Aurora sentiu os lábios de Elliot pousando sobre os seus, num beijo receoso, mas terno e extremamente delicado. Os seus lábios eram macios e ainda com gosto de chuva. Conseguia sentir o cheiro dele envolto no seu cabelo. Respondeu ao beijo não fugindo do mesmo, dando a certeza ao jovem de que esta também o desejava. A mão de Aurora ainda pousava da face de Elliot com o lenço, e a mão esquerda do mesmo pousava na sua. Fazendo-a sentir o seu toque delicado. Naquele momento nenhum dos dois desejava mais nada do que aquilo, a simplicidade e a plenitude daquele beijo era mais do que suficiente para demonstrar os afetos recíprocos de cada um deles. Elliot decidiu então voltar a separar os seus lábios dos dela e agarrar as mãos de Aurora firmemente nas suas para falar:
- Aurora, poderia pedir desculpa por este ato impulsivo... Mas não o farei. Sei, pela sua reação que o desejava tanto quanto eu... Quando a vi aproximar-se tanto de mim, limpando-me o rosto,sentindo o seu odor e ternura, foi impossível para mim controlar a vontade que tinha de a beijar.
Aurora estava tremendamente envergonhada, mas não conseguia deixar de mirar os olhos azuis de Elliot. No entanto, quando o seu momento de falar chegou, teve de os desviar, fitando antes o chão.
- Sem dúvida que também o desejava. O senhor despertou em mim sentimentos que não antes havia conhecido. Desejo passar tempo consigo, falar consigo, observá-lo, cuidar de si e...tocá-lo, beijá-lo, senti-lo...
Elliot não esperava uma resposta tão sincera, tão exposta, de certa forma tão ingénua. A todos os momentos os seus sentimentos cresciam. Agarrou Aurora envolvendo-a num abraço, para só depois se lembrar de que estava completamente molhado pela chuva ainda. Mas esta não se importando, retribui-lhe o gesto com mais força ainda.
Estiveram alguns minutos assim e depois disso saíram da carruagem. Era uma viagem curta, certamente, tudo o resto que tivessem a falar ou a demonstrar seria agora feito em casa de Elliot.
*
Adelia, mal os viu entrar completamente encharcados, não pode deixar de reprimir Elliot por tão insensato comportamento, apesar de ser o seu amo, muitas vezes ela comportava-se como uma mãe. Mas só depois notou que a mão de Elliot agarrava a de Aurora. E depressa percebendo o sentido das coisas não se demorou a simplesmente preparar roupas limpas para ambos e tolhas para se secarem. E rapidamente saindo para ordenar a preparação de algo para o seu amo e a jovem comerem.
Separam-se apenas para se trocarem. Elliot tinha no quarto as toalhas e roupas limpas. Ao passo que se trocava, sentiu o seu corpo mais quente que o habitual e um pouco de dificuldade em respirar, mas achou realmente que não seria mais do que algo criado no seu psicológico. Aurora fora levada a um dos quartos de hóspedes onde a esperava um conjunto de toalhas e um vestido branco simples com pequenos bordados de flores. O vestido já era bastante antigo, mas Aurora não pode deixar de o achar maravilhoso. Era um dos vestidos de Adelia, apesar de já estar "fora de moda", pois fora da governanta quando tinha a idade de Aurora, esta não pode deixar de pensar que este lhe ficaria esplendidamente. E como naquela casa não havia muito mais roupas femininas, teria de servir.
Reuniram-se depois na pequena e confortável sala onde Elliot muitas vezes fazia as suas refeições, ambos envergavam mantas quentes e refinadas que aqueciam os corpos depois da grande molha.
- Espero que se encontre confortável e quente Aurora.
- Não se desassossegue, de nada me posso queixar. Até porque não fui eu quem se molhou mais. Certamente o senhor estava bem mais encharcado que eu. Não devia ter-me dado o casaco.
- Oh, não volte a referir isso. Fi-lo porque quis, e se o tivesse de fazer faria de novo. – Elliot agarrou a mão de Aurora. – Estou demasiado contente para lhe conseguir exprimir o prazer que sinto. Espero que consigamos tirar do resto do dia o melhor proveito possível. E quem sabe não me poderá recompensar pelo casaco com outro beijo.
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Um campo de Lírios Brancos
Fiksi SejarahO tempo é a era vitoriana, mais precisamente 1857, em Inglaterra. Elliot é um jovem herdeiro de uma família fidalga, recomendado pelos seus bons modos, pelas suas virtudes, pelas suas crenças humanitárias, e sua indulgência. No entanto, padece de...