07 - "Eu disse isso?"

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No outro dia, já saindo de casa dona Clecia vem ate mim toda animada para contar alguma fofoca, já esperava por ela.

—Bom dia minha querida – disse me conprimentando com um beijo e um abraço – como está?

—Muito bem dona Clecia, e a senhora?

—Estou muito bem, já ficou sabendo do que a Patricia fez? – ja partiu pro assunto.

—Não! O que aconteceu?

—Matheus descobriu que ela o traia com o porteiro.

—Nossa! – levei meu dedos os lábios tentando parecer surpresa.

Todos ja sabiam que ela tinha casos com o porteiro, rolou suspeitas de que ela estava grávida mais acabou perdendo.

—Sem contar que o porteiro também era casado, mais ele se deu bem pois pegou demissão e saiu, mais o Matheus saiu de casa e disse que não vai mais pagar o condomínio.

—Coitada – disse da boca pra fora.

Patricia não gosta de mim desde quando me mudei pra cá.

—Coitada nada, ela é uma vadia, estava até com o proprio cunhado na semana passada. Mais agora ela se ferrou pois o Matheus quem pagava as contas e agora ela se ferrou.

—Imagino. Por isso não devemos depender de homem pra nada.

—Sim, por isso eu só confio no Ricardinho.

Dona Clecia era aquela senhora viúva que com apenas 5 anos depois que o marido faleceu, ja levou 7 velhos pra casa.

—Não era o Alonso? – até a semana passada era.

—Não, minha querida, Alonso faleceu.

—Dona Clecia o Roberto quem faleceu, se lembra?

—Quem faleceu foi o Almiro.

—O Almiro é o nome do síndico.

—Então é Denis?

—Não.

—Esquece isso, vamos falar de você. Quem era aquele galã que estava contigo no sábado? É um Deus grego – falou dando ênfase.

—É um…

—Namorado! – me interrompeu – ótimo gosto menina, aprendeu com a velinha aqui né? – deu aquele sorriso com a dentadura.

—Não, ele é só um garoto da boate.

—Mais por que ele entrou no seu apartamento? Não que eu seja fofoqueira – levantou as mãos em rendição – mais me disseram que você estava pedindo ele em casamento, implorando para que ele se casasse contigo. E eu não sou de fofocas.

—Eu disse isso? – com certeza não, ela mente.

—Sim, juro! Você estava sendo carregada por ele e com uma voz em meio a suplícia para que ele se casasse contigo, parecia até que estava bebada, mais te conhecendo sei que não faria isso.

—Não, claro que não.

—Sim, sim minha queria, ouvi claramente, se me contasse eu não acreditaria, você dizia: "Casa comigo, por favor" "Eu quero ter um bebê"

—Eu disse isso? – perguntei incrédula.

—Sim, eu ouvi, da minha casa escutava você gritando e pedindo, ou melhor implorando para que se casasse com você – com certeza ouviu de trás da porta.

—Jura? – ainda não acreditava.

—Sim, pergunte para qualquer pessoa desse andar, todos vão responder o mesmo.

Eu mordi a unha pensando no que havia acontecido, não me lembrava de nada, e a essa hora já estava mais vermelha que minha boca com um batom tomate. E eu o expulsei de casa… mais por que me preocupei? Estava errada mais, não devia me desculpar.

—Mais seu namorado saiu bravo daqui.

Sim, até eu sairia, eu estava bêbada, só poderia ter feito isso, sem contar que a Dona Clecia não mente, ela adiciona coisas mais não mente, preciso falar com ele, iria ligar.

—Saiu né? – fiz carinha de pena – vou conversar com ele, muito obrigada dona Clecia.

Sai.

Entrei no meu carro e segui até a empresa, meu pai estava na recepção me esperando com uma satisfação no rosto, caminhei até ele o saudei e lhe dei um beijo no rosto.

—Aconteceu alguma coisa? – perguntei.

—Sua mãe e eu conversamos e decidimos que você vai sim para a Nova Zelândia.

Eu sorri junto a ele e o abracei bem emotiva e realizada. Minha mãe se aproximou de nós e cruzou os braços batendo a perna.

—Mamãe – a olhei – eu vou para a Nova Zelândia.

Ela estava com uma cara de insatisfação, e eu olhei pra baixo pensando se tinha feito algo para não receber isso.

—Aconteceu alguma coisa?

—Não – disse simplesmente.

—Animo gente, Dulce você vai para Nova Zelândia minha filha – meu pai me abraçou deitando minha cabeça em seu peito.

—Sim, você vai, mais para representar os ''Savinón's'' em uma confraternização de empresas – deu ênfase nas últimas palavras.

Eu olhei meu pai e cruzei os braços ficando ao lado da minha mãe. Nos duas ficamos olhando ele seriamente, eu odiava ir a essas festinhas e eventos da empresa, era muito chato, e a minha mãe odiava ver o meu pai jogando sujo comigo.

—Eu não vou para nenhum evento…

—Por que?

—Não quero, e você me deve essa viagem.

—Nao te devo nada…

—Deve sim!

Começamos a nos alterar e minha mãe entrou no meio da discussão e olhou a nós dois seria e com uma expressão de impaciente.

—Acho melhor levar as crianças para a creche – disse com um certo deboche e sarcasmo.

—Fala que ele tem que me pagar a viagem – me defendi.

—Não, você já é uma mulher independente Dulce, pode muito bem bancar seus gastos e viagem, dissemos isso quando você decidiu sair de casa – me olhou fixamente – e você… – mirou meu pai – se quiser pagar essa viagem deixe como um proveito e não como obrigação, essa confraternização não é obrigatório ir, só vamos para um baile e teremos que escutar várias e varias horas de palestra, ou seja uma coisa muito idiota.

—Melhor eu ir pra mim sala – olhei meu pai com desdém e subi pisando no chão fortemente.

Chegando na minha sala bati a porta e me acomodei na cadeira deitando a cabeça sobre as mãos apoiadas à mesa. Pensei se ligaria pra Christopher ou não, e se ele bancase o idiota novamente? Ou eu poderia estar certa, Dona Clecia pode ter inventado isso, mais ele usou as mesmas palavras que ela.

Vou ligar!

Decidi pegando o telefone, disquei os dois primeiros números e depois desliguei.

Não vou!

Afinal, vou ou não vou?

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