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   A música de Charle Brown Longe de você é interpretada por um rapaz com um violão nas mãos. Ele toca a canção perfeitamente e o público se deixa levar pelo timbre, dançando à dois e sozinho mesmo. Já eu, envolve minha mulher de costas para o meu abdômen a fim de assistir o espetáculo em cima da calçada.
   Entrelaço os braços pela cintura fina dela e aperto-a mais um pouco em mim. Ela respira ao sentir minhas mãos geladas, em seguida, pende a cabeça em meu ombro toda relaxada.
— Amo quando você está aqui, coladinho comigo — sussurra. Não digo nada, apenas sorrio, beijando o pescoço dela.
   Não resisto a tentação de boliná-la por detrás. Ela se remexe em meus braços, desconfortada. Com um pouco mais de ousadia, aperto suas coxas com uma mão e com a outra tento afastar o tecido de sua pele.
   Ela está muito cheirosa.
   Como eu a quero, aqui, agora.
   Tudo em mim está se mexendo, ganhando volúpia.
— Leonel, por favor! — ela me censura baixinho.
   Quando me dou conta da situação, estou arfando e beijando minha mulher, tomando posse dela.
— Estamos em público — resmunga num gemido.
— Vamos sair daqui.
— Ah, amor! A festa está começando agora.
— Não posso esperar, Esther — sussurro rouco.
— Você só pensa em sexo?
— Sexo, você, seu cheiro, sua delicadeza, seu corpo... Quero sexo com você o tempo todo, pena que...
— Leonel, comporte-se — ela se contorce em meus braços, porém não me faz parar.
   Ficamos por um tempo em silêncio, ouvindo apenas as músicas que o rapaz canta em cima do palco. A maioria das pessoas gritam e pedem bis, mas nós dois ficamos calados, vendo tudo.
  Ao abrir a boca para falar, um rapaz alto, musculoso e de porte “charmosinho” praticamente pula em nossa frente, um pouco eufórico.
— Esther!
   O rapaz sorri encabulado. O que isso? Fico ainda mais surpreso com a cena quando ele abre os braços, convidando minha mulher!
— Vicente!
   Ela se desvencilha dos meus braços — que estavam fluxos ao redor de sua cintura — para abraçar o tal Vicente. Quem esse cara pensa que é? Não está me vendo aqui?
   Observo, alheio à conversa dos dois.
— Vicente, o que está fazendo aqui?
— Eu é quem pergunto.
   Depois de um aperto na cintura de Esther, o rapaz a solta, mas pende as mãos nos braços dela, mantendo certa distância.
   Antes que eu pire, adianto-me:
— Esther, meu amor, vamos embora?
   Observo minha mulher fazer uma careta.
— Agora — ordeno com a voz grave, encarando-a.
— Mas eu mal conversei com Vicente! — apela, incrédula.
— E quem é você? — Vicente faz a pergunta diretamente para mim com um tom de voz seco, até autoritário...
   Ora, ora... Um moleque querendo me enfrentar. Bote esse cara no lugar dele, Leonel!
Hã... — me viro para ele (eu olhava apenas para Esther) — sou o ma-ri-do dela — enfatizo a palavra “marido” com o olhar mais duro, encarando o rapaz sem demonstrar medo. Chego a me aproximar dele, com as mãos atadas na calça jeans, impassível.
— Ah... Não sabia que minha vizinha de infância tinha se casado — ele também me encara, frente a frente, sério e carrancudo.
— Pois agora sabe.
   Ele ri com ironia.
— Qual é a tua, doutor?
— A minha? — rio também — Eu vou te mostrar qual é a minha.
— Então vem.
— Leonel, chega!
   Esther se coloca entre Vicente e eu, irritada.
— Você não disse que queria ir embora?
— Nós vamos, primeiro quero ensinar esse moleque a respeitar mulher casada.
   Vicente ri novamente.
— Eu disse chega — Esther me encara, séria demias para o meu gosto.
   Pelo visto sua festa acabou, Leo.
   Ela vira os calcanhares e pede desculpas ao amigo, que compreende.
— ... eu não queria revê-lo dessa forma — prossegue.
— Esther, eu entendo — ele toca o ombro da minha mulher e toma distância depois de um abraço.
— Te espero a qualquer momento, na casa dos seus pais. Ainda moro perto do morro.
— Claro, Vicente. Até mais.
— Até.
   Pego Esther pela mão e a conduzo para a rua sem paciência, com os passos acelerados na direção do carro.
— Você poderia ir mais devagar — indaga, alterando a voz. Deixo ela tagarelando até o estacionamento de carros, de propósito.
   Paro de andar e viro-me para ela, que acaba tombando o rosto no meu peito. Eu a observo, usando uma postura pétrea — Esther fica inibida com a minha mudança de humor. Eu a encurralo contra a lateral do meu carro (SUV negra) tão sério quanto a noite.
— Você está me dando medo — alerta choramingando.
   Não digo nada, apenas envolvo o rosto dela, firme, com as mãos. Olho para ela, perdido em ondas verde-esmeraldas.
— Eu te amo — sussurro à centímetros de sua boca.
   Noto o quão a deixei perturbada — ela chora devagar, vulnerável e impotente.
— Por que age assim? Por que não compreende que posso ter amigos homens?
— Eu não confio neles.
   Intensamente, desvio o olhar para a boca dela, fazendo um contorno com o polegar em seu lábio inferior.
— Você é minha. Não suportaria perdê-la.
— Mas você me tem...
   Levo a boca na dela e, lentamente a beijo, forçando seu corpo contra o meu e a porta do carro.
   Em uma fração de segundos, coloco a mão direita em sua coxa, levantando o vestido. Tenho o mais singelo prazer de explorar a perna dela, até a bunda, extasiado com a sensação.
   Não contento em deixá-la no chão, então a envolvo em minha cintura. Seus pés literalmente saem do chão, e ela apóia os braços ao redor da minha nuca.
— Leon... — geme ao sentir meu membro sob a calcinha. Só há panos nos interrompendo agora — minha calça e a calcinha dela.
   O intenso desejo de dominá-la aqui fala mais alto que a razão. Eu não resisto...

Nosso estúpido casamento - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora