Capítulo 19

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Na manhã seguinte, Aurora acordou para se deparar com Elliot ao seu lado já acordado. Tinha os seus cabelos escuros um pouco bagunçados, e os olhos meios cerrados, certamente não teria acordado fazia muito tempo. Não pode deixar de eternizar aquela imagem na sua mente.

- Bom dia Elliot...– principiou a jovem meio a medo. – Já está acordado há muito?

- Bom dia Aurora...não, faz nem dez minutos. Mas parece que nos perdemos completamente nas horas. Já passa da uma da tarde.

- A sério?! O bom é que não combinei nada com nenhum negociante agriculta para hoje...Meu Deus, não é costume perder-me assim no sono.

- Pois, faço minhas as suas palavras. Mas sendo assim acho que ainda podemos aproveitar a tarde para nosso ócio. Parece-me estar um dia solarengo e muito agradável.

- Poderei aceitar o seu convite. Mas terei de pedir de novo a Adelia que me empreste aquele vestido. O vestido que me ofereceu é simplesmente divinal, eu não escolheria melhor, mas acho que não é apropriado para andarmos por aí a passear ou a montar.

- Claro Aurora, e não se preocupe que qualquer coisa lhe ficaria bem. Seria capaz de favorecer o mais feio dos trajes. - Aurora enrubesceu perante o elogio. E depois de ficarem um pouco naquele conforto preguiçoso do acordar, se levantaram.

Decidiram almoçar, já que já passava da uma da tarde, numa pradaria não muito longe. Prepararam, em conjunto com Adelia, duas cestinhas de pinho com comida, paninhos e toalha de piquenique. E como Aurora não tinha naquele momento o seu cavalo, Elliot emprestara-lhe um elegante corcel lazão que fazia parte das suas quadras. Cada um levava uma cestinha presa no arreio, iam a um trote lento para não correrem o risco das cestinhas caírem, mas mesmo assim, em meia hora, tinham chegado ao destino. Em pouco tempo tinham tudo pronto para começarem a sua refeição.

- Teve uma magnífica ideia quando sugeriu que viéssemos almoçar num sítio diferente Aurora. – Disse Elliot enquanto apreciava esse pequeno prazer.

- Ah sim...costumava fazer muito isto quando os meus pais cá estavam. Preparávamos tudo em casa e depois íamos a cavalo até aos campos com tudo atrás, e fazíamos um piquenique. Dá-me uma sensação algo nostálgica revier esta tradição sem eles presentes, mas por outro lado fico contente por ter encontrado com quem reviver algumas memórias.

- Como me disse uma vez, está sempre a tempo de construir novas memórias.

- É totalmente verdade Elliot... – Continuaram a refeição, e falaram sobre a noite anterior. O baile, os convidados, as divertidas danças, até que Aurora falou de Isabel.

- Adorei Isabel! Partilhamos imensos gostos e crenças. Gostaria realmente de aceitar o seu convite para nos deslocarmos á sua residência. Ela também desenha e pinta, gostaria de ver alguns trabalhos dela certamente.

- Tem toda a razão! Assim que voltar a casa lhe escreverei para combinarmos uma data. A próxima semana ainda terei alguns assuntos de trabalho importantes, mas poderemos ir lá no sábado. O que me diz?

- Seria perfeito! Se por eles não houver problema por mim também não. Não cheguei a conhecer o seu irmão Edward, mas por aquilo que me disse dele antes de chegarmos ao baile, acho que não poderiam ser mais diferentes.

Elliot ficou de novo afetado por o nome daquele homem surgir na conversa. Era normal, afinal Aurora não fazia ideia de nada do que se havia passado. Tentou não mostrar grande alteração ou preocupação na sua resposta.

- Sim, nada tem a ver um com o outro. Esse...homem, é tão insurreto que o próprio pai o chegou a banir de casa. Só permanece lá por interesses da mãe. – Não se conseguindo abstrair do que acontecera deixou a sua aflição tomar conta do seu rosto e das suas palavras. – Prometa-me que nunca conviverá com esse homem! Em nenhuma altura! Não confie em nada do que diz, nem tome nenhuma palavra proferida por ele como verdade!

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