"Said woman take it slow and things will be just fine
You and I'll just use a little patience
Said sugar take the time 'cause the lights are shining bright
You and I've got what it takes to make it
We won't fake it, I'll never break it
'Cause I can't take it."
- Patience por Guns n' Roses
Eu perdi a conta do número de raparigas que eu beijei na vida. As doze namoradas que assumi, as outras tantas com quem andava, mas cuja pseudo-relação nunca tornei oficial, e todas aquelas com quem me fui divertindo até chegar à Ashley e acabar com esta merda - mais a Sofia. Foram dezenas, não me lembrava do nome de algumas, não me lembrava sequer da cara de outras tantas, e de certeza que me estou a esquecer de muita gente. Mas não interessa: por muito que a boca dela saiba a álcool - e a minha saiba, de certeza absoluta, a café -, nada nem ninguém se compara a isto.
A minha mente esvaziou por completo à medida que a língua dela se enrolou na minha, o meu piercing a raspar nela. Estava tão desnorteado que dei um passo para trás em falso e me desequilibrei, quase caindo, mas consegui manter-me de pé. Não conseguia pensar em mais nada senão nos lábios dela em sintonia com os meus e o quão eu estava a adorar isto. Parecia um leão esfomeado a devorar uma presa, mas estava tudo bem, porque ela parecia uma leoa esfomeada a devorar uma presa também.
"Vamos para casa." Sussurrou, após afastar a sua boca da minha, mas mantendo as nossas testas coladas. "Sim?"
"Sim." Aceitei - como poderia recusar?
Ela agarrou-se ao meu braço e, em passo acelerado, dirigimo-nos à saída da discoteca. O segurança a quem tinha entregue cinquenta euros estava de costas para nós, mas mal passamos por ele, fomos parados. O que foi agora, caralho?
"Mostrem-me o cartão." Que cartão, o quê?
"Olá, Zé..." Zombou a Violeta, ao meu lado, entre gargalhadas.
O segurança revirou os olhos: "Ah, és tu, podes ir. Tu não." E apontou para mim.
"Oh, vá lá, Zé..." E fez beicinho. O que se passa aqui?
"O cartão?" Que cartão!?
"Eu não tenho o cartão." Disse.
"Que pena." Troçou, cruzando os braços. Já estou a perceber onde ele quer chegar.
Voltei a tirar a carteira do bolso do casaco e a abri-la, tirando uma nota de vinte, que era tudo o que me restava. Entreguei-lha, ele meteu-a ao bolso o mais rápido que pode e saiu do nosso caminho, com um sorriso tosco e vitorioso na cara. A Violeta agradeceu, sabe-se lá porquê, e corremos na direção do carro do Luís, não vá a chuva encharcar-nos mais do que o necessário. Destranquei o carro à distância e ela entrou para o lugar de pendura enquanto eu me dirigia para o lugar do condutor.
Tinha eu acabado de fechar a porta e já ela estava a aproximar-se; sobre mim, um joelho em cada lado da minha perna a apoiá-la, as mãos geladas dela emolduraram-me o rosto e ela voltou a beijar-me. Não perdi tempo em circundá-la com os meus braços e inclinar-me sobre o seu corpo, continuando aquilo que ela tanto parecia querer. Quando a encostei ao volante, tive o pensamento mais perturbador de sempre.
"OK, vamos para casa." Disse, entre o beijo. "Não quero nem pensar no que o Luís e a Joana já devem ter feito neste carro."
"O que quer que eles tenham feito, aposto que conseguimos fazer pior." Constatou e, dito isto, mordeu-me o lábio inferior, puxando-o com força. Não me faças isso, tiras-me o que resta da minha racionalidade! E está a sangrar, ótimo... "Não conseguimos?"
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Don't Jump
RomanceAndy sempre gostou de viajar, não deixando nenhuma oportunidade de o fazer escapar. Quando o programa de ERASMUS abre na sua universidade, escolhe como destino Portugal e é lá que passará meio semestre. Podia ser mais uma viagem normal, mas um passe...