Eu não acredito que isso está acontecendo comigo. O meu próprio marido me trancafiando no quarto. Ele não sabe que isso dá cadeia? Eu posso denúncia-lo!
Como é que vou sair daqui, meu Deus? A janela da varanda é um triplex de vidro, e fecha à base de controle.
- Vamos lá, Esther. Coragem. Você precisa sair desta casa e ir para bem longe cuidar do seu filho.
Paro um pouco de andar pelo quarto, sento na borda da cama, passo a mão na barriga e tento raciocinar.
Três dias passando raiva e estresse. Isso não é bom para o bebê. Eu tenho que sair de perto do meu marido. Ele não mudou em nada durante esses quatro anos. Continua carrasco e ignorante como o conheci antes. Está mais agressivo, não quer saber se estou grávida ou não, apenas quer se livrar dessa criança, e eu não posso aceitar. Vou cuidar do meu filho nem que seja sozinha! Eu sou rica, posso comprar uma casa e ter os meus direitos sem Leonel. Ele não me ama. Se amasse, aceitaria o nosso filho. Evidentemente, me quer apenas por causa do sexo.
Ouço um carro sendo parar lá fora. Corro até as janelas, afasto as curtinas e vejo Bryan, meu sogro, e meu cunhado, Christoffer, descendo da caminhonete.
É a minha chance!
Aceno para os dois, mas eles não me vêem. Conversam tranquilamente com Leonel, que acabou de descer para recebê-los.
E agora? Inferno!
Olho para os cantos do quarto em busca de algum objeto e meu peito dói quando encaro uns pequeninos vasos de vidro na mesinha da borda da cama. Vasos italianos que meu pai deu de presente para mim.
Tem que ser esse, Esther. É o único em palta. Droga!
Pego os vasos nas mãos, respirando com pesar. Miro para as janelas e jogo um por um até ter a certeza dos vidros quebrados.
Corro diretamente para a varanda, gritando:
- Bryan! Christoffer! Me tirem daqui! Socorro!
Todos me olham, espantados, mas correm para dentro da casa, seguidos de Leonel.
Ao virar as costas, sinto um puxão no braço direito. Olho e vejo a vadia da empregada me puxando como se eu fosse sua filha.
- O doutor vai me matar.
Pego ela pelos cabeças e puxo fio por fio, de ódio.
- Vagabunda! Quem você pensa que é? A patroa? Você vai pagar caro pelo que fez.
- Ai! Me solte, sua louca - grita, entrebatendo comigo.
- Louca? Vai ver quem é louca aqui - grito também.
Aproveito o embalo para jogá-la no chão, e é o que eu faço, com mais força do que devia. Ela bate a cabeça na parede e cai.
- Vá você e seu patrão para o inferno!
Juro que me deu vontade de cuspir nela.
Bryan e o resto entram no quarto na hora do apuro.
Corro para os braços do meu sogro, desesperada.
- Me tire daqui, por favor, Bryan.
- O que foi, Esther? - ele passa as mãos em meu cabelo.
- O seu filho enlouqueceu. Me trancou aqui e pediu para a empregada não me atender durante o dia.
- Mas o Leonel me disse que você estava descansando.
- Mentira! Ele me deixou trancada porque eu disse que ia embora de casa.
Ele me solta e toma distância para me analisar bem.
- Mas por quê?
- Bryan, eu só quero sair daqui. Não quero dividir o mesmo teto com o seu filho. Por favor, me leve com você.
- Tudo bem. Calme-se.
Bryan encara o filho, zangado, assim como Christoffer.
- O que fez com ela?
- Nada - responde com ríspidez.
- Ela quebra as janelas da varanda para pedir socorro e ainda não é nada? - diz Christoffer, intrigado. - Sabe que isso dá cadeia, não sabe?
- Onde você está com cabeça, Leonel?
Leonel é encurralado pelo pai e pelo irmão.
- Dela cuido eu. Não se metam.
- Acha que, como delegado, vou deixar esse assunto quieto?
- Esther e eu vamos resolver isso sozinhos.
- Não quero - adianto-me.
Bryan ergue o dedo indicador na frente do filho, e diz:
- Eu vou levá-la comigo. Se ousar a pestanejar, levanto voz de prisão contra você.
Leonel desmorona, fica branco, incrédulo com a atitude do pai.
- Pegue suas coisas, Esther. Ele não vai tocar em você - garante Christoffer, sério.
Sem hesitar, é o que eu faço.
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Nosso estúpido casamento - Amostra
RomanceUMA OBSESSÃO SEM LIMITES "Achei que fosse ser feliz ao seu lado... Pelo que vejo me enganei. Você era tudo o que eu queria, Leonel, tudo..." Leonel sempre almejou que esse casamento acontecesse, sempre quis ver Esther Winkler sendo sua mulhe...