Capítulo 13

3.6K 308 37
                                    

— Minha mulhereu a beijava na boca com toda a delicadeza do mundo. Beijava devagar, porque queria passar mais tempo fazendo amor com ela, naquela madrugada de sábado.

Esther e eu estávamos sem sono. De repente ela surgiu na entrada da cozinha, com seu lindo pijama vermelho. Deslumbrante, igual a uma deusa grega. Eu não resisti, beijei ela com paixão, lascívia, peguei ela nos braços e a levei para a cama.

Amorela gemia, ofegante, desesperada, arranhando a carne das minhas costas. Estava muito bom, muito gostoso estar enfiado dentro dela, tão quente e aconchegante.

Foi melhor ainda quando a coloquei de quatro pra mim. Ela empinou o corpo todo, e eu fiquei louco. Meti fundo, puxando seus cabelos longos. Agachei a boca no ouvido dela e murmurei:

Se eu pudesse, passaria o dia inteiro transando com você.

E ela gemia, ouvindo tudo.

   Em pé, na sala, espero pela minha esposa ansioso. Até me permiti pensar na última noite em que fizemos amor. Foi a última vez.
   Eu não quero ficar sem ela. Quero que volte. Eu necessito dela com urgência. Não é pelo sexo. Isso incluí também, mas há outras coisas mais profundas que vão além do desejo carnal que sinto por ela.
— Estou enjoada de ver você andando de um lado para o outro, Leonel — reclama minha sogra de mau humor.
   Passo a mão na boca, em seguida suspiro fundo já impaciente por esperar.
— Olha... Ela vai descer mesmo? Do contrário, eu subo.
   Encaro Angeliquê.
— Nem pense em invadir a privacidade da minha filha. Acho que isso é uma das...
— Angeliquê, por favor. Eu quero falar com a Esther, agora — interrompo-a rápido.
— Então espere, se você realmente sabe o que é isso.

   Mulherzinha chata.

   Angeliquê se retira toda irritada depois que a empregada da casa vem até mim com uma bandeja de petiscos.
— Não vou comer nada. Não estou com fome. Obrigado.
   Ela dá um sorrisinho e saí com a bandeja.
   Espero mais alguns minutos. Nada. Mais dois. Nada. Três...
— Ah, Céus! Se eu não te amasse tanto assim, Esther, nem estaria fazendo isso.
— O que você disse?
   Olho para trás e... Ah, minha mulher! Como ela é linda. Tiro a mão da cintura, sorrio com saudade dela, mas ela não sorri.
— Oi, meu amor.
   Por que estou nervoso?
   Esther continua séria, firme.
— Por que veio? Você não entendeu a última discussão que tivemos?
— Esther, esqueça isso. Estávamos com raiva um do outro, falamos bobagens. Mas agora passou.
— Não. Eu lembro perfeitamente o que você disse de mim e do seu filho.
   Passo a mão nos cabelos um pouco irritado. Diabos. Bom, eu não quero a criança mesmo, mas também não quero deixar a minha esposa desamparada por aí, sozinha.
— Volte. Volte pra casa comigo. A gente entra em um acordo. Aquela casa é tão sua quanto minha. Você não pode sair assim, sem nada.
   Ela cruza os braços, com toda a segurança do mundo, e ainda ri. Riu de mim. Uma risada malvada, que não combina com ela.
Quem disse que vou sair sem nada? Esqueceu que tenho meus advogados? Posso lutar pelos meus direitos de esposa.

   Toma essa, Leonel.

O que está querendo dizer com isso?
— Que quero o divórcio, rápido.
   Arregalo os olhos sem acreditar nesse pedido. Eu não esperava isso dela.
— Ahn?
— Não ouviu? Não estamos tão longe assim. Eu estou aqui na escada e você aí na sala.
   Aproximo-me dela, preocupado com o que acabou de dizer.
   Pego em suas mãos. Mas ela desvia, zangada.
— Não me toque.
— Meu amor...
   Toco o queixo dela e a faço olhar para mim. Está confusa. Consigo ver em seus olhos.
Não é isso que você quer.
— Não mesmo. Mas você está me abrigando a fazer. Estou disposta a cuidar dessa criança sozinha. Vou conseguir, eu garanto isso a você. E, quando ela estiver grandinha, nunca vou mencionar seu nome. Direi apenas que o pai dela morreu.
   Puta merda. De repente, o arrependimento bate à porta do meu inconsciente.
— Esther, vamos negociar isso aí.
— Meu filho não é um negócio.
— Tá. Eu me refiro a você e o resto. Não quero que fique sozinha. Você tem seu marido.
— Que eu não quero perto de mim. Esqueça, Leonel.
   Ela tira minha mão, se afasta um pouco e me olha, perdida, quase chorando.
— Saia daqui.
— Esther — falo sério e grosso, um pouco zangado, olhando duro para ela, que recua, amedrontada.
— Um dia vou superar esse medo que você me passa.
— Eu não quero que se sinta assim.
— Vai embora.
— Amor — aproximo-me de novo, e ela recua de novo, subindo mais um degrau.
— Saia.
   Insisto.
— Por favor.
— Saia, ou eu chamo os seguranças da casa.
   Droga.
   A vontade que tenho é de pegar ela pelos braços e arrastar ela daqui. Mas eu desisto, por enquanto.
— Está bem. Eu volto. Ficarei hospedado num hotel daqui.
   Viro as costas e me retiro, frustrado.

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora