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— Vem cá, vem.
   Leonel me puxa abruptamente pela cintura, colando nossos corpos.
Ele me beija com mais velocidade, agarrando meus cabelos com uma mão enquanto a outra apalpa minhas nádegas. Ele afasta as mechas do cabelo e passa a boca no meu pescoço, do lado esquerdo. Sinto sua língua e seus dentes ali, firmes. Meus gemidos aumentam à medida que ele vai me lambendo, com os dedos fixos na minha cabeça, tão fixos que sinto o caro cabeludo doer.
   Seu marido está possesso, querida. Pare já com isso! Você disse que conversaria com ele.
   Fico totalmente inibida nos braços do meu marido e impotente, pois ao mesmo tempo em que o quero, eu não o quero.
   Mas que merda! Ele parece um brutalmente de tão forte.
— Leonel — sussurro, falhando. Ele continua me beijando, tomando posse do meu corpo com as mãos, que por sinal estão me machucando.
— Voc... você está...
— Esther, não — sussurra com a boca no meu pescoço.
— Leonel.
   Ele afrouxa o braço e me olha, impassível demais.
— Não me faça parar pelo amor de Deus.
— Temos que parar. A gente não conversa há dias. Vamos agir direito, está bem?
   Leonel suspira fundo, irritado.
— E você está forçando o braço nas minhas costas — emendo.
— Ah... Desculpe. — Ele me solta devagar e se distanceia de mim, dando-me a visão do seu corpo esculpido. Noto cada detalhe. Percebo que ele andou frequentando alguma academia em Londres, pois os braços estão tão fortes que dá a impressão de que a camisa vai rasgar.
— Você está muito forte — comento.
— É disso que você quer falar?
— Não. Foi apenas um comentário.
   Ele bufa, passando ambas as mãos nos cabelos.
— Diga.
   Demoro um pouco para falar.
— Gostaria que ficasse mais em casa, que ficasse mais comigo.
   Leonel apenas ouve, olhando-me atento, esperando eu prosseguir.
— Você viaja com frequência e mal respira. Vive para o trabalho e gasta a maior parte do seu tempo no consultório. Todo mundo procura você como médico e às vezes você se importa mais com essas pessoas e esquece de si mesmo e de que tem uma vida para viver. Nos vemos mais na clínica do que na nossa própria casa, reparou nisso? Quando você não viaja, te chamam para dar plantão e você vai. E nesses dias eu tenho estado tão péssima, entediada. Leonel...
   Droga! Minha voz começa a ficar embargada.
— Eu também preciso de você.
   De sério ele fica totalmente desarmado. Pela primeira vez vejo meu marido sem ação.
— Não aguento ficar naquela casa sozinha todas as noites, não aguento me corroer por dentro com vontade de um momento de amor com você, só nós dois. Leonel, eu tenho pesadelos, acordo assustada e penso que você está na cama comigo e, quando vejo que não está, acabo chorando.
   Uma lágrima escorre sobre o meu rosto. Leonel se aproxima de mim, desnorteado. Ele toca a franja do meu cabelo, desce com o polegar em meu maxilar, em seguida, ergue o meu queixo. Fecho os olhos e as lágrimas caem.
— Abra os olhos.
   Obedeço.
— Perdão — sussurra, olhando no fundo dos meus olhos. Choro silenciosamente, na frente dele, que apenas acarecia o meu rosto.
— Não chore, Esther — diz arrependido.
— Eu só quero você aqui.
— Estou aqui, meu anjo. Ei — ele pega minha cabeça com cautela, tentando me tranquilizar depois de um beijo na testa, dizendo palavras num tom de voz suave.
— Mas quem me dera amanhã... depois... daqui uns meses? Você vive para o trabalho, está se acabando pra isso.
— Eu gosto do que faço, Esther.
— Há limites nas coisas que gostamos.
    Ele suspira novamente e me abraça.
— Entende porquê fui àquela festa?
— Sim, mas não faça mais isso. Lá é muito perigoso.
— Está bem.
   Meu marido me solta e me encara, com o semblante relaxado.
— Vamos sair? — pergunta.
— Pra onde?
— Você escolhe o lugar.
   Ai, meu Deus.
— Hum... — penso, enquanto recebo carinho no queixo.
— Sorveteria.
— Sorveteria?
— É, esqueceu que gosto de...
— Sorvetes e outras guloseimas, já sei. Ok, amor, eu te levo. Qual sorveteria?
— Aquela perto da Praça dos Namorados.
— Tudo o que você quiser, meu amor, tudo — sussurra lentamente, bem lentamente...
   O que com ele?

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora