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   Na sala de estar, mantenho uma leve conversa com a família de Leonel, e todos estão se esforçando para me tratar da melhor forma possível, como se eu estivesse doente.
Bryan e Lídia mantém um diálogo calmamente comigo, insistem para eu ficar no Rio de Janeiro e até me acolheram na casa deles. Infelizmente, não posso ficar mais que três dias, eu tenho que arrumar um lugar para mim e para o bebê.
- Esther, eu sinto muito pelo o que aconteceu - Mary pega minha mão, me consolando.
- Tudo bem, Mary.
Sorrio para tranquilizá-la, mas no fundo a aflição corrói a minha alma e a preocupação me alerta cada vez mais.
- Agora, posso esperar tudo do meu filho - murmura Bryan, andando de um lado para o outro na sala, com as mãos na cintura, decepcionado.
A esposa, sentada no sofá, também chocada, emenda:
- Meu filho está se tornando um psicopata.
- Também não é para tanto, mamãe. O Leonel precisa de um sopapo para poder acordar e enxergar a mulher bonita que tem - diz Heitor, mais bem-humorado que o resto do pessoal.
Heitor sempre brincou, nunca levou nada a sério, até ficar um pouco mais velho...
- Casa comigo? Prometo te tratar bem e cuidar do meu sobrinho - ele se ajoelha à minha frente e pega minha mão.
- Heitor e suas gracinhas - Mary dá uma gargalhada, assim como Bryan, Lídia, Christoffer e eu.
- Obrigada, Heitor.
- Brincadeirinha, cunhada. Te respeito bastante e admiro o que você fez, amando o Leonel do jeito que ama, sempre pensei que suportaria tudo dele - Heitor toma o sofá ao meu lado.
- Eu só quero o melhor para o bebê. Não pense ao contrário em relação ao meu amor pelo seu irmão.
- Jamais, Esther.
- Nós sabemos o quanto ama o Leonel - fala Lídia, sorrindo, sincera.
- Dê um tempo até ele esfriar a cabeça - garante Maryelli.
- Vou conversar com ele, agora - Bryan dá um beijo na testa da esposa, no da filha, depois na minha e olha nos meus olhos antes de sair - Se ele negar o que vou pedir, entrarei em contato com o juiz e pedirei uma escolta policial pra você.
- Não vai necessário, Bryan.
- Vai depender dele, Esther. Tchau.
Ele acena para e sai, mal-humorado, porém calmo com a família.
- Bom, vamos cuidar de você.
Lídia levanta do sofá, suspirando e sorrindo para mim.
- Estou feliz porque vou ter mais um neto.
- Eu também estou feliz - completa Heitor.
- Eu mais. Tenho filho e sei a alegria que as crianças trazem à família - diz Christoffer.
Se seu marido pensasse assim...
- Então, vamos tomar café da minha - encerra Lídia conduzindo todos para a sala de jantar.
- Preciso conversar com você - Mary toca o meu braço um pouco tímida.
- Tá.

Mais tarde, sozinha com Maryelli no quarto dela, escuto o que ela tem para me falar.
- Sobre o que quer falar?
Ela dá um sorrisinho sem graça e cora.
Estamos feitas na cama, olhando para o teto, como duas adolescentes em épocas de escola e namoradinhos.
- Érodys. Acertei?
- Sim.
- Tem certeza do que quer, Maryelli? O meu irmão não é tão romântico e carinhoso quanto parece.
- Eu percebo isso, bastante. Mas, Esther... eu... eu já estou envolvida.
Ela me olha, triste.
- Eu amo ele. Tudo o que aconteceu entre a gente foi tão bonito, intenso...
- Entendo.
Sei exatamente o que Érodys quer. E eu não vou deixar ele ir além.

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora