No dia seguinte ao jantar com Robert, Elliot se decidiu a visitar Aurora ainda pela manhã. Teve a fortuna de esta se encontrar em casa, pois apareceu sem qualquer aviso prévio. Pensou em esperar que esta lhe escrevesse, ou ele próprio escrever-lhe, mas como era Sábado e possuía de tempo, e a viagem fazia-se menos de meia hora, decidiu fazer-se ao caminho, desta vez munido de carruagem.
Quando bateu á porta ninguém contestou. Decidiu contornar a casa até ás suas traseiras onde havia um bom campo de cultivo, parte para alimento, parte com flores. E lá estava ela. Envergava um vestido quase em trapos, muito velho, muito encardido. Certamente era usado para quando tratava dos seus jardins e cultivos. E mesmo assim Elliot não podia deixar de lhe apreciar toda a graça que lhe era conferida. Aurora se apercebendo da presença de Elliot ficou extremamente ruborizada e atrapalhada com a sua aparência, ainda que esta não provocasse qualquer desconforto ao visitante. Por esse motivo, mal o viu, cumprimentou-o muito apressadamente e foi se trocar.
Elliot se havia dirigido ali para convidar Aurora a passear com ele pela cidade. Com certeza haveria várias distracções e coisas para verem, já que já tinha tido o prazer de apreciar a paisagem bucólica com tão sublime companhia, queria agora também, experimentar os prazeres da cidade acompanhado da mesma pessoa. Ao início Aurora ficou renitente em aceitar. Se iriam sair juntos para a cidade as pessoas com certeza os veriam e começariam a falar. Era impossível não falarem. Por muito que ela não fosse uma pessoa da alta sociedade, ou minimamente rica, era relativamente conhecida pelas pessoas do povo, e até mesmo por vários burgueses que eram amigos dos seus mais variados serviços. Quanto a Elliot, certamente haveria pouca gente que não saberia de quem ele se tratava, ainda que nem sempre associassem o nome com o rosto. Aurora não queria ter de ouvir rumores infundados sobre a sua condição muito menos que a sua virtude fosse posta em causa. Mas uma vez, que na sua consciência, nada fazia de errado, aceitou por fim a sugestão do jovem.
Depois de se trocar, Aurora saiu de casa com uma saia clássica de um azul muito escuro, quase preto, usada na cinta por baixo dos seus seios, a blusa era de um azul muito suave. Nos seus ombros e braços trazia um lenço branco que fazia mais de adereço que agasalho. Tinha uma aparecia extremamente calma, respeitável, e de maneira nenhuma denegria a imagem do seu parceiro, muito pelo contrario.
Quando chegaram a cidade, e entraram a dentro das feiras e comércios locais, envoltos na azafama das vendas Aurora por fim proferiu:
- Fiquei tão feliz quando o vi hoje na minha casa. Peço desculpa pela falta de modos na altura, mas como não esperava ninguém, não estava de modo algum apresentável, e por isso me retirei tão abruptamente. Peço imensa desculpa por tais atos descuidados que possam ter induzido em erro a sua ideia do prezo que tenho por si. Fiquei realmente felicíssima com a sua visita. Aliás, hoje mesmo lhe escrevi, a convidá-lo para me vir visitar durante a tarde de Domingo. Costumo fazer um bolo ótimo acredite, gostaria de o partilhar consigo.
- Não se preocupe com isso. De modo algum me provocou desagrado com qualquer das suas atitudes. Mas não havia necessidade de se sentir envergonhada. Acredite que mesmo assim toda a beleza que lhe é conferida estava visível á mesma. – Elliot corava enquanto falava, e Aurora ao ouví-lo se ruborizava também. – Quanto ao outro convite, sem dúvida terei o maior prazer em aceitá-lo, mas digo-lhe que mesmo que tivesse recebido a sua carta antes de sair para a vir visitar, teria vindo á mesma.
- Recai em mim uma honra e um contentamento incomensurável com tais palavras senhor. Vou tentar com tudo aquilo de que sou dotada fazer um lanche aprazível, com todo o carinho, apenas para si.
- Fará de mim o mais feliz dos homens com tal gesto.
Continuaram a passear, e a conversar das trivialidades da vida. Comentavam aquilo que por ali se vendia e se comprava. As cores, os sons, as pessoas, a azafama do homem moderno. Viram algumas peças de exímios pintores de rua, e Elliot, ao se lembrar do gosto da jovem por desenhar e pintar deixou-se demorar para que esta pudesse apreciar com calma.
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Um campo de Lírios Brancos
Fiksi SejarahO tempo é a era vitoriana, mais precisamente 1857, em Inglaterra. Elliot é um jovem herdeiro de uma família fidalga, recomendado pelos seus bons modos, pelas suas virtudes, pelas suas crenças humanitárias, e sua indulgência. No entanto, padece de...