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   Olho ao redor da sala, pensando e repensando. Como vou administrar essa empresa? É grande demais! Nunca a vi com frequência, nunca a visitei assim. Agora que estou aqui, minha nossa... Estou vendo outra coisa. Uma coisa enorme, que eu vou comandar! Ainda bem que Érodys está comigo.
   No centro da sala, onde a bandeira de Porto de Alegre encontra-se desenhada e nitidamente colada ao piso, olho pela frente e observo o céu esplêndido azulada. É tarde, quatro horas se não me engano. O clima em Porto Alegre está fresco e um ventinho leve bate no meu rosto quase toda hora.
   Penso em meu pai aqui e faço um simulado em mente dele do meu lado, instruindo-me.
— Faça sem medo. Se cair, levante e tente de novo. É melhor tentar, filha. Estarei aqui, com você.
   Senti um frio na barriga e um vento gelado roçar a minha orelha. Passo a mão no ventre e dou uma palavrinha com meu filho ou filha, não sei.
— Agora, somos só nós dois, filho.
— Estou aqui, minha irmã — Érodys toca meu ombro e meu corpo relaxa. Sorrio ao me virar para ele.
— Obrigada.
   Ele me abraça, antes recebo um beijo na barriga.
— Oi, sobrinho ou sobrinha — Érodys ri.
— E aí, o que vamos fazer agora?
   Ele me olha.
— Vou te levar pra conhecer outros lugares da empresa.
— Ainda tem mais? — digo, espantada.
— Sim. Relaxa, dessa vez vamos no elevador. Pronta?
— Sim. Vamos.
   Saímos e pegamos o corredor, andamos até chegar a recepção, onde algumas mulheres e homens encontram-se todos filtrados em seus afazeres. Érodys anuncia a minha chegada e me apresenta a cada um.
— Como vocês sabem, a minha irmã vai comandar a empresa junto a mim, então, por favor, peço a todos que respeite-a.
   Algumas meninas me observam e até sorri, exceto duas loiras lindas, ambas de um corpo escultural perfeitamente sexy. As duas me olham sérias demais. Os homens são os mais convencidos, pois quase todos me cumprimenta cara a cara com um aperto de mão. Um até diz:
— Sua irmã é muito linda, Érodys.
   O rapaz estende a mão para mim, mas Érodys o tira com um tapa.
— Mas não é pra vagabundos, dá licença, Felipe.
   Acabo achando graça o ciuminho do meu irmão. Nos retimos, seguindo para o elevador.
— Por que foi tão grosso com aquele rapaz?
— É tarado. Já pegou a maioria das meninas ali. Se ele mexer com você, me fale.
   Sorrio, abraçando-o com carinho.
— Tá, feio.
— Feia.
   Cada dia sem meu pai está sendo difícil, mas ainda bem que tenho meus irmãos,  minha mãe, a Yany e o meu bebezinho pra me alegrarem.
   Após conhecer toda a empresa, até o lado de fora, voltamos para a casa por volta das sete da noite para jantar em família.
   No quarto, sento na borda da cama para checar meu celular. Não mexi nele durante o dia. Percebo que há uma mensagem não lida na caixa de SMS. É de Leonel. Reviro os olhos ao ver, sinto uma pontada de raiva e uma de amor e saudade. Filho da mãe! Estava bem quieta no meu canto. Por que isso agora?

   Quando puder, retorne minhas mensagens. Quero saber de você e do bebê.
   *Leonel

   Rebato:

    Estamos bem, obrigada. Agora vou tomar banho. Não me mande mais mensagens.
   *Esther

Ele retorna quase de imediato.

   Quero saber de vocês até nos meus últimos dias. Não tente me impedir. Você sabe do que eu sou capaz pra te ver.
   *Leonel

   Eu não quero te ver. Tchau!
   *Esther
 
   Eu te amo. Sinto sua falta, sua rabugenta.
   *Leonel

   Mal educado. Vá dormir.
   *Esther.

    Te amo ♡
    *Leonel

    Reviro os olhos e xingo-o. Deu vontade de dizer que eu também o amo, mas não vou me dar por vencida nessa história. Ele vai comer na minha mão até eu refrescar a cabeça. Desligo o celular de uma vez e me meto no banheiro.

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora