Depois de realizada a cerimónia religiosa, o pequeno grupo dirigiu-se a casa de Elliot para poderem conviver e celebrar o resto do dia. Apesar de ter sido uma cerimónia recatada, foi impossível que a notícia não se fosse espalhando. A partir de uma certa altura, a meio da tarde, várias pessoas se dirigiram ao local para felicitar os, agora, senhores Ashmore. Por este andar, no dia seguinte, já quase todo o condado saberia, não necessitariam de informar os outros seus amigos e conhecidos que não estiveram na cerimónia. Quanto a Isabel e William, com quem tinham combinado encontrar-se no dia seguinte, decidiram enviar uma carta informando da boa nova, e portanto, adiando o encontro para outra altura.
Apesar do frenético entra e sai de pessoas desejando bons votos de casamento, só depois de toda a gente se retirar e de finalmente estarem sozinhos, é que Elliot e Aurora consciencializavam que eram agora marido e esposa.
Subiram para o quarto de Elliot, depois das refeições comemorativas terminarem, e sentaram-se um ao lado do outro na beira da cama. Estavam cometidos, em pensamentos, a pensar que seria agora a altura em que o casamento deveria ser consomando. No entanto, permaneciam numa vergonha, numa reserva, de quem não sabe por onde começar. A altura em que existiam, ditava que a maioria das pessoas permanecessem ignorantes em relação a estes assuntos, o que proporcionava estas situações constrangedoras. Aurora decidiu por isso dar á situação uma espécie de introdução e de confirmação dos seus próprios desejos como firmes e cometidos:
- Elliot...sou agora tua esposa. Como tal, não necessitamos de mais entraves e receios quanto aos nossos desejos. Desejo te tocar, sentir a tua pele pálida e suave na minha, e que as tuas mãos me agarrem com intenção, que os teus lábios me percorram o corpo queimando-me a alma... - Aurora levantou-se, e pôs-se de fronte para o seu parceiro. Levou as mãos atrás das costas e desapertou as fitas do vestido, que por sua vez não demorou a cair no chão. De seguida, retirou a crinolina, o corpete, e qualquer roupa interior que possuísse. Até estar completamente nua e descalçada. A sua pele morena beijada pelo sol resplandecia na luz ténue de uma candeia de parafina. O único adorno, cobertura, que tinha, eram os seus cabelos escuros que que caiam como uma mancha, tapando parte dos volumosos seios.
Elliot estava petrificado com a cena que via. Apesar da nudez completa da figura que se lhe apresentava de fronte, a inocência que tinha continuava-lhe completamente inerente. Ele desejava possuir o seu corpo integralmente, mas o anseio era de tão modo grande, que ficara petrificado no mesmo sitio onde estava, sem saber como agir. Já por uma ou outra vez, como qualquer ser humano, imaginara o corpo de Aurora despido de qualquer traje. Mas nenhuma representação imaginativa era se quer comparável á beleza e á realidade daquela. Sentia o seu coração a bater no seu peito, muito rápido, mas não como doutras vezes sentira, não por se sentir mal, pelo contrário. Mas antes que se levantasse para tocar a mulher na sua frente, Aurora beijou-o, e delicadamente o empurrou para que se deitasse na cama.
Em pouco tempo, também Elliot se despira de qualquer traje. Os seus corpos encontravam-se e encaixavam um no outro e procuravam o prazer que ambos proporcionavam como também procuravam a alma. A pele pálida de Elliot contrastava com os tons morenos de Aurora, e se este sentia um desejo completo e cometedor por Aurora, era sem dúvida reciproco o sentimento que Aurora tinha por si. Desejava-o com tudo aquilo que lhe era intrínseco, até mesmo as suas fragilidades.
Apesar de Aurora ter sentido um pouco de dor, o seu jubilo foi completo, eufórico, e depois sereno. Pousava agora a cabeça no peito de Elliot, que ainda respirava ofegante. Estavam os dois nus, por fora, e por dentro. Houve uns momentos em que continuaram sem nada dizer, e como que por decoro, Elliot achou que desta vez deveria ser ele a quebrar esse silêncio.
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Um campo de Lírios Brancos
Ficción históricaO tempo é a era vitoriana, mais precisamente 1857, em Inglaterra. Elliot é um jovem herdeiro de uma família fidalga, recomendado pelos seus bons modos, pelas suas virtudes, pelas suas crenças humanitárias, e sua indulgência. No entanto, padece de...