Os pais de Aurora iriam permanecer em Inglaterra durante cerca de mês e meio, portanto só iriam embora no final de Setembro. Até lá, era ponto assente que iriam aproveitar o tempo o melhor possível. Na primeira semana em que lá estiveram, Elliot arranjou-se de maneira a ter tempo para confraternizar com os pais de sua esposa, e continuar a tratar da sua vida profissional. O bom, é que ainda era Agosto e não haveria muito que fazer, nem mesmo na cidade. As pessoas aproveitavam o tempo para o ócio, para a família, o lazer e o prazer de nada fazer.
A temporada de bailes ainda se desdobrava numa e noutra mansão ou casas de bom nome. Elliot e Aurora receberam alguns convites que depressa declinaram. Não era um ambiente que apetecesse muito a ambos, e como os pais de Aurora não se mostraram muito coniventes com a ideia nem se quer ponderaram.
Fizeram passeios pelos montes e campos que rodeavam a residência Ashmore, tanto a cavalo como de carruagem, por entre pradarias e encostas verdejantes que ainda tinham algumas flores que ainda não haviam secado do Verão. Elliot e Aurora conheciam todos os cantos e recantos daqueles locais e eram sem dúvida os melhores guias. Não que Glória e Juan não conhecessem a zona, a casa onde viviam anos antes, a casa de Aurora, não ficava assim tão distante quanto isso da de Elliot, mas no tempo em que habitaram a Inglaterra acabaram por não ter esse prazer tantas vezes assim,pelo menos não com aquelas despreocupação.
No final da primeira semana, Lucy e o seu marido, tal como o pequeno filho, já se haviam encontrado com os pais de Aurora que eram quase como família para eles também. Posteriormente, Elliot convidou-os a cearem com eles assim que tal lhes fosse possível, e tal convite foi aceite e concretizado alguns dias depois.
Na semana seguinte, Elliot já se encontrava relaxado o suficiente para conseguir levar uma conversa com o pai de Aurora. E a partir de uma certa altura, ambos conseguiam levar a conversa levemente e realmente sabiam que gostaram um do outro. Não por Juan ser o pai da sua esposa o, no caso de Juan, por Elliot ser o marido da sua filha, haviam chegado a conclusão que mesmo que nenhum laço familiar os unisse, se dariam muito bem. Elliot descobriu que talvez tivesse mais a ver com ele do que o aquilo que imaginava. Embora fossem figuras de forças físicas completamente díspares, eram ambos almas que se compadeciam pelas mesmas coisas, e por vezes demasiadamente bondosos.
Durante essa semana, tiveram oportunidade de viajar até algumas terras vizinhas conhecendo algumas casas que estavam abertas para visitas, como museus, e Juan teve a oportunidade de participar numa ou outra caçada com Robert, o qual já conhecia dos anos em que vivera em Inglaterra. Ficou extremamente contente por saber que eram da mesma família agora, mas nunca soube, nem chegaria a saber, de todo o tumulto que a sua filha causara, sem querer, no coração daqueles dois homens.
Numa noite na terceira semana, Juan se ocupou a desenhar com Aurora na sala, ele que a havia ensinando, a maioria das coisas pelo menos. Juan tinha um talento e um gosto especial pelas artes. A sua esposa estava num outro cómodo com Adelia trocando algumas ideias de seja lá aquilo que fosse. Glória não precisou que lhe dissessem, ela podia ver isso perfeitamente, que Adelia era quase como uma mãe para Elliot e sentiu necessidade de criar um laço com ela, e a governanta, rapidamente se compadeceu de aceitar. Elliot lia num dos cadeirões, embora não com muita atenção, depressa se deixava fascinar pelos desenhos tanto de um como de outro.
- Elliot, a caso o senhor não quer desenhar ou pintar também? – Interrogou Juan ainda olhando para o retrato que fazia da filha com um aparo e tinta da china.
- Ah não, não... faço-o raramente, e não com muita mestria. Aprecio-o observar tanto o processo como os trabalhos finais sem dúvida, mas, confesso que não é de todo a arte com a qual me entendo melhor no diz respeito a fazê-la.
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Um campo de Lírios Brancos
Narrativa StoricaO tempo é a era vitoriana, mais precisamente 1857, em Inglaterra. Elliot é um jovem herdeiro de uma família fidalga, recomendado pelos seus bons modos, pelas suas virtudes, pelas suas crenças humanitárias, e sua indulgência. No entanto, padece de...