Na noite seguinte...
- Ah, Yany! Você me mete em cada roubada - digo, enquanto sou puxada pelo salão da festa com a força de Yany.
- Dizer roubada nesta festa é falta de decoro, amiga. Seja cortês.
Me atrevo a rir, mesmo tensa.
- Acha que não sei me portar diante de uma festa de gala? Eu sou a mulher de Leonel Blanchard, com certeza a maioria que está aqui o conhece, e eu não vou fazer feio.
- Ah, aposto e ganho que não. Fico impressionada com a fama do seu marido.
- Aonde estamos indo com essa pressa?
- A um lugar que tenha bebida. Estou com muita sede.
Enquanto atravessamos o salão da festa, alguns olhares se voltam para nós duas. A maioria são homens, e bonitos! Ah, meu Deus.
- Quem são esses caras?
Pergunto ao deparar com Yany dando um sorrisinho para um grupo de homens, que nos observam com um pouco de malícia.
- O de terno preto é o advogado da minha mãe; o de cinza, com os cabelos grisalhos, é o meu primo, trabalha para a polícia; o loirão musculoso é um ex-namorado.
Minha nossa!
- Meu Deus, Yany - sussurro, embasbacada.
- O quê? Gostou deles?
- Claro que não! Só achei os três lindos.
- Hum... - ela dá um tapinha no meu antebraço e murmura que sou safada.
- Menos, por favor. Além dos mais, eles não chegam aos pés do seu marido, chérie. Me desculpe, mas o Leonel, olha... aquele sim pode ser chamado de homem feito, e muito bem feito. O seu marido faz até uma senhora se molhar toda.
- Yany! - censuro ela com um olhar venerado. Ela ri.
- Verdades têm que ser ditas, meu amor.
Acabo rindo das gracinhas dela.
- Você tem sorte.
- É - concordo.
Atravessamos o salão até chegarmos no open-bar. Ao som de Kendrick Lamar, cantando Marron 5 - Dont Wanna Know, a festa ganha um pouco de euforia. Fanáticos por músicas já começam a dançar.
Yany e eu escolhemos um coquetel de frutas com álcool e sentamos na bancada, ao invés de mesa.
Dois homens de terno e gravata, ambos alto, cabelo liso, postura ereta e corpo musculoso se aproxima do bar, pedindo ao garçom uísque. Mas sem desviar os olhares de Yany e eu. O primeiro se aproxima de mim, enquanto o outro caminha na direção da minha amiga.
- Olá, senhorita.
Ai, meu Deus...
- Para você é Sra. Blanchard.
O rapaz dá um sorriso de lado de lado, com malícia, após beber seu uísque.
- Sra. Blanchard... - sussurra usando um tom sedutor. Respiro. Sei que ele vau me provocar se eu não der o fura.
- Esposa do famoso Leonel Blanchard?
- Sim.
- Cadê ele? A esposa, sendo tão linda como é, não deveria estar sozinha num lugar desses. Ou será que ele está viajando novamente? - indaga, instigando minha raiva com outro sorrisinho falso.
- Isso não é dá sua conta.
- Ora, ora...
Se aproximando, ele consegue tocar em meu cabelo. Recuo, séria.
- Não house a tocar em mim, ou você vai se ver comigo.
- Achei que diria com o seu marido.
- Sei me defender na ausência dele.
- Hum... será, bonequinha?
Ele se aproxima mais, e mais... Ah, eu vou ser obrigada a...
- O que está acontecendo aqui, Caíque? - Yany interrompe os passos dele, falando tão friamente que o faz retroceder.
- Nada.
- Conhece ele? - digo, quando finalmente o idiota sai.
- Conheço tanto que já tenho uma idéia do que ele iria fazer com você se eu não estivesse aqui.
- Obrigada.
- Vamos tirar uma foto?
- Tá louca?
Ela revira os olhos.
- Não vou colocar nas redes sociais, sua tonta.
- Ah, sim.Mais tarde...
Ao som de músicas eletrônicas, Yany e Esther se revelam no centro da festa. As duas dançam, rebolam e rebolam como nunca haviam feito, junto com uma multidão de pessoas, que gritam frases do DJ.
- Isso aqui "tá" demais, Yany! - grito com o copo de vodca na mão, dançando no ritmo da música.
- Eu sei! Viu como eu tinha razão? É melhor que festa de boate.
O globo de luz é ligado, e a multidão grita quando o DJ toca Carme Here For Love de Sigala. E a festa de gala acaba virando uma balada à luzes coloridas.Algumas horas depois da turbulência, as pessoas moderam as danças, dessa vez trocando por uma mais romântica. A música agora é Mas, do cantor Ne-yo.
Yany e Esther não perdem a oportunidade, acabam dançando juntas, um pouco bêbadas e rindo à toa.
- Aí, por que a gente "tá" rindo? - pergunta Yany.
- Não sei.
- Essa música me faz lembrar do Taylison.
- E eu de Leonel.
- Queria tanto que ele estivesse aqui.
- Eu também, amiga.
Nos entreolhamos enquanto trocamos palavras.
- Problemas com o meu irmão? - analiso o rosto de Yany. Ela faz que não com a cabeça, tranquilamente.
- E você?
Dou de ombros, empinando o beiço.
- Algo te aflige. Eu conheço seu jeito.
Jogo a cabeça para trás, suspirando fundo, depois volto a encarar Yany, com os olhos cheios d'água.
- Qual é amiga?
- É complicado - exclareço.
- E quando foi que Leonel deixou de ser complicado?
- Nunca. Ele é muito autoritário, muito sério, às vezes fechado e mal ri das gracinhas que faço para alegrá-lo. A vida não é só trabalhar, Yany. A gente tem que curtir enquanto estamos vivos e, nos momentos bons em família, não deixar que trabalho ou celular interfira.
- É isso que ele está fazendo?
- Na questão do trabalho, sim. Ele só fala de negócios, negócios daqui, negócios dali. Aí, me dá uma raiva!
Acabo chorando na frente dela.
- Esther, Leonel sempre foi focado nos objetivos dele.
- Mas isso não está certo. Ele mal para em casa, vive viajando.
- Eu percebi. Taylison age da mesma forma.
- O que eu faço?
- Converse com Leonel. É assim que fiz com seu irmão. As coisas só vão mudar se você tomar uma decisão.
Respiro de novo. Yany me abraça, e eu não aguento: choro como um bebê.
- Calma, amiga, calma...
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Nosso estúpido casamento - Amostra
RomanceUMA OBSESSÃO SEM LIMITES "Achei que fosse ser feliz ao seu lado... Pelo que vejo me enganei. Você era tudo o que eu queria, Leonel, tudo..." Leonel sempre almejou que esse casamento acontecesse, sempre quis ver Esther Winkler sendo sua mulhe...