Foi rápido, como flesh, vi as portas se fecharam diante de mim. Vi o meu pai morrer na sala de cirurgia. Eu estava lá, vi tudo. Leonel não conseguiu salvar o meu pai. Ele tentou, se sujou de sangue, fez o possível, mas não adiantou, na segunda parada cardíaca meu pai veio a óbito e eu fiquei sem ação. O meu mundo parou em plena sexta-feira, à noite.
Nunca imaginei que teria que passar por isso. Ainda não caiu a ficha que meu pai morreu. Meu pai! Meu herói! Ele morreu! Com dói a distância, preferia que ele estivesse aqui, me abraçasse bem forte e nunca me soltasse. Mas ele está ali, dentro dessa coisa grande, branca, toda lacrada, intacta, pronta para ser decida à gaveta e ficar lá até se apodrecer.
Olho ao redor, para o rosto dos meus familiares e amigos, que estão ao redor do caixão, ouvindo a explanação do padre.
Érodys não deixou mamãe desde que ela desmaiou pela segunda vez. Na primeira foi quando ela recebeu a notícia da morte do marido; na terceira foi quando chegou o caixão ao cemitério.
Taylison, Yane e o filho chegam em seguida e também entram na roda do povo todo de preto, próximos ao caixão.
Uns choram, outros nem tanto. Eu choro em silêncio sob ós óculos escuros, enquanto sinto Leonel por detrás de mim, todo elegante de terno preto.
Leonel também está abatido, principalmente por não ter conseguido salvar o meu pai.
O padre termina a oração. Minutos depois, três homens da funerária se encarregam de descer o caixão à gaveta. O resto das pessoas, assim como Leonel e eu, jogam flores.
— Papai — murmuro, chorando. Meu marido me abraça assim que nota o meu desespero. Beija o alto da minha cabeça e me envolve por dentro de seu terno, dizendo palavras de consolo.
—...com um tempo, talvez. Não dá pra esquecer, claro, mas seja forte, pois tudo o que você sente pode passae para o bebê.
Até parece que ele se importa com o filho. Quase quis dizer isso, mas me contive. Não iria discutir no enterro do meu pai.
Mais tarde, depois que tudo acaba, voltamos para a casa. Após ter jantando com a gente, Leonel se despede e, às 20h, acompanho-o até a porta.
Ele ainda sorri meio sem graça, tocando meu rosto. Eu permito, pois estou fraca demais para lutar com ele.
— Não vou pedir pra você voltar pra casa, pois...
— E eu nem vou — interrompo-o rapidamente. Ele fica impressionado, respira e demonstra certa impaciência.
— Tá bom.
E vira as costas.
— Passar bem, dr. Leonel.
Fecho a porta. Em seguida, sento no hal da porta, desanimada. Pensando em meu pai, abraço os meus joelhos e de bruço a cabeça em ambos. Choro mais um pouco, em silêncio, no escuro da sala de star.
“Você sempre será minha princesa. A única filha mulher que tenho. A empresa está em seu nome, somente no seu, Esther. Saiba governá-la. Érodys ensinará tudo a você.”
Como farei isso, meu Deus? Eu nem era a filha dele de verdade. Por que deixou a administração da empresa em minhas mãos? Não entendo.
— Esther.
Ouço a voz de Érodys vindo do alto da escada. Eu me levanto, enervada, sem ao menos limpar as lágrimas do rosto.
— Me desculpa. Não tenho o direito de tudo que é seu e do Taylison.
Ele sorri sinceramente. Um sorriso acolhedor, que me faz amá-lo mais.
— Eu sempre quis que você se tornasse uma empresária, não uma médica. Você tem capacidade, Esther. Você tem inteligência o bastante pra isso. Alegre-se, minha irmã, você é elegante, fala bem, é bonita, sexy, legal. Suba no salto e mostre o seu poder. Mostre a algumas mulheres que elas conseguem sobreviver depois de uma decepção amorosa, mostre que a vida não acabou. Eu estarei sempre com você.
Corro até ele e o agarro no caminho, chorando de amor, carinho e consideração.
— Calma, ensinarei tudo a você.
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Nosso estúpido casamento - Amostra
RomanceUMA OBSESSÃO SEM LIMITES "Achei que fosse ser feliz ao seu lado... Pelo que vejo me enganei. Você era tudo o que eu queria, Leonel, tudo..." Leonel sempre almejou que esse casamento acontecesse, sempre quis ver Esther Winkler sendo sua mulhe...