Capítulo 12

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O médico chegou em casa do jovem Ashmore e foi logo recebido por Adelia. Rapidamente se encaminharam para os aposentos de Elliot. Uma vez que Adelia teve a decência de bater a porta antes de entrar, estes não tiveram de presenciar nada que não fosse da sua conta. Antes que entrassem Aurora recompôs-se pondo as sua face longe de Elliot. 

O médico cumprimentou Aurora com um beijo na sua mão e agradeceu a ela por prestar os primeiros cuidados antes da sua chegada. Depois olhou para Elliot como quem entendeu perfeitamente o que se passava. O médico estava até um pouco feliz pela situação lhe desvendar afinal quem era a senhora que ocupava os pensamentos do seu paciente.

- Meu caro Elliot, então pode me dizer o que sente? – enquanto dizia isto retirou da mala de médico alguns instrumentos.

- Penso que estou com uma gripe comum. Se não fosse pela minha saúde já muito fragilizada não haveria motivo para o incomodar. Penso que tenho uma febre muito alta, dificuldades em respirar e alguns ataques de tosse repentinos, embora tenham abrandado.

- Não existe perigo nestes resfriados comuns, mas para si é diferente. Se não for tratado correctamente, pode evoluir para algo muito mais preocupante - Enquanto a conversa desenrolava Aurora continuava sentada na cadeira ao lado da cama de Elliot, e a mão dele segurava na dela. - Vou auscultá-lo para saber até que ponto a doença evolui. Tire a camisa por favor, não precisa de se levantar da cama para já, fazemos a primeira parte da auscultação assim e posteriormente, para perceber melhor os sonidos respiratórios vou-lhe pedir que levante as costas da cama, pois como sabe será de muito mais fácil perceção.

Ouvindo isto Aurora quis-se levantar. Sentia demasiada vergonha para permanecer ali. Mas ao sentir a mão de Elliot apertar a sua, não foi capaz. Tinha lhe dito que ficaria com ele até se recuperar. E além do mais era apenas um exame médico. Não haveria nenhum tipo de censura que lhe pudessem vir a fazer por permanecer ali.

Elliot tirou a mão da de Aurora apenas para se despir. Voltou a deitar-se e Raphael auscultou-lhe o coração e a respiração enquanto lhe pedia que respirasse de uma certa maneira. Notava-se um ar grave e apreensivo na sua expressão. Durante todo o exame Aurora perdeu completamente o sentido de vergonha. Não porque tivesse desaparecido, mas porque estava preocupada com a expressão que via na cara do médico, e a sua única preocupação era saber o que poderia fazer para ajudar Elliot. No entanto, foi impossível não olhar o corpo do jovem, o seu peito e braços eram tão pálidos como as suas mãos e rosto. Mas apesar de ter uma constituição magra não deixava de ser perfeitamente proporcional e aprazível, poderia perfeitamente ser tido como uma corpo saudável, ainda que não o fosse. Apesar das feições e do corpo denotarem uma certa fragilidade, Elliot era realmente dotado de tudo o que é belo. 

- Não há dúvida de que se trata apenas de uma constipação comum. O problema é o que ela está a causar no seu corpo, nomeadamente no coração. Provavelmente já conseguiu perceber que apesar de apresentar um ritmo muito rápido, algo que é normal dado a sua condição, parece fraco e desprovido de força alguma. Isso dificulta também a sua respiração e por isso é que esse problema é tão notório. Mas não é caso para alarme. Se cumprir com as indicações que lhe mando, daqui por uma semana, nem isso, estará muito melhor. – Raphael parou para retirar três frascos da sua mala. – Deverá tomar estes dois remédios todos os dias, três vezes ao dia, por uma semana. Vão ajudar a curar a gripe e tornar a respiração mais fácil. Basta misturar num chá ou infusão. Quanto a este terceiro remédio, use apenas para dormir se necessário. É uma espécie de sedativo. É provável que com a febre e a tosse sinta dificuldades em dormir, mas sabe bem que o descanso ajuda o corpo a se tratar. Fora isso, deverá ficar em repouso absoluto e continuar a tomar os remédios que toma diariamente. Virei aqui todos os dias para acompanhar a sua recuperação.

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