Quando Elliot chegou a casa, Adelia logo o informou do que havia combinado com o seu primo, e este prontamente lhe agradeceu o que havia feito, e que não haveria problema nenhum em recebê-lo para jantar no dia seguinte. Depois disso Adelia entregou-lhe uma carta que chegara para ele da menina Elionor Brewer.
A carta ditava o seguinte:
Meu bom e querido amigo Elliot
Penso que já te encontras informado sobre o baile que haverá aqui em minha casa na sexta feira. Já mandei previamente uma carta com essa informação endereçada á tua residência. Mas como não recebi qualquer resposta da tua parte volto uma vez mais a descuidar o meu próprio decoro, bom senso e orgulho, para tu pedir outra vez. Seria uma honra incomensurável poder receber-te, caro amigo. Não consegues se quer imaginar metade do prazer que me darias.
Não vão atender muitas famílias se é isso que te apoquenta, decidimos organizar apenas um pequeno convívio, sabes como gostamos de companhia. Estaremos nós, os Brewer, portanto, os meus pais, irmãs e irmãos, e os que se encontram casados, com os seus respetivos conjugues. Para além disso vamos receber os Harrison, alguns membros dos Philips, e a família da Gwen, os Hale. Presumo que ainda te lembres dela.
Gostaria muitíssimo que também estivesses presente, assim como Robert e os seus irmãos. Com os quais já contactei e declinaram o convite. Por isso meu bom amigo pedia que reconsiderasses a tua posição.
Espero que se encontre tudo perfeitamente bem contigo, que os negócios continuem a correr como sempre tenham corrido, mas principalmente, que a tua saúde se encontre o melhor possível.
Tua, muito sinceramente, Elionor
Elliot não ficava minimamente comovido ou afetado pelas palavras de Elionor. O tempo em que isso acontecera certo já tinha passado fazia muitos anos. Quando eram crianças a afeição que Elliot tinha por Elionor era realmente genuína. Gostava da companhia dela. Mas depois de ambos crescerem e formarem os seus próprios carácteres, depois de Elliot estudar, essa afeição tinha se dissipado por completo. Apenas mantinha o contacto por pura cordialidade e respeito pelas relações entre ambas as famílias. Sabia o quanto Elionor lhe dedicava as suas afeições e sabia que as suas preocupações eram verdadeiras. Mas no seu intimo não via a hora de testemunhar que esta se comprometesse com algum fidalgo que a pudesse fazer feliz, e assim se desapegasse por completo de todos os seus sentimentos não correspondidos. Por nenhuma vez Elliot insinuara que poderia corresponder ás suas vontades, no entanto, esta construía ilusões na sua mente, que se confundiam com a realidade, e uma pequena parte dela, acreditava que realmente conseguiria um dia conquistar as inclinações de Elliot.
Sem grandes devaneios, mas com o devido decoro, e em poucas linhas, Elliot declinou o convite afirmando já ter outros compromissos. O que de facto não era mentira. Desculpou-se por não escrever nenhuma resposta á outra carta, acreditando que só o facto de não a contestar já devia valer como uma resposta. E depois de entregar a carta para que fosse enviada, nem se quer se ocupou a pensar um minuto que fosse no assunto.
*
Jantou modestamente, pensando no dia encantador que tinha partilhado com Aurora. Oh como era primada a sua companhia. Que beleza idílica e exótica. Nunca o mundo vira nada como Aurora, de trabalhos tão rudes ainda que tão pura e inocente. Conversar com ela era natural e fluido, e quando não havia nada para dizer, quando os sossegos da fala se davam, não eram de modo algum desconfortáveis, muito pelo contrario. Podia partilhar com ela horas de silêncio, que de modo algum seriam entediantes.
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Um campo de Lírios Brancos
Ficción históricaO tempo é a era vitoriana, mais precisamente 1857, em Inglaterra. Elliot é um jovem herdeiro de uma família fidalga, recomendado pelos seus bons modos, pelas suas virtudes, pelas suas crenças humanitárias, e sua indulgência. No entanto, padece de...