece e não estou feliz por não ter pago um almoço, nem sequer tem a ver com dinheiro. Eu estava feliz porque pela primeira vez na vida alguém quis fazer algo simpático por mim, sem segundas intenções, sem me tramarem no final, sem eu ter de abrir a carteira e tirar um cartão de crédito para fora. Sem se aproveitarem de mim. E estou-me nas tintas para o que o mundo acha sobre amizades; talvez um ou dois dias não seja o suficiente para se fazer um amigo, mas, como já disse, estou-me nas tintas para isso. Fico feliz por no meio de tantas, tantas pessoas, eu ter parado no caminho deste gajo. A sério.
Quando saímos do restaurante, o Luís convidou-me para ir dar uma volta com eles para conhecer a cidade mais profundamente e para jantar com eles logo à noite. Aceitei o jantar, alertando-o que o próximo jantar, ou almoço, era da minha parte, porém, recusei o passeio. Já passei demasiado tempo com eles, principalmente com o Luís, e não quero ser um incómodo nem que ele se canse de mim tão cedo. Para além disso, a minha suposta vida universitária continua amanhã e eu tenho coisas para preparar.
"Vou falar com a D. Odete mal possa para ver se podes alugar o apartamento do rés-do-chão."
"Ah... obrigado. Desculpa dar-te trabalho, eu..."
"Não é trabalho nenhum. Violeta, onde vais?" Perguntou ele, repentinamente.
"Não te pago para seres meu segurança, imagina se pagasse." Ripostou ela, mal humorada. Aposto que é de toda a cerveja que ela bebe, se bebesse sumo ou água seria um amor de pessoa.
"Violeta."
"Vou à fnac."
"Ao domingo? Deve estar mais cheio que o auditório no teatro do Mamma Mia."
"Primeiro, não se fala do Mamma Mia..." Resmungou a Violeta, ao que o Luís se riu.
Eu já pouco percebo da língua deles e eles ainda insistem em falar rápido como tudo. Como é suposto eu aprender uma língua cujos nativos falam a correr? E porque é que ele falou italiano no fim? Esta gente...
"Segundo, vou à Bertrand nesse caso."
"De metro?"
"Sim." Suspirou, revirando os olhos.
"Tens dinheiro para o metro?"
"Ai!, Luís, não te preocupes!"
Ele ergueu as mãos no ar em rendição e despediu-se de mim, uma vez que ele tinha de descer a rua para ir para casa e eu tinha de subir; quanto à Violeta, saiu disparada em direção ao sabe-se lá o quê, deixando-me pendurado em frente do restaurante. Chamo, não chamo, chamo, não chamo...?
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Don't Jump
عاطفيةAndy sempre gostou de viajar, não deixando nenhuma oportunidade de o fazer escapar. Quando o programa de ERASMUS abre na sua universidade, escolhe como destino Portugal e é lá que passará meio semestre. Podia ser mais uma viagem normal, mas um passe...