Oito

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Com sorte, chegamos em casa antes da chuva realmente apertar. Descemos do barco e graças a proteção estar aberta conseguimos entrar no hall sem nos molharmos. O rosto de Olivia era um enigma, não sei se era apenas pela chuva que ameaçava piorar ou por algo mais. Lopes desce conosco e diz:

— Senhor Estevão, que horas eu volto amanhã?

Voltar? Isso implicaria em que ele deveria ir, e eu não poderia permitir uma coisa dessa, seria imprudente navegar com essa chuva. Mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a voz de Olívia soa horrorizada atrás de mim.

— Me desculpe, mas qual é seu primeiro nome Senhor Lopes?

Lopes aterrorizado com a ideia de que Olívia pudesse o chamar a atenção por algum motivo, diz com a voz instável:

— Eduardo Lopes, senhora.

— Então Eduardo, não é necessário me chamar de senhora, Olívia está ótimo — ela diz estendendo as mãos para Lopes que a pega receosa — E é claro que você não vai voltar! Você vai ficar aqui conosco até a chuva passar, não é Estevão? — ela decreta se virando para mim — Tenho certeza que deve haver algum quarto para acomodar o senhor Eduardo nessa casa gigante.

O respeito adquirido pela Olívia está nos olhos de Lopes, acho que ela o conquistou de alguma forma. A preocupação nos olhos de Olívia é pura e eu posso ver isso. Conhecer mais esse lado dela é gratificante. Se fosse alguma outra qualquer, só por serem de classes sociais diferentes, não iria se importar de maneira nenhuma com um funcionário, e muito menos insinuar que o mesmo dormiria em um quarto sob o seu próprio teto. Saber que ela não é esse tipo de mulher faz ela subir em mais um nível do meu coração. E eu tenho medo que se tratando dela, ela já tenha subido em muitos.

— Com certeza Lopes, você deve imaginar que eu nunca iria permitir isso. — digo.

— Eu já imaginava senhor! Mas eu deveria perguntar de toda maneira. — exclama Lopes — De toda forma, então ficarei no reservado atrás da casa para visitas se o senhor não se importar.

— Pois bem, se isso lhe deixar mais confortável, tudo bem! Até amanhã!

— Até amanhã senhores! — Lopes diz.

— Até amanhã Eduardo, boa noite! E obrigada por nos trazer até aqui. — diz Olívia animadamente.

Entramos na casa e devagar acomodamos nossas malas em seus devidos lugares. Como eu não quero dar a impressão a Olívia que ela tem alguma obrigação sexual ou emocional comigo, eu escolho a colocar num quarto separado ao meu. Tudo bem que o dela é exatamente ao lado, no mesmo corredor, mas em outro lugar. Não que eu quisesse que ela ficasse distante de mim, mas eu não gostaria que ela se sentisse pressionada a alguma coisa.

Para nossa sorte, depois de nos acomodarmos, uma tábua de queijos nos aguarda na cozinha. Olívia desce pela escada que já dá no espaço entre a cozinha e a sala, e vai direto nos queijos.

— Nossa que delícia! Eu amo queijo!

— Eu também gosto. Vamos comer aqui mesmo?— pergunto.

Olívia olha ao redor e para os olhos na sala onde os sofás formam um quadrado com o local onde a tv está. Ela vira para mim, e diz:

— Seria bom se sentássemos lá e víssemos televisão...

— Mas é claro! — digo

Nós levamos a tábua e os objetos necessários para a mesa de centro, ao concluir de levar tudo eu me dirijo para a adega onde pego um bom vinho.

— Trouxe para nós.

Os olhos de Olívia brilham. Ela estava sentada descalça em meu tapete com os cabelos bagunçados, parecia confortável e inegavelmente atraente. Mas puta que pariu, Estevão, em todo momento para você ela está atraente! Olívia pega as taças de minha mão e as deposita na mesa.

Nós devoramos os queijos, e matamos quase meia garrafa de vinho. Olívia era boa para beber, e tinha uma excelente resistência ao álcool. Algum tempo se passa e nem percebemos. Chegou a hora de dormir.

— Vamos subir então? — digo.

— Ah sim vamos! Preciso de um banho!

Um trovão soa lá fora e Olívia leva um susto. Prendo o riso, mas é inevitável! Liv olha na minha cara e parte para cima de mim me dando tapas de brincadeira.

— Seu filho da puta! Eu detesto isso!

Olívia me fez subir as escadas de baixo de seus tapas, e dos risos que eu dou. Ela me xinga de vários nomes e tudo que eu sei fazer é rir.

Ao chegarmos na porta do quarto dela, Olívia se vira para mim e diz:

— Então é isso, boa noite Estevão... até amanhã.

A boca dela se abre, e eu acho que ela dirá alguma coisa, mas então se fecha novamente e ela fica em silêncio esperando a minha resposta.

— Boa noite Liv, até amanhã.

A porta do quarto de Liv se fecha e tudo que eu penso é: porque eu não falei para ela que eu a queria? porque? eu quero estar com ela, ficar com ela, mas o medo de pressioná-la a fazer algo que não quer é maior e eu me viro indo em direção ao meu quarto.

Eu entro em meu quarto e a parede de vidro com vista para o mar está fechada. Droga. Eu adoro ver a chuva, os relâmpagos... Mas a frustração em mim é tão grande que resolvo nem abrir o painel. Coloco meu celular para carregar em minha cabeceira e entro no banheiro a fim de tomar um banho rápido. A terminar o banho me seco com mais agilidade possível, e coloco apenas uma cueca e vou me deitar. Ao deitar-me na cama, pego meus fones de ouvido e meu celular e começo a ouvir música. As luzes azuis do quarto estão acessa deixando o ambiente mais pacifico.

A chuva está cada vez mais violenta e os relâmpagos e trovões ecoam por todo o lugar. Penso em Olívia no quarto ao lado com medo. Minha vontade é de ir lá, mas não posso simplesmente aparecer em seu quarto. Posso? E como se eu estivesse materializado a mesma, Olívia bate à porta e sussurra:

— Estevão, você tá acordado ainda?

— Sim, pode entrar.

Eu estava esperando qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Menos o que apareceu naquela porta. Olívia estava como uma deusa, em uma camisola de seda que abraçava as curvas de seu corpo, com uma fenda gigantesca que me dava uma boa visão de suas pernas, com seus cabelos soltos e volumosos criando uma áurea em volta dela. Eu estava tão embasbacado que quase esqueci de agir, mas então como um estalo eu acordei do transe e disse:

— Sim Liv, posso te ajudar?

Ela olhava para mim e para a gigante cama no qual eu me encontrava. Então um trovão soou e ela quase saiu de dentro das roupas. Ela então sorri nervosa e diz:

— É isso, trovões... não consigo dormir.

Hummm. E agora? O que eu faria?

— Bem, ajudaria se você dormisse aqui comigo?

Ela me olha e posso sentir seus olhos pararem em meu torso nu. Vejo que ela engole a saliva e diz em sussurros:

— Acho que sim...

Ela anda devagar em minha direção e a fenda de sua camisola se abre a cada passada de pernas. Como eu gostaria de beijar cada centímetro exposto ali. Olívia tira o edredom da outra parte que estava desocupada até então e se deita ao meu lado. Ao vê-la chegar, tiro meus fones e os ponho junto com meu celular na cabeceira. Me viro para ela, e para minha surpresa ela já estava virada para mim. Seus lábios estavam separados e o decote de sua camisola agraciava seus seios. Sinto algumas partes de meu corpo correspondendo aos estímulos involuntários, ou não, de Olívia, e a vontade de ter ela cresce. Ela aproximasse mais ainda de mim na cama e nossos corpos se encostam, a descarga elétrica que sinto é demais.

Eu preciso dessa mulher. E eu vou tê-la.

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora