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04:00 AM

   Vi um vulto passar de repente no corredor da minha casa quando eu mal havia me levantado da cama. Era como se estivesse entrando do quarto. O que era aquilo, meu Deus do Céu? Tinha aparência de um homem, mas, infelizmente, não vi a imagem com nitidez.
   No escritório, bebo um pouco de uísque para relaxar e faço uma pequena retrospectiva de tudo que aconteceu ontem. Esther e eu viemos para a casa por volta das duas horas da noite, e eu deveria estar dormindo, porém, a insônia me atacou outra vez. Há dias venho tentando dormir direito.
   Ainda tem aquele moleque que me enfrentou ontem... Ah!
Pamela? Está ocupada?
— Não, pode mandar o serviço.
— Quero que procure na internet esse nome: Vicente Von Berg.
— Von Berg? Já ouvi falar, doutor.
— Ótimo. Faça o que pedi, por favor.
— Ok.
   Ligo o computador para me distrair após desligar o celular. Levo o copo de uísque até a boca, mas paro ao notar um email na tela. Leio a mensagem e noto que é apenas um assunto imprevidente da empresa de minha mãe. Nada importante.
   Resolvo ir para o quarto novamente. Subindo as escadas com um pouco mais de pressa, sinto as contrações do álcool.
   Passo pela porta semicerrada e a fecho em seguida. Meu olhos vão diretamente para a minha mulher, deitada à cama, com seu rosto angelical no travesseiro.
   Ela está linda assim... Tão vulnerável e à vontade. O que aconteceria se eu...?

   Eu não posso fazer isso. Porra, Leo! Que devaneio é esse? Será a bebida? Meu Deus! Eu não posso! Não posso!

   Tento lutar contra a vontade de tocá-la, mesmo dormindo. Mas é tão insuportável o que sinto...
   Me aconchego ao lado da minha esposa, na cama. Ela dorme seu sono pacífico, e eu apenas a observo, encantado com tamanha beleza, perfeição, e me pego perguntando o por quê de não viajar com Esther. Só ela sabe me relaxar nos momentos de tensão; só ela sabe o que eu quero entre quatro paredes, quando nos unimos em uma só carne.

   Olha pra isso, Leonel, ela é toda sua. Sua! Você não pode, em hipótese alguma, dividi-la com ninguém.
   Ame ela, faça amor, anda...
   Anda, cara...

   Não! Meus demônios querem me ultrapassar.
   Lentamente, levo a palma da mão na cintura dela e depois escorrego para baixo, até a base da coxa.
   Esther usa apenas uma camisola, curta demais, o que alimenta o meu tesão.
   O que está acontecendo comigo? É a bebida, eu tenho certeza.
Minha mulher — sussurro, enquanto contemplo seus cabelos ruivos desalinhados sobre o colchão. Eles são a lua da minha manhã, longos e macios. Passo a mão ali também. Tudo é meu.
   Esther não se mexe nem um pouquinho, pelo contrário, dorme com uma princesa educada.
— Isso, não se mexa, seja obediente — digo, em seguida me levanto e fico em pé, ao lado da cama. Com o copo de uísque na mão, dou alguns passos, como um leão prestes a atacar sua presa, em torno da cama.
   Obcecado pela imagem de Esther praticamente nua à minha mercê, imagino o que eu poderia fazer com ela aqui, agora.
  Seco o copo de vidro. Ao terminar todo o líquido, fico contaminado pelo desejo de possuir minha mulher assim, dormindo.
   Largo o copo no criado-mudo e começo a desabotoar, vagarosamente, a minha camisa branca, enquanto examino a silhueta de Esther na cama. Ela é irresistível, gostosa, muito gostosa...

   Mate sua fome, Leonel. Mate! Pegue ela...

   Por incrível que pareça ela se mexe e acaba acordando. Droga! Esfregando o rosto, ela pisca algumas vezes para melhorar a visão.
— Leonel...
   Sua expressão é de espanto ao me analisar, pois, não é de menos, eu pareço um homem que acabou de se drogar.
— O que...
   Sem ao menos deixá-la completar a frase, eu a beijo com mais força do que o necessário e a pego pelos braços. Jogo-a contra a parede, ela posiciona as pernas ao redor da minha cintura, desaprumada.
— Ai!
   Ouço o gemido dela quando rasgo seu pijama e sua calcinha. Agora está nua, para mim.
— Leonel! Que isso? — dispara, incrédula com a minha atitude. Eu a ignoro.
— Fique quietinha.
— Mas... espera...
   Torno a beijá-la com mais urgência, sufocando-a. Ela tenta se livrar dos beijos, mas não consegue com a força que imponho sobre seus movimentos.
   Isso, Leo! Não fique com raiva, faça amor, mostre que ela é sua. Não a deixe para Vicente.

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora